Papinho de sogra para genro.

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Thay.

Hayley dormiu em meu colo em menos de 30 minutos. O silêncio tomou conta do ambiente escuro e frio. Henry estava sentado em nossa frente acariciando o joelha da nossa menina.

- Preciso ir atrás dele. - falei.

- Não mesmo. Fique com Hayley, eu vou atrás dele.

- Só porque é homem? - ele inspirou com força e vi seus olhos faiscarem. - Eu tenho que dizer umas coisas pra ele. Eu preciso ir! - insisti e ele soltou o ar.

- Deixe-me ir com você. - pediu.

- Não. Tenho de ir sozinha. - ele me ajudou a colocar Hayley na cama e a cobrir. Minha linda filha de olhos inchados e um pouco pálida, mexeu-se e fungou.

- Você sabe aonde ele deve estar? - perguntou Henry.

- Sei sim.


Estou dentro do carro tem 10 minutos olhando para a entrada da floresta. Me lembro de Hayley mencionar que eles tem um lago especial, então Noah só podia estar aqui. Respiro fundo e saio do carro, caminho até a entrada da floresta e faço uma reza para encontrá-lo.

Caminhando pela floresta, vi que podia me perder fácil e com isso, admirei por Hayley e Noah saber o caminho para o lago e a volta para a cidade. Meu coração aliviou quando viu a moto de Noah perto do lago. Apressei os passos e o vi deitada no chão, com a mão dentro do lado.

- Pensei que a pedra fosse o centro da emoção. - disse fazendo-o sentar-se assustado.

- Sra...Sra... - gaguejou e eu sorri. - Thay.

- Obrigada por me chamar assim. Mas temos que conversar sobre uma atitude mal pensada. - ele respirou fundo, fungou e assentiu.

- Sente-se aqui, por favor. - pediu ele arrumando a jaqueta ao seu lado.

- Vai ser complicado, porque as crianças estão agitadas. - sorri acariciando a barriga.

- Oh sim, claro, me desculpe.

- Que tal sairmos daqui e ir a uma lanchonete? - sugeri e ele assentiu sem graça.

Voltamos em silêncio. Noah foi muito cavalheiro em me oferecer o braço para eu não tropeçar; agradeci aliviada. Passando ao lado de uma árvore grossa, Noah deixou escapar um riso.

- O que? - perguntei.

- Foi dessa árvore que eu caí e assustei a Hayley. - disse. Olhei para a árvore e vi que seus galhos eram fortes, como Noah ia cair dali? - Eu vinha observando a Hayley antes de entrar na escola. - e como um ser pensante, ele leu os meus pensamentos.

- Você já vinha reparando em Hayley?

- Sim.

- Como isso aconteceu?

- Eu a vi saindo de uma biblioteca aqui perto com a Harper, eu estava passando de moto.

- Deve ter sido de um dos passeios de garotas anormais. - disse dando risada do nome do tal rolê que Harper inventou. Noah me acompanhou.

- Eu sei que fui arrogante com ela no começo, mas conforme ela foi se envolvendo em mim, ela foi quebrando as barreiras. - explicou me deixando com um afeto por ele.

Chegamos ao me carro e lhe ofereci carona, mas Noah dispensou e disse que me seguiria até a lanchonete. E assim foi feito.

Entramos e nos acomodamos ao fundo para não sermos vistos. Sorte a nossa que a lanchonete não estava lotada, mas sim, razoável.

- Por que está deixando Hayley? - perguntei sem cerimônias. Ele baixou a cabeça e vi a sua fisionomia ficar entristecida.

- Thay, ela é forte demais, é viva demais, não tem um passado pesado em seus ombros. - deu uma pausa. - Eu só trarei problemas a ela.

- Sabe, você lembra a mim quando era mais jovem. - ele me olhou e arqueou uma sobrancelha. - Claro que eu não tenho uma irmã gêmea, mas perdi o meu irmão, ele morreu nos meus braços.

- Sinto muito.

- Obrigada, ele está bem. - respirei fundo ao lembrar de Alison. - Mas me refiro porque muitas coisas caíram em meus ombros. Minha avó me culpava pela morte dele, meu avô não ligava para a melhora de minha avó, foi onde tive que sair de casa.

- Você morou na rua?

- Não, graças a minha tia. Com a ajuda dela eu me reergui aos poucos, mas eu sentia que a minha vida ali havia acabado, precisava recomeçar. - dei uma pausa e tomei o meu suco de kiwi. - Então vim para Jersey.

- Ilhas do Canal? - perguntei surpreso. - Mas é uma ilha.

- Sim, pois é. Foi aonde muitas e muitas coisas aconteceram, até chegar aqui.

- E o que tem haver comigo?

- Simples, você fugiu de algo que lhe machucava, tentou recomeçar, e com isso se apaixonou, fez amizades que nunca teve, é amado e está sendo aceito por pessoas que lhe querem bem. 

- Hayley tem...

- Hayley precisa de você. - interrompi-o. - Um dia você será pai, e entenderá essa minha atitude. Pelo menos volte e converse com ela. Peça um tempo ou sejam amigos até tudo se ajeitar, mas não a abandone assim, Noah.

- Pensei que a senhora seria mais rude.

- Rude do tipo, te dar bofetada? Não, fiz isso com o meu marido. - ele ficou sem entender e depois assentiu. - Volta comigo? 

- Acha que ela irá me aceitar?

- Bem, ela te ama. - para isso ele não tinha resposta.


Estacionei na garagem e vi o carro de Henry, deduzi que ele havia chegado não muito tempo, pois o capô do carro ainda estava quente. Noah desligou a moto e a trouxe até ficar ao lado de meu carro.

- Por que desligou e veio empurrando? - perguntei.

- Não quero que ela escute.

- Ah, uma surpresa. - ele sorriu e assentiu.

- Surpresa e provavelmente uma loucura e rebeldia para o que irei pedir a senhora. - comentou. Olhei para ele e sorri lembrando da minha época que sonhava com isso.


Entrei em casa as pressas e chamei por Henry, ele veio correndo. Me abraçou e colocou as mãos em meu rosto.

Espero que ele me perdoe!

Felizes para Sempre? - Livro 3 - O Recomeço.Onde histórias criam vida. Descubra agora