Silvia leu as mensagens com descrença. Era bom demais para ser verdade.
Aquele era o celular de Rebeca, esquecido durante a fuga. Ela não utilizava senha para acessar as funções do aparelho e Cobra, em uma rápida olhada, encontrou a conversa entre ela e Rodrigo em um aplicativo. Não demorou para encontrarem todo o bando naquelas mensagens e, de repente, a sorte tinha lhe sorrido outra vez.
Havia conversas rápidas sobre os preparativos para o local do encontro e algo sobre um tal de Alex e o dinheiro que roubaram. Não importava. Só precisava saber onde encontra-los e foi para lá que se dirigiu com os companheiros.
Analisando os mapas que possuía da região, encontrou uma estradinha de terra, pouco utilizada, e supôs que os bandidos optariam pela de maior tráfego, já que era mais conhecida. Além disso, aquele trajeto diminuía consideravelmente o tempo de viagem.
Meia hora depois, estacionaram a SUV na entrada de um sítio que, pelo tamanho do cadeado na porteira e a ferrugem que o corroía, estava abandonado há anos. Mato e Melão de São Caetano se espalhavam pela cerca, quase a encobrindo completamente. Ao longe, uma casinha de paredes amareladas dominava a paisagem.
— Não é uma boa ideia — Cobra expressou sua opinião, cruzando os braços sobre o peito largo. Estava cada vez mais irritado com aquela confusão, mas devia muito ao juiz e pretendia zelar pela filha dele, mesmo que ela não quisesse.
Silvia já estava há uma dezena de metros. Andava com passos firmes, apesar das botas que afundavam na lama da chuva recente. A cabeça latejava cada vez mais forte, enquanto remoía a raiva que sentia por Bianca ter lhe obrigado a persegui-la.
— Mas irei assim mesmo — disse, sem interromper os passos. — Fiquem atentos ao rádio. Pretendo, apenas, observar e montar a melhor estratégia para nossa investida.
— Me deixe ir com você — o gigante insistiu, passando a mão no calombo na babeça.
Ela continuou andando, sem se dar ao trabalho de responder. Tinha tomado sua decisão. Pretendia descobrir o que estava havendo sozinha e imaginou que isso lhe daria uma chance de se aproximar de Bianca, caso a encontrasse. Entrou na mata, aproveitando o momento para se acalmar.
— Estou começando a ficar cansado dessa brincadeira — Palito comentou e algumas cabeças se inclinaram concordando. — Essa daí está fazendo besteira e vai acabar nos matando.
O maxilar de Cobra se contraiu. Lentes escuras ocultavam a raiva em seus olhos. Em contrapartida, seus gestos falavam muito sobre o que sentia, principalmente, quando esmurrou a porta do carro.
***
Rodrigo chutou o pneu furado e abaixou-se com o macaco na mão. Não estavam muito longe da chácara onde Adriana e Bianca os esperavam. Já deviam estar com elas, mas tiveram de ir para a casa de Chico, onde tinham escondido o dinheiro.
Vigiaram a residência por um quarto de hora, apenas para se certificarem de que não estava sendo vigiada por outros. Os dois homens aproveitaram para se trocar, já que estavam ensopados, após esperarem na chuva até que Cobra fosse atraído para sua armadilha.
— Pouco azar é bobagem! — Disse ele para si mesmo, mas Rebeca o ouviu e pousou a mão em seu ombro, aumentando a tensão que sentia pelo contato delicado.
— Ainda temos tempo. Relaxe.
Os lábios dele tremeram levemente e manejou o macaco, erguendo a traseira do veículo.
— Não dá para ficar mais relaxado que isso. Não depois do que aconteceu na sua casa. Quem diabos é aquela mulher para que essa gente nos persiga assim? — Estapeou a própria perna, erguendo o olhar para ela.
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Reféns do Desejo
ActionUm assalto à banco resulta em um sequestro. Em meio a uma perseguição implacável e uma luta desesperada contra o tempo, sequestradora e refém irão descobrir que a tênue linha que separa o amor do ódio chama-se "desejo".