7 - Pendurada

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Abigail não chegou a cair no chão, foi por muito pouco que ela escapou de ser empalada num grosso vergalhão que despontava mais de um metro do muro pra cima, o ferro passou direto pelo seu rego atravessando o tecido da saia, deixando-a dependurada de cabeça pra baixo segura apenas pelo tecido de sua finada saia.

Desnorteada abriu os olhos tentando entender como havia escapado de se estatelar no chão, ela apalpou as costas até o pé da bunda, não havia nem um arranhão ela tinha escapado ilesa.

Abigail pensou consigo que se ela tivesse aquela mesma sorte em se tratando de homens, ela não estaria naquela situação embaraçosa agora.

Ela tentou se soltar mas não conseguiu.

– Tem como ficar pior? – Esbravejou olhando para o céu.

A saia terminou de rasgar, ela caiu que nem uma jaca no chão cheio de mato, sentiu o gosto azedo e húmido da terra molhada misturada com a lama formada pela água que descia de uma pia apinhada de panelas sujas.

Ainda meio grogue, Abigail se levantou o mais rápido que pôde, cuspindo aquela seboseira, seu coração quase parou de susto ao ver um enorme cachorro preto saltando em sua direção latindo e babando ferozmente.

(E claro que tinha como ficar pior, ela não devia ter perguntado!)

– O bicho só não a mordeu porque sua corrente não era longa o suficiente para ele alcançá-la.

– Quieto Bug, o que foi que...

O homem ficou ali parado por alguns segundos na porta dos fundos meio sem entender como é que uma mulher bonita daquelas estaria naquele estado em seu quintal.

– Deita! – Ordenou ao cachorro que obedeceu choramingando.

– Passa! – De rabo baixo o animal lentamente obedeceu e foi se deitar em sua casinha que ficava no meio do quintal.

Constrangida ela olhou para o dono do cachorro, ele era negro, como estava sem camisa Abigail observou seu físico, magro mas definido, aspecto que só pessoas que trabalham no pesado tem.

– Desconfiado o sujeito correu até Abigail.

– Você está bem? – Perguntou o homem?

– Acho que sim! – Respondeu Abigail.

– Não que eu esteja me reclamando – disse o homem fitando sua calcinha sem cerimônia – mas como foi que você veio parar aqui? – Questionou o sujeito todo desejoso para o lado de Abigail.

– É uma longa história. – O homem deu um sorrisinho malicioso, Abigail entendeu a intenção dele, e imaginou que sua sorte enfim poderia mudar.

– Venha, entre em casa e me conte tudo, eu adoro longas histórias! – Disse com um sorrisinho no rosto que era para lá de safado.

– Claro, por que não! – Respondeu cinicamente como se a situação fosse a mais corriqueira do mundo.

O sujeito pegou sua bolsa que estava caída a poucos metros é depois segurou sua mão e a conduziu até seu banheiro, – Tome um banho! – Sugeriu ele, – Essa lama está muito fedida, fique a vontade.

Abigail não protestou, ela realmente estava fedendo, entrou no banheiro é tomou um banho, ensaboou-se dos pés a cabeça, tirou toda a sujeira, constatou que sua roupa estava inutilizada, da sua saia restava apenas o cós o resto havia ficado pendurado em um vergalhão no muro, sua camisa, calcinha e sutiã estavam sujas é fedendo a lama de giral.

Um toc, toc, na porta fez Abigail se assustar, exasperada ela olhou para a porta.

– Você está bem? – Perguntou seu anfitrião ao pé da porta do lado de fora.

– Acho que sim – Mentiu Abigail, quando na verdade ela sabia que não estava nada bem, que estava mortalmente doente, mas seu anfitrião não precisa saber disso ainda mais com o objetivo que ela tinha em mente.

– Abra a porta eu trouxe uma toalha limpa para você.

Abigail entreabriu a porta, nua em pelo pegou a toalha da mão do estranho é virou-se de costas é pos-se a se enxugar-se , ela podia sentir o olhar dele a secando, dos pés a cabeça olhando cada centímetro do seu corpo, desejando-a, querendo come-la.

