5.

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Primeiro, Adriana quis se afastar, mas a pressão daqueles lábios, o peso daquele corpo formoso e o cheiro silvestre que ele exalava, apesar de toda a sujeira e suor, demoliram sua resistência e os seus instintos assumiram.

Entreabriu os lábios e deixou que Bianca mergulhasse neles com uma língua feroz e exigente, lhe roubando o ar furiosamente, então a puxou para si, grudando seus corpos ainda mais. Sabia que estava cometendo um erro, mas, quanto mais a beijava, mais difícil ficava se afastar.

As mãos dela, ainda atadas, repousavam sobre seu ombro e massagearam seu pescoço devagar, fazendo um carinho quase sensual, lhe arrancando um gemidinho, até que o envolveram completamente. Bianca aumentou a pressão, estrangulando-a. Usava o peso do seu corpo para mantê-la prisioneira, mas não desgrudou os lábios dos dela.

Era um beijo de morte.

Desesperada por escapar daquela armadilha, prazerosa e sufocante, Adriana mordeu o lábio dela com força. Quando Bianca se afastou, relaxou as costas contra o chão pedregoso e espalmou ambas as mãos, atingindo os ouvidos dela que rolou para o lado, tonta e gemendo de dor.

— Filha da mãe! — Sentou, tossindo e buscando o ar.

Massageava o pescoço devagar, enquanto Bianca fazia o mesmo com os ouvidos, encolhida como um feto no ventre da mãe.

— Sua maluca!

Bianca se contorceu, mais um pouco, e sentou sobre as próprias pernas, sentindo-se tonta pela pancada que recebera. Mesmo assim, reuniu suas forças em um sorrisinho metido e maldoso e, foi fuzilada pelo olhar da bandida que não sabia se a espancava pela fuga insana e quase morte ou se a puxava para um beijo de verdade.

— Você mentiu — acusou, passando uma das mãos no local onde ela a mordeu.

Adriana tossiu outra vez e se pôs de pé, ainda tonta pela falta de oxigênio. Desconfiada, preferiu se afastar dela, ainda tentando controlar o desejo de lhe dar outro tapa e que, este, arrancasse aquele sorrisinho debochado do seu rosto.

— Sobre o quê? — Resmungou, tirando parte do barro em suas roupas e notando que tinha rasgado a calça na altura dos joelhos, onde um pouco de sangue escorria.

O sorriso debochado de Bianca ganhou mais espaço em seus lábios e ela deu de ombros.

— Afinal, você baixa a guarda — respondeu, presunçosa.

Emudecida, Drica a fitou como estivesse diante de um animal peçonhento. Suas mãos tremiam pelo esforço de erguê-la até a terra firme, minutos antes. Suas bochechas arderam e a respiração se tornou mais pesada. Tinha sido vencida por um beijo e a raiva que sentia naquele instante, não superava a vontade de provar outro. Bianca se encolheu ao perceber a cólera em seu olhar e se voltou para trás, constatando que ainda estava na beirada da fenda, e fugir não era uma opção.

A bandida chegou mais perto até parar diante dela, os lábios crispados, os punhos cerrados e Bianca aguardou o soco, mas ele não veio. Em vez disso, ela começou a tremer e seus lábios se abriram devagar, um sorriso se formando, crescendo até se tornar uma gargalhada alta.

Touché! Bandida malvada 0, Gata ninja 1. — Riu outra vez, as mãos na cintura. — Não se acostume. Na próxima, estarei preparada.

Curvou-se até seu rosto ficar próximo do dela.

— E, quando isso acontecer, se acontecer, vou te mostrar como se beija de verdade — piscou o olho, marota.

Bianca engoliu em seco e sentiu o calor dominar suas bochechas, como não acontecia desde a adolescência. Nem mesmo os olhares lascivos de Silvia, foram capazes de lhe causar rubor quando estavam juntas. Decidida a dar a última palavra, abriu os lábios para soltar uma pilhéria, mas sua resposta se perdeu no ar.

Reféns do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora