Capítulo 11 - O êxtase e o cheiro do mar

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Não esperei dois dias. Liguei para Clara no dia seguinte ao que ela me deu o seu telefone pela segunda vez. Quis ligar no mesmo dia, mas achei melhor dar um tempo para ela se acalmar. Ela se acalmou. E foi muito gentil comigo. Mais até do que eu merecia. Outra vez essa mulher de olhos magnéticos me surpreendia. Acho que foi nesse momento que ela realmente me conquistou.

Depois desse primeiro telefonema, eu estava decidido: queria mesmo ficar com essa mulher por toda a minha vida. E olha que, nessa época, eu, definitivamente, não estava nem pensando em procurar alguém para casar. Essas coisas muito sérias ainda me pareciam muito distantes. Mas, de repente, mudei de opinião.

Claro que eu queria mesmo era namorar Clara, estar com ela... Porém, já pensava nisso como o começo de um relacionamento que poderia durar para toda a vida. Eu queria que fosse assim. É complicado de explicar. Contudo, mais complicado ainda foi sentir isso pela primeira vez.

Liguei para Clara em uma quarta-feira e, como estava louco para vê-la logo, convidei-a para um cinema na quinta. Nada mais lugar-comum. Mas tudo bem. O filme era bom, apesar de eu não estar nem um pouco interessado nele. Infelizmente, Clara estava.

O máximo que eu consegui, na sala de cinema, foi segurar a mão dela. Eu até tentei mais do que isso. Porém, você já deve imaginar o que ela fez. Ou talvez não... Bem, é melhor eu contar. Ela segurou minha mão com firmeza com uma de suas mãos, e com a outra segurou meu rosto, encostou sua boca em meu ouvido e disse calmamente: "Vamos assistir ao filme agora. Se você se comportar, não vai se arrepender. Agora, se insistir nisso, vai chorar o resto da noite.". É claro que eu me comportei.

Você precisava ouvir o jeito que ela disse essa última frase. Sabe lá o que ela estaria pensando em fazer para frear meus impulsos. Achei melhor não pagar para ver. E no fim das contas, acabei gostando do resto do filme. Foi uma pena aquele rapaz morrer no final. Mas o mais importante foi que ela cumpriu a promessa e eu realmente não me arrependi.

A casa de Clara ficava em um bairro de classe alta de nossa cidade e havia várias mansões por lá. Quando faltavam uns duzentos metros para chegar à casa dela, Clara pediu que eu parasse o carro ao lado de uma grande árvore que aninhava sob seus galhos toda a escuridão da noite. A casa que ficava em frente à árvore era uma mansão com um enorme muro coberto de vegetação. Para o bom entendedor, não preciso explicar mais nada.

Para ajudar, o meu carro tinha vidros verdes (bem escuros) e a mansão tinha um segurança muito discreto. É claro que Clara já sabia de tudo isso. E os seus beijos não foram tudo o que me enlouqueceu naquela noite.

O cheiro de Clara invadia minhas narinas como se fosse uma poção de felicidade. A sua pele em contato com a minha fazia-me tremer de prazer. Clara sussurrava em meu ouvido palavras que me levavam ao delírio.

Os seus cabelos, negros novelos de intenso brilho, atraíam minhas mãos como ímãs atraem objetos metálicos. E, é óbvio, os olhos de Clara... Hipnotizavam-me como a um pobre pescador diante da mais bela sereia.

Eu quase podia ouvir o canto que vinha do mar para me encantar. Mas não vinha do mar. Vinha das profundezas dos olhos de Clara. Do mais remoto lugar em que pude me perder, em que me deixei perder.

Ora, se eu tivesse tentado imaginar tudo isso, jamais teria conseguido. Até hoje fico totalmente aturdido ao me lembrar desse momento de puro êxtase. Como melhor definir tudo isso, senão como um estado de total e intenso contentamento? Éramos dois experimentando ser um só. Éramos a união do querer e do poder. Éramos a felicidade transbordando em fluidos corporais. Éramos nós e nós éramos amor.

Assim terminamos aquela noite. Totalmente envolvidos. Mal conseguíamos falar depois de tudo o que acontecera. Ríamos e de novo nos beijávamos. Parecia que a noite não poderia ter fim. Mas teve de ter. A prudência e um pequeno sinal que o segurança fez com a lanterna fizeram Clara acordar. "Deixe-me em casa agora. Ainda temos o resto da vida para ficarmos juntos", disse ela, ainda sorrindo.

No caminho de volta para a minha casa, senti o cheiro do mar e ouvi um canto suave no fundo da noite. Pensei em ligar para o João quando chegasse em casa. Fazia muito tempo que eu não falava com ele. E naquele momento, eu tinha algo muito especial para contar.

Talvez fosse a hora de voltar atrás e retomar nossa amizade como era antes. Eu só não sabia se João Victor estaria em sua casa àquela hora e também não entendia por que eu ainda sentia o cheiro do mar. Ouvi novamente o canto que brotava das profundezas dos olhos de Clara...

Nossa! O Quem está muito apaixonadinho pela Clara, não é? O que você achou disso? E esse lance de falar com o João, não parece estranho? Deixe o seu comentário e o seu voto!

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