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A hora era agora. A porta de madeira grossa se abrira, e Bryon finalmente iria enfrentar o primeiro passo de seu desafio. Um dos conselhos de sua irmã, que depois fora confirmado por Fryda, fora a vestimenta. Estava usando as roupas que Asha lhe dera, antes pertencentes a um dos membros de sua tripulação. Eram simples, velhas e gastas, impregnadas com o cheiro de sal do mar a qual foram constantemente expostas. Uma roupa do tipo que Theon, que se importava muito em parecer bonito, odiaria. Em seu cinto havia um apoio para lâmina, onde pusera uma pequena adaga que arranjara no castelo. Esperava estar com a aparência de um homem de ferro, pois para si mesmo aquilo parecia mais uma fantasia.
Lembrou-se de quando Bran caiu da torre, de como tentara salva-lo, e que falhara. Falhara miseravelmente, para depois agradecerem a ele como a um herói, e ele tinha que admitir que gostara disso. Depois foi aquele plano para salvar lorde Stark, que acabou dando certo, mas serviu para pouco ou nada.
Dessa vez não haveria fracasso. Não fosse pelos Stark, seria por si mesmo.
Ao abrir a porta, entrou em uma sala grande, iluminada por uma lareira. Perto desta havia uma cadeira, onde seu pai estava sentado. O Lorde Ceifeiro de Pyke olhou para Bryon de forma inquisitiva.
-Lembra-se de mim, garoto? -perguntou ele.
-Sim.-Bryon respondeu. Era uma resposta simples e segura, melhor que arriscar com mais palavras.
-Veremos. Era um pouco mais que um bebê quando o vi chorando ao entrar naquele barco. Agora o recebo de volta, um estranho de meu sangue.
Isso não é bom, pensou Bryon, procurando alguma palavra para usar. Aquele homem estava certo. Era estranho para Bryon pensar no lorde Ceifeiro como um pai. Porém, para todos os efeitos do mundo, ele ainda o era. Seu pai se levantou da cadeira e se aproximou.
-Vejo que veste-se como um homem do mar. - o senhor seu pai disse secamente - Teria o lorde lobo te deixado seu prisioneiro navegar pelos mares ou usa isto como uma criança em uma fantasia? E se ele o deixou, por que não fugiria? Agora é ele o seu pai?
Parece que tentar causar uma boa impressão não deu certo. Nesse instante, Bryon sentira certo medo. Porém, decidiu continuar a falar, ignorando os questionamentos de seu pai.
-Vim para lhe entregar uma mensagem do Rei do Norte. - disse ele - E também para...intermediar uma negociação entre as partes.
-Então o menino lobo o mandou como seu corvo amestrado, que se esquiva de minhas perguntas como um covarde. - Balon falou amargo- onde aprendeu a falar assim? Virou meistre?
-Não sou covarde. -Bryon disse, firme- Não, eu nem siquer pude olhar para o mar no tempo em que estive em Winterfell. Mas isso nunca me fez menos nascido de ferro. Isso não mudou meu sangue, meu local de nascimento, nem nada em mim. Tanto o mundo quanto eu mesmo não pararam de me lembrar de quem sou.
Fez uma breve pausa antes de continuar.
Obrigado pelas palavras, Tyrion.
-E agora estou de volta, com uma proposta que acredito ser digna de sua atenção como Senhor Ceifeiro de Pyke...
-Chega de palavras. - Balon disse - apenas me dê isso.
Seu pai então pegou a carta em sua mão, rompeu o selo e começou a lê-la.
-Parece um pouco úmida,- Comentou Balon.- e rasgada.
-Passamos por muita coisa na viagem, - Bryon respondeu -inclusive uma tempestade. A carta foi danificada, mas acho que o conteúdo ainda pode ser lido.
Tomara que funcione, Bryon pensou. Lorde Balon deu uma risada.
-Está difícil de ler? - Bryon perguntou - Talvez esteja um tanto borrado por causa da água, mas...
