"Eu não sou uma garota ingênua, nunca fui, mas há uma linha muito grande entre ser ingênua e experiente. Sou como todas as garotas do mundo. Estou no ensino médio e sonho encontrar um cara incrível, o problema é o tipo de cara que você imagina. Algumas gostam dos badboys, outras gostam dos atléticos e eu gosto dos clássicos, aquele cara que estuda e quer ter um futuro, usa calça jeans e camiseta, que dê fim de semana, vá comigo e minha família jogar beisebol e ver o quão ruim é meu pai no arremesso. Havia garotos bonitos na minha escola, mas eles eram idiotas demais e, em minha defesa, sou uma romântica convicta, cresci vendo o amor dos meus pais, então espelho um amor no deles, menos que eu, isso eu não devo aceitar, palavras de mamãe.
Na teoria, é mais fácil, já, na prática, nem tanto. Foi no meio desses pensamentos que esbarrei em Dave, o típico americano loiro dos olhos azuis, nos olhamos e pedimos desculpas, saí andando como se nada tivesse acontecido, mas meu coração estava dando um reboliço. Durante uma semana, Dave se tornou visível para mim, eu reparava tudo nele, até achei que estava maluca, trocávamos olhares, mas nunca passava disso, até o dia em que fui até o campo de futebol procurar Betty, que vivia com Bryce e nesse dia ela não estava.
— Esta perdida ruivinha?.
Me viro e vejo Dave sem camisa, ele estava treinando e todo suado.
— Estou procurando Bethâny.
— Perdeu a viagem, ela saiu já faz meia-hora com o B.
— Oh sim.
Começo a sair do campo quando ele corre e para em frente a mim.
— A viagem não precisa ser perdida.
— Desculpa?
Ergui uma sobrancelha e o encarei.
— Gosta de comida mexicana? — Assentiu. — Conheço um restaurante ótimo.
— Isso é um convite para sair?
— Sim.
Fico o encarando por longos segundos.
— Terceira avenida, 345, me pega às 18:00.
Não vejo sua reação porque quase estou correndo para longe dele. Juro que não sei de onde saiu aquilo, mas gostei da minha determinação.
E ele veio, Dave veio na hora marcada, preciso falar que mamãe e papai ficaram na janela nos espionando, foi engraçado.
No final da noite, Dave e eu havíamos comido muitos burritos. Saímos do restaurante e fomos caminhar pelas ruas de Nova York, e no meio do caminho ele me parou e me beijou. Meu primeiro beijo foi bom, eu gostei, Dave foi delicado, parecia que ele sabia que eu não era experiente nisso. Ele me levou para casa e eu pensei em seu beijo a noite toda, então veio o segundo beijo, e o terceiro beijo depois do dia seguinte que nos encontramos na aula, até que Dave queria algo mais, e na época eu não quis, mesmo ele insistindo eu não quis e foi ali que eu vi que Dave não era o cara clássico que eu queria. Mamãe disse que, por eu não ter me apaixonado por ele, foi fácil terminar algo que nem começou. Mamãe disse que eu tivesse sorte em não me apaixonar. Talvez. Mas eu queria me apaixonar, esse era o maior problema. "~∆~
Eu poderia dizer que a aula está boa, mas em momento algum prestei atenção nela, meus pensamentos estão em Anne. Ontem, quando voltei para a ala dela, fui impedido de entrar, porque Adam ainda estava lá. Gostaria de saber o que se passa na cabeça dele e qual é da Daphne.
Meu plano é sair daqui e ir direito para o hospital para vê-la, mal dormir à noite, repassando a cena dos médicos cuidando dela.
Fico rabiscando o caderno para me distrair.
— Você está bem?
Olho para o lado e vejo Gi, ela me olha preocupada.
— Apenas não dormir muito bem.
— Que tal um café depois da aula?
— Ok.
Ela sorri e volta a prestar atenção na aula, coisa que eu deveria fazer.— Você faltou duas aulas e anda distraído, você sumiu no dia da festa.
— Não estava me sentindo bem.
Minto, pego nossos cafés e sentamos em uma das mesas no Starbuck.
— Ah, qual é Jamie? Te conheço há três anos, sei quando tem algo de errado com você.
Fico encarando Gi, então resolvo por tudo para fora.
— Sim, está acontecendo algo.
— Eu sabia! Agora me conte.
— Conheci uma garota.
— Ótimo.
— Ela está em coma.
— O quê?
Seu olhar é de espanto. Choque.
— No dia em que meu pai sofreu o acidente de carro, bem, acabei achando essa garota e a conheci.
— Oh, meu Deus!
— Ela está em como há um ano e meio.
— Coitada dela, Jamie, isso é horrível.
— Essa não é a parte pior.
— Tem uma parte pior do que sua vida passar sem que você a tenha vivido?
— Sim, há 8 meses ninguém ia visitá-la, todos perderam a esperança de que ela acordasse.
Gi fecha os olhos e engole em seco.
— Que desgraçados!.
— Ela é tão linda, Gi, tão incrível.
— Como alguém pode abandonar uma pessoa?
— Isso que Nora e eu nos perguntamos.
— Quem é Nora?
— A enfermeira barra mãe que cuida dela com amor.
— Que bom que ela não está sozinha. Espere, como você sabe que ela é incrível?
Respiro fundo e tomo um longo gole do meu café.
