Ele só conseguia se lembrar dos olhos de Clara. E, ainda assim, não podia afirmar que eram mesmo suas lembranças e nem se Clara de fato existia. Quem havia misturado informações em sua mente, a ponto de apagar o nome de seu melhor amigo e criar novo...
Um homem de branco entrou em meu quarto, fez algumas perguntas e foi embora. O cerco está se fechando. Eles seguem um procedimento padrão quando pretendem reenquadrar as pessoas. Eu sei disso porque os lobos me contaram. Outros já passaram por isso neste mesmo quarto em que estou. Não tiveram como escapar.
Eu estive pensando em uma solução. Talvez eu consiga uma conexão externa que poderia me ajudar muito. Um contato atípico com uma pessoa que ainda está enquadrada. É muito difícil fazer isso, mas o Russo me ensinou o método. Ele me disse que havia conseguido uma só vez. No caso dele, acabou não sendo muito útil, justamente porque não teve uma continuidade adequada.
Você deve estar se perguntando que raio de contato atípico é esse, não é? Bem, é um pouco complicado de explicar. Você precisa se lembrar da questão do quadro, que falei anteriormente. Dentro dele, as coisas funcionam de uma maneira definida pelo "pintor". Ele é o criador da obra e de tudo que se refere a ela. Logo, é de se imaginar que fora do quadro as regras possam ser diferentes, não é mesmo? E elas são.
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Este é o nono intermezzo de Memórias de Quem. Você já sabe: esta trama "paralela" é um mistério dentro do mistério.
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