-Não. - Balon respondeu- Eu entendi perfeitamente o que diz mensagem.
Lorde Balon enrolou o pergaminho da carta. Uma sensação discreta de alívio veio a Bryon.
-É verdade que esse rei lobinho tem Tywin Lannister como prisioneiro?
-Sim.-Bryon respondeu à seu pai - Eu mesmo o vi quando o capturamos. Estava entre o conselho de batalha de Robb quando planejamos a invasão.
Lorde Balon desenrolou o pergaminho e começou a ver a carta novamente.
-No conselho de guerra? -Balon disse- Ele ouve seus conselhos?
-Sim, meus e de Theon. - Bryon respondeu - Ele confia em nós . Por isso fomos enviados. Para acertar os futuros planos com o senhor. Isso se Vossa Graça concordar...
-Sim...- Balon fala, e depois cita a carta que estava em suas mãos - "..?Queremos seu apoio na guerra. Pode declarar a independência como nosso reino, se quiser..."
-...e isso inclui se coroar rei.- Bryon complementou - Porém não sabíamos se o senhor iria querer.
- "...Pegue as riquezas e castelos do Oeste como desejar, e o território poderá ser repartido depois. O Dente Dourado é nosso, mas o resto está livre para ser reivindicado pela Cadeira de Pedra do Mar..".
Parece que funcionou. O dia que passara com Asha fora bem útil por causa dos conselhos que ela lhe deu, e um dos que ele mais hesitara foi abrir a carta de Robb para ler o conteúdo. Para abri-la, teve que rasgar a parte ao redor do selo, sem destruí-lo no processo. Depois começou a mudar umas coisas. Como conhecia a letra de Robb, conseguiu fazer uma falsificação convincente, mas borrou um pouco partes em que não conseguira imitar a letra. Não sabia se Lorde Stark aprovaria essa mentira. Na verdade duvidava disso. Mas era essencial para convencer Balon e proteger o Norte.
- E então, - Bryon indagou - o que achou?
Seu pai olhou para ele, um olhar sério e frio.
-Se diz que ajudou tanto o Rapaz-lobo nas batalhas, qual seria o seu plano para atacar o Oeste. -perguntou ele.
-Robb pretende atacar as Terras Ocidentais pelo solo, enquanto atacamos pelo mar. -Bryon falou - Lançamos ataques contra Lannisporto e Rochedo Casterlyn...
-Rochedo Casterlyn nunca caiu. - disse seu pai, o interrompendo.
-Nem precisa. Podemos embargar o Rochedo, atacando qualquer navio de suprimentos que chegue perto. Também poderíamos saquear Lannisporto, tirando cada grama de riqueza da cidade. Ocuparemos outras fortaçezas, que deixaram os Lannister sem ter a quem recorrer. Isolado, Rochedo Casterlyn se renderá por exaustão no processo. É claro, isso se Sua Graça quiser...
A boca de Balon esboçara um leve sorriso.
-Vejo que ao menos não é um idiota. - disse seu pai - Está bem. Envie uma carta para o Rei Rapaz.
Isso!
-...mas quero acrescentar uma coisa na tal proposta.
A animação de Bryon praticamente desaparecera com essa frase.
-E o que seria isso?- questionou a seu pai.
-Um pedido muito especial. - seu pai falou, de forma quase sarcástica- Quero ver o quanto este seu lobinho confia em você. Por hora, vá para seus aposentos.
Bryon, então, se virou para a porta e começou a andar até a saída. Parte de sua missão já estava cumprida. A questão é: o que seu pai queria?
-Espere. - seu pai ordenou quamdo Bryon estava prestes a girar a maçaneta. -Onde está o seu irmão?
Agora ele se lembra...
-Pego por uma tempestade enquanto vinhamos para cá. - Bryon respondeu sem olhar para o pai - Agora sou seu único filho homem, pai.
Ignorando a formalidade de senhor, Bryon saiu de lá, indo para seu quarto.



Nascido de Ferro: uma história de gelo e fogo Onde histórias criam vida. Descubra agora