Felizes para Sempre? - Livro 3 - O Recomeço.

Sem chão.

- O que? - minha voz saiu num sussurro.

- VOCÊ. ME. TRAIU. PORRA! - gritou ela jogando as fotos em mim. Fiquei assustado com essa atitude e vi as fotos jogadas no chão.

Eu e Kate nos beijando. Kate passando as mãos no meu corpo. Kate seminua por cima de mim. Nós nus na cama. Parei de olhar e andei até Thayná.

- Amor, me escute, por favor...

- NÃO! - gritou.

- Thayná, não é assim que iremos resolver as coisas. - rebati sentindo as lágrimas aquecer-se em meus olhos. - Me escuta. - implorei.

- Resolver? Escutar? - disse como se as palavras fosse merdas ditas. - Você me trai com ela e me pede pra sentar e ouvir?

- Thayná, não foi do jeito que você...

- COMO NÃO? Está bem explícito nas fotos, Henry! - chorou e soluçou. - O que faltou? Mais sexo? O QUÊ? - berrou em jogou um vaso em mim. Desviei e o vaso espatifou-se na parede.

- ME ESCUTA, PORRA!

- NÃO! - o seu choro foi mais alto e ela me deu as costas. - Agora entendi o tanto do seu fascínio por ela. Entendo agora o porque de você chegar de madrugada em casa, cheirando a bebida naquela noite! - cuspiu as palavras.

- Ela deve ter colocado algo na minha bebida. - ela começou a rir.

- Vai mentir pra outro, Henry. - rebateu. - Está bem mostrado na foto que você estava sóbrio!

- Não estava!

- Mesmo assim, você foi pra cama com ela, enquanto eu estava a sua espera. - deu uma pausa e soluçou. - Você me jurou fidelidade. Você me deu uma filha, um patrimônio e agora estragou tudo com essa merda!

- Olhe pra mim, amor. - implorei com as lágrimas escorrendo. - Por favor, olhe pra mim. - ela virou-se devagar e o medo tomou conta de mim. Thayná está estática, com o olhar perdido, opaco, vazio. - Eu te amo.

- Mentira!

Aqui estou, jogado no chão de nosso quarto aos prantos. Thayná e eu brigamos e ela me disse coisas que nunca pensei que ela poderia me dizer, e uma delas foi "traidor" e "mentiroso". A mulher da minha vida acabou de me deixar, disse que precisa de tempo pra pensar e que devo fazer a mesma coisa já que fiz "merda".

A casa está vazia, fria, oca. Nada. Não há nada dando vida a nossa casa. Suas roupas ainda estão aqui, mas estão bagunçadas por causa do alvoroço. Minha garganta está seca de tanta dor, meus olhos não param de derramar lágrimas, meu corpo treme, mas não é de frio. Então o que Kate disse é verdade. Transamos, e ela provou isso mostrando para a minha esposa, que no fim possa a vir não me amar mais.

-Pai? - de olhos fechados vejo Thayná com o vestido de casamento, sorrindo e acenando para mim. - Pai? - sinto mãos em meu rosto, estão mornas.

- Sr. Cavill. - abro os olhos aos poucos e vejo o rosto de Hayley e Noah.

- Pai, o que houve? - perguntou preocupada olhando ao redor. - Meu Deus, cadê a mamãe?

- Ela... me deixou... - sussurrei. Noah fechou os olhos e levantou-se.

- Como assim? - Hayley gaguejou e fungou. Não aguentei e comecei a chorar feito criança no colo de minha filha até cair no sono.

Abro os olhos sentindo o meu corpo pesando três toneladas. Meu peito está pesado, eu estou pesado. Miro o teto e sinto minhas pálpebras pesadas e inchadas de tanto chorar. Respiro fundo e levanto-me a contra gosto e vejo Thayná ali parada com a mesma aparência que a minha, talvez.

- Vim pegar umas coisas pessoais e do trabalho. - avisou fria e saiu do quarto.

- Thayná, espera. - sai aos tropeços. Ela virou-se e me encarou com raiva. - Vamos conversar, por favor.

- Não tem o que conversar. Você me traiu, traiu a minha confiança, traiu a nossa família.

- Eu posso provar que isso foi uma armadilha. - gemi em desespero.

- Armadilha? Passar as mãos nela e gemer entre quatro paredes é armadilha pra você, Henry? - ouvimos um barulho da porta do quarto de Hayley, viramos e a encontramos estática e olhos vidrados.

- Filha... - engasguei e senti meu peito congelar.

- O que...

- Hayley, faça a sua mochila, você vem comigo. - ordenou Thayná. Olhamos para ela assustados com a sua voz firme. Encarei a minha filha e ela foi fazer o que a Thay disse, me deixando em desespero maior.

Corri atrás de Thayná na cozinha. Ao entrar no cômodo, lá estava ela olhando uns recados no telefone, totalmente me ignorando.

- Thayná...

- Henry, chega. Não quero ouvir mais nada de você! - me interrompeu. Ela ficou mais fria e diferente, e eu entendo a sua reação, mas não tenho culpa!

- Só me escuta, ok? - pedi juntando as mãos em frente ao rosto. - Só me ouve, uma vez. - implorei e ela respirou fundo e virou-se para mim.

- Fala.

- Depois que você foi embora do set, eu fui beber, e admito ter bebido demais. - dei uma pausa e ela assentiu. - Kate chegou e pediu para eu acompanhá-la num drinque. Depois disso eu não lembro de mais nada.

- Você já estava bêbado, e ainda bebeu mais com ela! - esbravejou. Merda! - Como você não quer que não aconteça nada?

- Thayná...

- Não Henry! Pensei que você soubesse dos seus limites, mas sinceramente, está fora deles! - suspirou e fechou os olhos. - Preciso de espaço pra pensar. Nunca pensei que você faria isso comigo, depois de 10 anos de casados.

- Eu nunca trai você...

- Traiu, você sabe. - sua voz tremeu. - Vamos, Hayley. - virei-me e vi a minha filha com a mochila nas costas e segurando o ursinho do nosso time. Minha menina está com os olhos vermelhos, lábios inchados e o cabelo bagunçado.

Eu as segui até a varanda de casa. Thayná pegou as coisas das mãos de nossa filha e as colocou no porta-malas. Hayley virou-se para mim, me encarando e sei que ela queria que eu dissesse que aquilo tudo fosse mentira. Mas é! Tenho que fazer algo!

- Hayley...

- Pai, por favor...

- Só não me odeie, por favor filha. - implorei deixando as lágrimas caírem.

- Não vou, pai. - ela me abraçou com força e deixou o choro sair. Seus braços finos e brancos demonstraram a força que nunca pensei que ela fosse ter. - Eu te amo, papai.

- Hayley, entre no carro, por favor. - pediu Thayná encostada no carro tomando fôlego. Soltei minha filha e levantei o seu rosto.

- Vou dar um jeito, e irei explicar isso. - prometi e ela assentiu.

- Eu sei, pai. Somos Cavill.

- Exatamente, pinguinho. - forcei um sorriso.

- Hayley! - Thayná firmou a voz.

Quando as duas entraram no carro, Thayná arrancou sem me dá uma oportunidade de dar mais uma explicação e implorar para ela não me deixar. Só que ao virar a esquina, vejo que a perdi para sempre.