Felizes para Sempre? - Livro 3 - O Recomeço.

O passado incomoda.

Thay.

Cheguei 10 minutos adiantada na empresa Stanley, para ajudar a Hannah a aprontar a sala de reuniões, apesar que alguns funcionários já tomaram precauções de deixar café e chá na bandeja perto da mesa oval.

- Você acha que eles irão gostar de nossas ideias? - perguntou Hannah.

- Hannah, só ter calma e confiança. Fizemos muitas vezes esse tipo de reunião, então vamos conseguir. - acalmei-a e ela sorriu confiante.

Não demora muito para Megan ligar e dizer que os sêniors chegaram. Eu e Hannah trocamos olhares e assentimos, autorizei a Megan a trazê-los para a sala de reuniões, e assim foi feito.

O primeiro a entrar foi um senhor de meia idade, baixinho, mas com muito cabelo branco e um sorriso simpático, atrás dele um homem de porte forte e confiante, apertei-lhe a mão com confiança e o mesmo sorriu caloroso, mas não me intimidou. O que me fez perder o ar foi o último sênior.

- Augusto? - e o homem de porte mediano, com cabelos cacheados e olhos amendoados sorriu ao me ver e estendeu a mão.

- Que prazer reencontrá-la, Thay.

Merda!

Depois de todos acomodados, e eu tentando buscar o ar, Hannah começa a reunião. Iniciando sobre as escritoras jovens que conseguimos na feira de livros, e sobre a capacidade de todas para escrever e elaborar os livros de ficção a modo que eles gostam. Mas eu sentia os olhos quentes de Augusto em mim. Como ele conseguiu vir para Londres? Como ele se formou em parte literária? Me lembro quando nos conhecemos, ele mencionou que odeia literatura. Então porque optou por essa profissão?

- O que acha, Thayná? - perguntou Hannah, e me vi em apuros. - Sobre envolver um drama nas ficções? - ah sim, ela me salvou dessa!

- Ah sim, claro. Seria uma boa ideia, contando que as escritoras não venham a exagerar no drama colocado na história.

- Sendo que há mistérios também. - acrescentou Augusto. - Isso enriquece a história e a inteligência da escritora, aumentando e instigando a curiosidade do leitor.

- Exatamente. - concordaram os sêniors.

- Perfeito, falaremos com as escritoras, e entro em contato com vocês. - disse Hannah. - Se quiserem levar algumas cópias de livros das escritoras, para uma análise, seria muito bom. - sugeriu. Observei as reações deles, e fiquei presa no olhar de Augusto.

- Thayná, o que você sugere? - perguntou ele sorrindo.

- Sugiro que vocês aceitem a sugestão de Hannah, essas escritoras tem potencial. - o sorriso dele diminuiu, mas os olhos estavam em brasa.

Após que eles foram embora, entrei em minha sala e me joguei no assento. Meu Deus, que reunião foi essa?

- Thay, posso entrar? - perguntou Hannah.

- Sim, claro. - Hannah está com o rosto confuso e se sentou na cadeira a minha frente.

- O que houve?

- O que?

- Na sala de reuniões, o que houve?

- Nada.

- Nada? Você e aquele sênior, Augusto, ficaram entre olhares. - disse assustada. - Vocês se conhecem?

- É uma longa história, mas admito que foi um choque em revê-lo novamente.

- É um ex namorado? - perguntou curiosa.

- Não Hannah, só foi uma apaixonite de adolescente.

- Ah... ele ainda mexe com você?

- Óbvio que não! - dei risada. - Ele é passado, eu amo o Henry.

- Ufa, ainda bem, porque esse Augusto é um partidão.

- É, nisso devo concordar. - sussurrei.

Na hora do almoço, fui á uma lanchonete. Pedi uma refeição simples, pois não estava com muita fome. Fiquei a pensar sobre Augusto e pensando que iremos nos ver muitas vezes daqui em diante.

O meu pedido chegou, e não demorou muito para o meu celular tocar. Pegou ele e vejo o nome de Phil na tela. Sorrio feliz e atendo.

"Oi vadia!"

"Oi Phil, como está?"

"Na mesma, cheia de alegria e purpurina na minha vida."

Tive que rir.

"Como vão as crianças?"

"Crianças? Deixaram de ser, minha amiga. Eles estão na fase de querer colocar as asas de fora. Comigo isso não pega."

"Você sendo a mãe durona deve ser uma comédia."

Rimos.

"Olha quem fala, a mamãe coruja. Mas me diga, como está você, o bigodes e a pinguinho?"

"Ah estamos bem."

"Só?"

"O que você quer saber exatamente, Phil?"

Perguntei dando uma garfada no frango. Hm... uma delícia.

"Se você e o Hank estão naquele mesmo fogo, vadia."

Engasguei com a comida, atraindo atenção de alguns clientes.

"Nossa Phil, você não mudou."

"Não mesmo, agora responda!"

"Está fora do nível."

"Uaaau, e eu pensando que só eu quem estava a pôr os gritos para fora."

"Phil!"

"Mudando de assunto, estarei em Londres na próxima semana. Quero te ver."

"Oh que maravilha! Tenho um compromisso na sexta que vem, você está convidado e pode me maquiar?"

"Festa? Estou dentro, querida. Claro que posso te maquiar."

"Perfeito!" - Olhei as horas e fechei os olhos lamentando sobre o término do horário de almoço. - "Phil, vou ter que desligar, tenho que voltar para o trabalho."

"Ok, viada. Manda um beijo para a Hayley e um aperto no saco para o Hank."

Ri mais uma vez. Adoro a diversão de Phil, contagia a todos á sua volta.

"Pode deixar, irei dar sim."

"Aperta bem!"

"Credo Phil!"

Voltei para a empresa aliviada por não ter caído uma chuva, pois o céu estava fechado demais. Entrei em minha sala e comecei a tratar dos novos livros a serem lançados e avaliados.

Avaliando um livro de Katherine Stan, e realmente envolvida pelo mistério da morte de sua melhor amiga, levo um susto com o toque do telefone. Paro de ler e atendo.

- Sim?

Nada. Silêncio.

- Alô? - perguntei mais vez e nada. Não demorou e começou ruídos de algo em paredes, e acabei desligando. Quem poderia fazer um trote desses? Imbecis.

Na hora da saída, tive que ir com o meu carro. Tomei o grande cuidado para não deslizar pela estrada. E fiquei a vagar pela reunião de hoje e em Augusto. O que tivemos no passado foi até bacana, ele sempre foi presente e um amor de pessoa, mas não demos certo, porque a distância atrapalhava demais. Mas pelo que estou vendo, ele não está tão longe assim, e algo está me incomodando.

Será que os meus sentimentos pelo Augusto estão voltando a aflorar-se?