Epílogo

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As mãos deslizavam pela pedra, dando curvas e expressão. Os instrumentos ditando o ritmo de uma canção que ressoava em sua mente.

Os olhos de uma cor felina mantinham-se concentrados na tarefa, enquanto um sorrisinho rasgava seus lábios. Não precisava de uma modelo para aquela peça, cada curva estava fresca em sua memória, como na primeira vez em que se entregaram a paixão. Mesmo assim, ela lhe sorria de pé no canto da sala, usando nada mais que um lençol sobre a pele bronzeada.

De repente, a modelo caminhou até a artista, os olhos brilhando com a provocação do desejo que inflamava sua pele. Parou à sua frente, deixando o lençol escorregar suavemente até o chão. Tão suavemente, que o movimento pareceu quase uma poesia.

O malho e o cinzel ficaram esquecidos sobre o mármore.

A artista deixou-se guiar até o leito nos fundos de sua oficina. Suspirou, excitada, antes de seus lábios encontrarem os da modelo. Um beijo voraz, como as mãos que lhe arrancavam as roupas. Livre das peças, tratou de acalmá-las e afastou-se, a fim de admirar a perfeição daquele corpo.

Sorriu, sem qualquer malícia.

Não havia motivos para pressa. Não como na primeira vez em que se entregaram. O tempo, agora, estava a seu favor e podia permitir-se um pouco de calma para percorrer cada centímetro daquele corpo e descobrir novos prazeres.

Um dia, fora refém de seu desejo por ela. Agora, era cativa do amor.

Reféns do DesejoOnde histórias criam vida. Descubra agora