O que você diz não me diz nada, qual é a verdade? me dê algo, me leve por um caminho em que acredito. Perdi o caminho, perdi toda a razão. Ooh, ooh.
A chuva embaça o vidro do carro, o para-brisa se move trabalhando, Seafret canta a todo pulmão pelo rádio velho do meu carro, batuco os dedos no ritmo da música.
Me dê algo. Procure redenção no passado. Vidro quebrado, sem reflexo. Leve-me para um lugar em que acredito, perdi o rumo, perdi toda a razão.
Olho rapidamente para o banco do passageiro onde estão as sacolas de compras que meu pai pediu para eu fazer. Aproveitei que finalmente a aula acabou e fui ao mercado, só não esperava essa chuva.
Paro na bifurcação e fico me perguntando que caminho devo pegar. Escolho ir por dentro, onde o caminho é mais longo, mas com certeza não há trânsito. Viro à direita para sair da cidade, volto a cantar com os Seafret.Através das ruínas, tentando salvá-lo, pois eu caí, mostre-me de alguma forma que eu possa fazer...
A chuva aumenta drasticamente, o lado ruim é que tudo fica pior, desde a rua até a visão, o lado bom é que não há trânsito.
Meu celular toca, sorrio quando vejo no pequeno identificador que é Bethâny.
— Oi.
— Estou presa na estação, não para de chover, desde quando Manhattan fica desse jeito quando chove.
— Um caos? Desde sempre.
Solto uma risada.
— Onde você está?
— Em uma das ruas abandonadas de Nova York, estou indo para casa.
— O caminho mais longo.
— Sim.
— É Seafret tocando no rádio?
— Com certeza, sorte não, eles raramente tocam no rádio, mas hoje apareceu uma das melhores músicas deles.
— Não gosto dessa, parece uma despedida.Tudo o que demos foi desperdiçado? Caindo falido, apenas uma esperança, que você consiga...
Assusto-me quando uma pedra de granizo acerta o vidro do carro.
— Esta vendo isso, Anne?
— Granizo?. Sim, estou.
— Estou com uma sensação ruim.
— Odeio essas suas sensações.
— Será que vou morrer?
— Claro que não, você só tem 17 anos, não pode morrer.
— 17 anos são bastante tempo.
— Não, para mim, ainda tenho muito que viver.
Rimos da nossa conversa mórbida.Me dê algo...
Ficamos em silêncio por alguns segundos, respiro fundo e faço uma curva, minha visão está limitada devido à chuva.
— Estou pensando em voltar com Bryce.
— Mas ele te traiu.
Falo cética.
— Mas ainda o amo.
— Droga de chuva! Mas Betty, ele escolheu te trair.Me dê algo...
— Eu sei, mas você sabe o quanto o amo.
— Sim, eu sei. Seja qual for sua decisão, estarei ao seu lado.
— Eu sei, por isso estou te contando, acredito que dessa vez vai ser diferente.
Reviro os olhos, sabendo que nada será diferente entre eles.
— Se você está dizendo.
— Sim, estou. Como estão as coisas em casa? Hoje não tivemos uma aula se quer juntas, não deu para perguntar.
— As mesmas de sempre, Daphne fala para meu pai fazer algo, então ele faz, e o clima entre mim e ela está uma merda.
— Aquela vaca.
— Vaca bem, vaca.
Rimos da minha madrasta.
— Um dia você assa ela.
— E carne de vaca dá para assar?
— Sei lá.
Rimos alto, cerro os olhos para ver melhor a estrada.
— Sinto falta da mamãe, ainda não acredito que ela morreu, vivo esses dois anos em negação, achando que em algum momento ela entrará pela porta com aquele sorriso lindo dela.
— Sua mãe era maravilhosa, nunca mais vou ter uma tia igual.Me dê algo...
Sorrio ao lembrar da minha mãe, a mulher mais incrível do mundo.
— Ei, o que você acha sobre eu escrever um artigo sobre a importância das mães em nossas vidas, em homenagem à tia Chloe?
— Ela iria adorar, faça.
Diminuo a velocidade.
— Então farei. Meu Deus, essa chuva não passa, só piora!
— Dirigir nessa chuva está horrível.
— Caminho mais longo, né?
— O bom que não passa carro aqui.
— Tudo tem o lado bom, voltando ao Bryce, o que acha...
Paro de escutar o que Betty está falando quando meu coração dispara e grita, luzes de farol brilham, um carro surge derrapando em minha direção, piso no freio, mas não dá tempo, grito, então tudo acaba.Para me segurar, não tenho nada desde que perdi você...
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Não Me Deixe Ir
RomanceAnne sofreu um acidente de carro há um ano e meio atrás, entrou em coma e por algum motivo nunca acordou. Sua vida foi interrompida bruscamente após sofrer o terrível acidente. Abandonada em um leito hospitalar com apenas os médicos e pela equipe de...