Ela pegou sua bolsa, e retirou dela uma calcinha extra que sempre carregava consigo, vestiu-a lentamente e depois saiu do banheiro ainda se enrolando na toalha com os cabelos molhados.

– Obrigado, foi muito gentileza sua deixar eu usar seu banheiro – Agradeceu Abigail olhando para o volume no short dele, o homem não contou nem quis saber de nada, segurou-a pela cintura cintura e a pôs sentada sobre a mesa da cozinha.

Abigail já havia decidido que iria ficar com ele, ela precisava ficar com ele, para sua felicidade ele também parecia querer.

Por um breve instante ele parou e apreciou seu corpo só de toalha, deixando escapar um sorriso malicioso.

– Você é linda! – Elogiou o homem enquanto desenrolava a toalha de seu corpo.

– Você acha? – Disse ela abrindo um pouco os braços deixando a toalha cair, é deixando seus seios completamente expostos.

– Tenho certeza! – Disse ele enquanto suas mãos acariciavam seus seios, ela sentiu a temperatura do seu corpo aumentar, quando ele cheirou seu pescoço uma grossa barba lhe causou um arrepio gostoso, o cara não era um ator de hollywood mas tinha pegada, Abigail se encostou no peito nú daquele homem, sentiu seu calor, era bom, ele agilmente separou suas penas que se abriram sem resistência, ela se entregaria para ele, conseguiria o que queria, havia uma eletricidade havia uma conexão, mas para seu azar também havia outra coisa.

Havia uma mulher negra ela estava de pé ao lado da porta de entrada da casa, eles estavam tão entretidos que não viram ela entrar, ela tinha uma faca na mão esquerda, e olhava de Abigail para o homem e do homem para Abigail.

De repente o sorriso branco no rosto do salvador de Abigail sumiu.

– Quer dizer que é assim né, Marcos? – O homem largou a mão de Abigail e saltou para trás, ele parecia muito assustado.

– Ca Calma amor eu posso explicar!

– Não precisa eu não sou cega, seu desgraçado!

– Eu nem saio direito pra trabalhar e você já põe uma vagabunda aqui dentro?

– Dedo podre! – Disse ela em voz alta, – Dedo podre – Repetiu novamente, imaginando que de tantos quintais ela tinha que cair no de um homem casado.

A mulher parecia estar possuída avançou feito um trator, virou a mesa e tentou passar a faca no marido e por pouco não acertou.

– Já disse pra se acalmar mulher, não é nada disso que você tá pensando não!

– E você, você sua, sua...

– Eu vou te ensinar a mexer com o homem alheio.

– Eu não sabia... – Tentou explicar inutilmente.

A mulher vinha bufando de raiva, brandindo a faca, e Abigail soube quando olhou naqueles olhos que ela não hesitaria em matá-la.

Abigail olhou ao seu redor procurando algo que pudesse usar para se defender, é não havia nada a não ser um jarro de porcelana na estante o qual ela agarrou e levantou ferozmente.

A mulher parou, atônita.

– Solta isso – Sua voz estava diferente, havia um tom de súplica nela, Abigail percebeu.

– Dê só mais um passo e eu quebro ele na tua cabeça.

– Sua vagabunda, isso é uma relíquia de família, se você quebrar ele eu vou...

Percebendo a oportunidade que tinha Abigail jogou o jarro para o alto na direção da mulher que de tão apreensiva soltou a faca para aparar o vaso, e esse tempo foi o suficiente para ela pular o sofá agarrar sua bolsa e alcançar a porta da frente que havia ficado aberta, Abigail ganhou o mundo correndo para o mais longe que podia daquela mulher ensandecida.


Ok presados leitores, fiz algumas alterações no capítulo e corrigi alguns erros, meu obrigado especial a leitora @user36696190 suas dicas de correção foram todas bem vindas.

Os últimos dias de AbigailOnde histórias criam vida. Descubra agora