9 - Você realmente quer isso não quer?

68 37 6
                                    


Domingo, 30/06/17, 11:00. AM

Quando Abigail acordou estava deitada em uma enorme cama de casal, coberta com lençóis de seda, ela demorou uns instantes recapitulando os últimos acontecimentos.

A delegacia, o escrivão sadista, a queda o cachorro, a mulher louca, sua corrida nua na rua, e....

– Meu Deus eu fui atropelada! – Sobressaltada ela sentou-se rapidamente na cama e sua cabeça doeu como se um pêndulo estivesse pendurado e batendo em seu cérebro.

– Merda! – Instintivamente ela levou a mão até a moleira, sentiu ali camuflado pela sua cabeleira havia um enorme galo.

Abigail olhou ao redor, era um belo quarto, na verdade ela só havia visto quartos como aquele em filmes na tv, a cama onde ela estava deitada era de dossel com cortinas brancas, os moveis retrô pontados de branco combinando com o tapete eram bem destacados pela parede cinza.

Ainda impressionada com o quarto ela se desembrulhou para se levantar, e foi quando percebeu que vestia um confortável (e curto) hobby de seda, ela levantou o hobby é enrubesceu ao notar o quanto a calcinha era sexy.

Quem quer que tenha lhe vestido, também havia lhe posto a roupa íntima, era um lingerie preta rendada.

Algumas dúvidas martelavam na mente de Abigail, e ela precisava de respostas.

"Onde eu estou?" E "como vim parar aqui?" – Mas o mais importante, quanto tempo havia se passado?

Ela olhou ao redor na esperança de ver um relógio pelas paredes ou sobre algum móvel.

Nada.

Foi então que ela decidiu sair da cama, meio grogue Abigail cambaleou até a porta do quarto, mas antes que sua mão alcançasse a maçaneta ela girou se abriu.

Haaaaaaa – Gritou femininamente um sujeito franzino do outro lado do portal, assustando Abigail que por pouco não caiu no chão.

– Jesus – Disse o sujeito gesticulando agitadamente com as mãos se abanando.

– Menina não me assusta assim desse jeito, eu deixo você desfalecida e quando volto tu vem caminhando desse jeito feito uma assombração!

Assim que recobrou o equilíbrio que lhe faltava, Abigail disparou ligeiro contra o sujeito.

– Quem é você?

– Que lugar é esse?

– De quem são essas roupas que eu estou usando?

– Ele? – Disse um segundo sujeito, entroncado que vinha atrás do primeiro trazendo uma bandeja com comida e água. – Ele querida é o barbeiro que quase te matou querida!!

– Jorge é o nome dele! – Explicou enquanto abria os pezinhos da bandeja e a colocava sobre a cama.

– Você está na nossa casa, – Começou Jorge – Essas roupas são minhas – Depois olhou seriamente para Mário e deu uma pisadinha no chão gesticulando e se justificando irritadamente como se aquela não fosse a primeira vez que estivesse que se justificar daquela acusação.

– Mario, não faça isso! Já disse várias vezes que foi um acidente!

– Não sei não, naquela velocidade que você vinha dirigindo foi uma sorte não ter matado ela.

– Mas como é mesmo que eu ia adivinhar que uma mulher ia sair correndo seminua do nada e parar bem no meio da rua, era pra dar merda mesmo!

– O que você estava tentando fazer querida, se mata? – Exigiu olhando para Abigail com as mãos na cintura.

– Sério que você vai mesmo querer pôr a culpa nela?

– Hum hum – Abigail limpou a garganta e os dois entenderam o recado e pararam de discutir.

– Por favor deite-se novamente você bateu com cabeça no chão é bom repousar mais um pouco!

– Mas afinal como é que eu vim parar aqui?

– Na verdade você não chegou a ser atropelada, porque o carro parou a poucos centímetros de você, o que houve foi que você desmaiou, caiu no chão e bateu a cabeça. – Explicou Jorge calmamente enquanto a ajeitava na cama.

– E porque eu não fui levada para um hospital?

– Entre te trazer para cá e voltar para aquele inferno, achei melhor te trazer para cá, e muito mais humano.

– Hein? Voltar?

– Querida eu sou enfermeiro, – Explicou Mario – O Jorge estava voltando comigo do serviço, eu trabalho no Hospital, e acredite quando eu digo que você não iria querer estar num pronto socorro, não hoje, aquilo lá está um caos, eu dei graças a Deus quando terminou o meu plantão, parece que todo mundo decidiu adoecer ou se acidentar de ontem para hoje.

– Provavelmente tudo ocasionado por causa de gente estabanada igual ao meu bofinho aqui! – Disse Mário fazendo cara de pensativo.

– Hai, já vi que é melhor eu dar um tempo! Vou lá para baixo Mario qualquer coisa me avisa.

E desceu todo rebolativo escada abaixo.

– Mas é você, o que era mesmo aquilo, de correr na rua sem roupa, algum tipo de protesto?

– Um protesto, não, não era isso, e que eu...

Abigail ficou pensativa ela nem mesmo sabia que horas eram, se ainda tinha horas ou minutos de vida, tudo era uma questão de tempo para ela agora.

Ela começou a chorar, ela iria morrer, não ia ter jeito, ela não ia conseguir realizar seu último desejo.

Parece que o destino estava conspirando contra ela, por que tudo tinha que ter dado tão errado!

Era melhor não tentar mais, tudo estava perdido mesmo, só lhe restava agora sentar e esperar a morte chegar.

– Desculpe eu disse algo que não devia? – Disse Mario agora em tom mais sério.

– Não se preocupe, meu problema não tem jeito!

– Que isso menina, tudo nessa vida tem um jeito!

– Pois é, na vida, mas o meu caso é de morte!

– Como assim?

Entre fungadas e soluços Abigail acabou por contar sua história para Mario.

Contou tudo, sobre seu "Dedinho podre", sobre a vida que levou, sobre os amores que não teve, sobre a notícia de morte eminente, sobre seu último desejo...

Ele ouviu tudo pacientemente, não a interrompeu nenhuma vez é após o termino daquela história ele tinha muitas dúvidas, a principal era qual seria aquela doença?

Mas ao invés disso decidiu ir para a raiz do drama de Abigail.

– Pelo que você me disse, seu médico lhe deu de um prazo de vida até hoje?

Abigail assentiu com a cabeça.

– E você realmente quer isso não quer? Gozar?

– Quero!

– Certo, – Sua bolsa está bem aí do lado da cama no chão, pega o teu celular e me mostra aí a foto desse tal de Geraldinho...

Os últimos dias de AbigailOnde histórias criam vida. Descubra agora