Capítulo 10 - O número do telefone

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Clara me olhava com um ponto de interrogação em seu semblante, enquanto eu tentava me lembrar de quando eu ouvira o seu nome antes. Eu sabia que havia conhecido alguém com o nome dela e que isso tinha sido algo significativo, mas mesmo assim não conseguia me recordar.

Deixei a dúvida para depois e conversei com Clara por mais alguns minutos. Ela me passou o seu telefone e pediu que eu ligasse para combinarmos alguma coisa para o final de semana. Fiquei muito empolgado! Eu já sabia que Clara era uma mulher a quem eu adoraria amar. E eu quis isso desde o primeiro instante que a vi.

Veja bem, como eu expliquei antes, eu não senti um amor à primeira vista. Mas sim uma vontade imensa de amar aquela mulher logo que a conheci. Se não a visse mais, tudo não passaria de um desejo que nunca se realizou. Porém, eu a vi.

Clara é uma mulher encantadora e linda. Mas o que mais me chamou a atenção nela foram seus olhos negros, por demais expressivos. Eu não conseguia fugir de seu olhar. Era como se eu estivesse hipnotizado. Depois do nosso primeiro encontro, eu fiquei por horas e horas com o seu rosto pregado em minha mente, como se fosse um daqueles lembretes que colocamos na geladeira para não nos esquecermos de pagar alguma conta.

Ela realmente conseguiu despertar em mim algo totalmente novo. Até então eu nunca havia ficado tão interessado numa mulher logo de cara. Mas, mesmo assim, volto a repetir, não amei Clara imediatamente.

Tanto foi assim, que aconteceu de eu perder o número do telefone dela. Eu o havia anotado em um papel qualquer que estava dentro do carro. Acabei jogando fora esse papel, sem me dar conta de que ele continha o telefone de Clara. Quando me lembrei de ligar para ela, percebi que perdera o número. Deixei para lá.

Saí com uns amigos no sábado seguinte e acabei encontrando uma outra garota interessante na noite. Seu nome era Luciana. A única coisa que ela não tinha eram os olhos magnéticos de Clara. Confesso que senti falta disso. Mas foi bom ficar com ela. Era uma mulher muito bonita também. Loira, de pele clara e macia, olhos e cabelos castanhos e lábios deliciosos. Os beijos de Luciana eram como um doce que você não quer parar de comer. Saborosos demais!

Fiquei com Luciana por dois meses. Às vezes, me lembrava de Clara e ficava me perguntando se eu não devia ter procurado por ela. Ora, eu sabia onde ela morava, mas estava com Luciana. Então, era melhor não procurar mesmo. Luciana era muito ciumenta.

Um dia, estávamos deitados juntos em uma rede e acabei dormindo com o cafuné que ela me fazia. E, dormindo, eu sussurrei uma única palavra: Clara! Luciana me acordou aos berros: "O que você disse? Clara? Quem é Clara? Anda, diz... Seu safado!" Não tive tempo de dizer nada. Ela pulou da rede e continuou: "Não precisa dizer nada, não. Eu já entendi tudo. Vou embora agora mesmo." E foi.

Luciana era assim. Totalmente passional. Conversamos depois pelo telefone e ela me contou que falei o nome de Clara enquanto dormia e, então, eu entendi alguma coisa. Até aquele momento, eu havia ficado sem saber o que acontecera. Eu preferi falar a verdade. Ela não entendeu e não aceitou. Terminamos.

Dessa forma, o que era apenas um sussurro se tornou um grito. Três dias depois, estava eu em frente à casa de Clara, chamando-a no portão. Ela apareceu ainda mais linda do que antes e seus olhos... Nem consigo descrever. "Olá, senhor mentiroso." Ela falava com um tom de deboche, mas ao mesmo tempo, de uma velada empolgação.

"Disse que ia ligar há uns dois meses... E não ligou. Disse que não tinha namorada, e tinha..." Aí, o tom mudou para um misto de raiva, ciúme e decepção. "E nem adianta dizer que não tem, porque eu mesma vi o senhor com ela em um barzinho. E os beijos não eram de amigos, muito menos de irmãos." Agora, ela ria ao falar, mas ainda com um tom de ciúme.

Eu me apressei a explicar tudo do jeitinho que aconteceu. Ela ficou morrendo de raiva e praticamente me expulsou dali. "Quer dizer que sou o seu estepe, é? Quem disse que eu queria namorar você? Queria apenas sair pra bater um papo, curtir a noite... Vai embora daqui." Eu fui.

Quando dei o quinto passo, ela me falou o seu telefone e emendou: "Anota e vê se não perde o papel dessa vez, seu cretino! E se não me ligar em dois dias, nunca mais apareça por aqui. Agora, vai." Eu continuei indo, mas dando vivas e pulando de alegria. Parecia um imbecil. Ou um cretino feliz.

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