C3- Árvore Seca.

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Sempre existe o momento em que a ficha cai.
Acontece quando você enfim abre seus olhos para um fato ocultado por sua percepção, quando a anestesia acaba, quando nos damos conta de algo que sempre esteve embaixo de nossos narizes, é quando acontece o famoso clique.
Este momento vem como uma flecha certeira, cai como um lindo vaso despencando até tocar o chão, mas naquela hora a única coisa ameaçando cair era chuva.

A fria massa de ar se enrolava entre os cabelos longos de Victoria os estendendo suavemente pelo ar.
O vento soprava e o céu garantia total instabilidade naquela hora, ocultava todo seu azul com as nuvens carregadas que lançavam-se como lençóis. Loyal escolheu o lugar perfeito para explicar tudo que vinha acontecendo, era a praça principal da cidade. Mas não se engane, "principal" não fazia jus ao movimento daquela pouco frequentada praça.

Talvez o fato da escassez de pessoas fizesse com que a beleza se mantivesse, afinal nem todo mundo se sente confortável passeando a um quarteirão do cemitério. As árvores cresceram em volta do pequeno lago ao centro da praça, tendo uma ponte de madeira ligando uma ponta e outra da porção de água, longe do lago, calçamento ladrilhado com mesas de madeira faziam com que aquele lugar de tornasse um lindo refúgio.
A única coisa triste ali era aquela enorme árvore seca, seus galhos se ramificavam em vários, e neles, pássaros faziam seus ninhos, uma árvore morta servindo como berço da vida.

-Então você quer que eu acredite nessa história de que você é o responsável por minha mãe estar em um hospital?

-Eu sei, isso não faz o menor sentido, mas são muitas coincidências, não dá pra ignorar! - Loyal apoiou seus cotovelos sobre a mesa de madeira.

Victoria esfregou sua mão nos olhos e com decresça nitidamente estampada em sua face dirigiu seu olhar para o garoto confuso.

-Loyal... -Disse colocando a única mecha loira de seu cabelo atrás da orelha antes de continuar.- Eu entendo que você tem passado por muitas coisas, a única pessoa que você confiava está em um hospital assim como minha mãe, eu te entendo, sempre nos culpamos por essas coisas, "se não tivesse feito isso", "se não tivesse falado aquilo", sim eu sei como você se sente, mas é preciso por o pé no chão e encarar os fatos.

-Você não está entendendo. Sua mãe foi minha cobaia. Sem eu saber infelizmente ela foi. Pensei que estava enlouquecendo, talvez eu esteja, mas aconteceu, Victoria os freios do carro da sua mãe pararam de funcionar!

-Loyal! Existem milhões de carros brancos nessa cidade! Isso é paranoia!

-Quantas Bmw 320i's brancas existem por aqui!?

-Existiam...

Loyal olhou para Victoria com o rosto levemente inclinado até entender a infeliz piada.

-Eu não acredito que vou chegar a ponto de pedir isso, mas então me dá uma prova, faz algo acontecer por aqui. - Pediu Victoria.

-E causar outro acidente?

-Acha que só funciona para causar acidentes?

-Eu não sei...

-Então coloque seus poderes em ação Oh grande mago Merlin! - Disse Victoria.

Loyal estava tenso, ele se sentia confuso em meio aquilo tudo, nada fazia sentido, mas tudo acontecia. Enxergava de longe uma explicação que ele mesmo teimava a crer que fosse verídica, seriam suas palavras responsáveis por todo esse vendaval?

Se sim, isso não só colocaria em cheque um universo de possibilidades quanto também alguns quilos a mais em suas costas por conta dos desastres que - definitivamente - passariam a ser sua culpa.
Era algo simples a se fazer, porém as borboletas ganharam permissão para voarem livremente em seu estômago.
Seus olhos passeavam buscando quaisquer conceitos quanto ao que causar com sua voz.

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⏰ Última atualização: Jan 24, 2019 ⏰

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