Dever de Pai.

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Henry.

21:00 da noite e nenhuma notícia da Hayley, consegui extrair de Harper que a minha própria filha mentiu pra mim. Como ela pôde fazer isso? E a nossa confiança? Isso ela terá que explicar. Será que há algum garoto no jogo? Não, senão ela contaria para a Thayná ou para a Harper, mas se ela mentiu pra mim, com certeza pode estar escondendo algo.

Exatamente faltando 4 minutos para as 22 horas, decido eu mesmo ir atrás de Hayley, foi quando abri a porta e vi a mesma com o pulso estendido para bater na porta. Na mesma hora, Hayley ficou pálida, fazendo seus olhos parecerem mais azuis.

- O-oi pai. - sussurrou.

- Entra Hayley. - falei firme, e ela rapidamente acatou a minha ordem.

Ela foi andando de cabeça baixa até a sala como eu mandei, não queria contar da surpresa agora. Assim que adentramos o recinto, Thay mirou a nossa filha com certa reprovação.

- Por onde andou, mocinha? - perguntou. Hayley olhou ao redor e viu que todos estavam com caras fechadas e soube que não teria ajuda.

- Eu... eu... - começou a gaguejar e me vi com os meus 15 anos, quando os meus pais me interrogaram por suspeita de drogas. - Por aí.

- "Por aí"? - exclamou Thayná incrédula. - Hayley, sabe que horas são? Sabe o quanto ficamos preocupados? O que passou na sua cabeça?

- Mãe...

- Escuta a sua mãe. - repreendi e ela ficou em silêncio.

- Me responda, Hayley! - pediu Thay.

Vi os ombros da minha filha tremerem e logo soluços ficaram altiveis.

- Me diga você mãe! - explodiu. - Me diga da promessa de não cometer os mesmos erros da vovó e da bisa! - dito isso ela saiu correr e subiu as escadas. Olhei para a minha esposa, e lá estava ela. Perdida e triste.

- Hayley... - chamou ela segurando o choro. Andei até ela e a interrompi.

- Amor, deixa comigo. - pedi e ela assentiu.

Subi as escadas e sabia aonde Hayley estaria. Meu quarto, onde hoje é o seu. Parei em frente a porta e vi que estava entreaberta. Respirei fundo, pedindo a Deus para que ela não me mande ir embora, e finalmente bati. Nenhuma resposta. Bati novamente.

- Quem é? - perguntou ela aos prantos.

- Juro que não é o Batman.

- Então pode entrar. - respondeu aos soluços.

Abrindo a porta, vi que o meu quarto não era mais meu, e sim, bem preto e vinho. Não culpo a minha filha em ter esses gostos de adolescentes, mas me sinto numa prisão vampírica. Mas não deixei isso me abalar, e fui andando a passos lentos até a pequena menina de cabelos longos e negros, sentada no chão, encolhida aos soluços. Hayley.

Sentei-me ao seu lado e fiquei em silêncio. Dois minutos e mais minutos e silêncio, até que os soluços dela passou a ser parte do silêncio também.

- Vocês esqueceram o meu aniversário. - sussurrou. Ah, então é isso! Sorri. - Pai, não tem graça! Vocês nunca esqueceram!

- Por isso você não matou a jogada. - rebati e ela arqueou uma sobrancelha. - Filha, se durante 14 anos não esquecemos o seu aniversário, porque esqueceríamos o 15º? - perguntei analisando a fisionomia da minha menininha. Foi aonde ela começou a ficar mais chateada e voltou a chorar.

- Fui injusta com a mamãe. - falou entre os soluços. Acariciei seus ombros e automaticamente ela veio para os meus braços e tombou a cabeça em meu peito e se pôs a chorar.

- Calma, filha. Infelizmente cometemos erros com pessoas que amamos.

- E você, já errou?

- Muitas vezes, muitas mesmo.

- Será que a mamãe vai me perdoar? E você, pai? - abaixei o meu olhar e encontrei um par de olhos iguais aos meus.

- Somos imperfeitos, filha. Teremos que ser verdadeiros, pelo menos.

- Conheci um garoto.

E a verdade veio á tona!

- Hã... um garoto? - perguntei tentando manter a calma e a mente complexa.

- Sim, ele foi bem reservado.

- Sabe o nome dele, já o viu por aqui? - perguntei naturalmente.

- Não e não. Vamos dizer que fui para o interior de Londres, então ele deve ser de lá, e pode ser o jeito dele ser reservado. - cochichou ela.

- Você é igual a sua mãe.

- Por que?

- Por que só tromba nas pessoas. - ela riu e eu logo eu estava acompanhando.

- Na verdade, pai, ele caiu de uma árvore na minha frente. - disso tive que rir muito. - Pai, é sério!

- E eu acredito. - falei entre os risos e ela revirou os olhos.

- Só sei que ele é muito bonito e com o humor balanceado. - comentou.

- Por isso que quero que você namore aos 30 anos.

- PAI!


Depois de conversarmos e ela me pedir segredo sobre o esconderijo dela, decidi conversar sobre o seu erro e ela consentiu em aceitar um castigo. Sem vídeo game, sem Netflix e sem celular por uma semana. Com isso concordado, descemos para a sala e lá vimos todos, menos Thayná.

- Ela está na estufa, querida. - comentou minha mãe. Olhei para a minha filha abraçada a mim e lhe dei um sorriso encorajador.

- Vai lá e arrasa. - disse. Hayley sorriu e assentiu, para depois ir encaminhando para encontrar a mãe.

Nisso, senti uma mão fina em meu braço. Olhei para um par de olhos azuis que herdei.

- Você fez muito bem, meu filho. - elogiou minha mãe.

- Bem, elas são as minhas mulheres, certo? - ela começou a rir.

- Oh querido, claro que são e que assim seja por muitos anos.


Aproveitamos que elas estavam conversando na estufa e elaboramos a festa surpresa. Agradeci mentalmente pelos os meus irmãos pensarem e esconder o bolo e alguns doces e salgados.

Faltando acender as velas, vi as duas lindas mulheres caminharem de braços dados e dando risada de algo.

- Elas estão vindo. - avisei.

Charles acendeu rapidamente as velas e meu pai apagou as luzes, nos arrumamos em lugares para que Hayley não nos visse por enquanto.

Foi quando....

- SURPREEEESAAAAA! - gritamos quando elas entraram. Thayná ficou observando a reação de Hayley que estava com brilho nos olhos e um sorriso escancarado, e eu? Observando a felicidade e o brilho da minha esposa.

Foi quando me vi mais apaixonado pela a mulher que tenho.


Felizes para Sempre? - Livro 3 - O Recomeço.Onde histórias criam vida. Descubra agora