— Achei seu diário e estou lendo.
— Jamie!.
— Eu sei, mas essa era a única forma de conhecê-la.
— E por que você quis conhecê-la?
— Eu não sei.
— Jamie.
Dou de ombro e suspiro.
— Sabe quem foi uma das pessoas que a abandonou e era melhor amiga dela?.
— Quem?.
Seus olhos estão presos em mim.
— Bethâny.
Falo, a vejo absorvendo as palavras, então ela arregala os olhos e depois suspira.
— Uau, que coincidência, Anne é a amiga de Betty, Anne é a garota que ninguém pode ocupar o lugar.
— O quê?
Dessa vez, quem fica confuso sou eu.
— Desde quando conheci Betty, ela fala de uma amiga que ela precisou deixar, mas que todos os dias ela chora por ela.
— Do que você está falando?
— Conheci Betty há um ano, e bem, Betty é uma menina alegre, mas há momentos que ela para e começa a chorar do nada, uma vez perguntei a ela o porquê disso e ela me contou que deixou uma pessoa para trás e que ter tomando essa decisão a mata a cada dia, mas ela estaria morta se continuasse a insistir nessa pessoa, porque a chance da amiga dela ficar bem eram muito baixas.
— Ela disse ser a Anne?
— Ela só dizia que essa garota ninguém nunca tomaria o lugar dela.
Abaixo a cabeça e encaro minhas mãos.
— Eu não sabia disso.
— Ela sofre todos os dias e justamente nesses dias ela está pior, disse. A decisão veio de cara com ela.
Sinto-me culpado, mas não falo nada.
— Não conte a ela o que te disse, Gi.
— Nunca. — E eu sei que ela não quebrará essa promessa. — Você acha que Anne pode acordar?
— Eu tenho esperança.
Gi fica me encarando exasperada.
— Você se apaixonou por ela.
— O quê?
— Adam está em sua cara que você se apaixonou por ela. Juro, eu não sei dizer se essa é as coisas mais estranha que já vi ou se é a mais romântica, mas é estranha.
— Você está maluca.— Estou? Eu realmente estou maluca, Jamie?
Penso no que estava pensando na noite passada, quando disse estar apaixonado por Anne, me pergunto como isso é possível? Ela nem está acordada, não há motivos para que eu me apaixone.
— E os pais dela?
— A mãe morreu há 4 anos e o pai é casado com uma cobra.
— Ele não vai visitá-la?
— Não ia há 8 meses.
— Não ia? Por que, agora, ele vai?
— Anne teve uma parada ontem. Então ele foi chamado e apareceu.
— Mas ela está bem?
— Não sei, não me deixaram ir vê-la depois.
— Bem, pelo menos ele foi vê-la.
— Ele não queria entrar no quarto para ver Anne, na verdade, a mulher dele não quis.
— Que vaca, como ele pode, é a filha dele.
— Disse o mesmo para ele, além de jogar em sua cara que ele é um péssimo pai e que ele a abandonou.
— Jamie Stone, o defensor dos justos.
— Não faça brincadeira com isso, Gi, é uma coisa séria.
— Eu sei, e os outros parentes dela?
— Nenhum foi visitá-la. E nem sabe o estado dela.
— Como assim?.
Gi me olha confusa, ela coloca o cabelo loiro atrás da orelha.
— Descobri recentemente que os avós maternos dela acham que Anne está na Suíça estudando, não em um hospital em coma.
— Meu Deus!.
— Foi o que disseram para eles.
Gi franze a testa e me olha com tristeza.
— Coitada de Anne.
— Eu não sei o que fazer.
— Como assim?.
— Não sei se vou até eles e conto a verdade.
— E claro que vai contar.
— Gi...
— Não tem Gi, Jamie, meu Deus, você não é apaixonado por ela? Tem que fazer isso pela Anne.
— Ele deve ter um motivo para ter feito isso.
— Não importa qual seja o motivo dele, ele está errado, não pode omitir algo assim deles, eles têm o direito de saber. Se eu fosse a avó de Anne, gostaria de saber a verdade e acho que você também.
— E se isso for algo maior, Gi?.
— Jamie, há 8 meses Anne está sozinha, até você chegar. Talvez se os avós dela soubessem, ela não estaria sozinha, talvez estivesse até acordada.
— Você acha?
— Li uma vez que pacientes em coma são estimulados, as coisas à sua volta podem fazê-los querer acordar.
— Você acha que é verdade isso? Acha que eles podem saber tudo que acontece à sua volta?
— Sim, eu acho.
— Então, Anne pode saber que estou com ela e quem sou.
— Sim, ela pode e isso pode estar a ajudando mais do que você imagina. Por isso, Jamie, que você precisa ir atrás dos avós dela e contar toda a verdade, você deve isso a Anne.
— E se eles não quiserem saber dela?
— Pelo menos a sua parte você fez, não é mesmo?
— Você está certa.
— Vá até eles e os leve para Anne. Mas, Jamie, isso não significa que as coisas irão mudar por completo.
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Não Me Deixe Ir
RomanceAnne sofreu um acidente de carro há um ano e meio atrás, entrou em coma e por algum motivo nunca acordou. Sua vida foi interrompida bruscamente após sofrer o terrível acidente. Abandonada em um leito hospitalar com apenas os médicos e pela equipe de...