— Tem certeza? — Cobra questionou, desconfiado. — Não há nada além de mato aí. — Argumentou, olhando desconfiado para o capim alto na beira da estrada em que estavam.
Silvia ajustou o boné na cabeça, contendo-se para não perder a calma, o que estava se tornando uma tarefa complicada na última hora e meia. Desde que entraram nas terras do Parque, Cobra vinha questionando tudo que lhe ordenava, tornando seu trabalho mais demorado e difícil.
Não era necessário ser um grande observador, para ver que ele tentava proteger seu posto de líder e isso a irritava ainda mais.
— Meus mapas não mentem. Meu software é o melhor, que o mercado de segurança e rastreamento do país dispõe; tenho arquivos e registros de estradas que não são usadas há décadas. Este é o meu trabalho! — Soou orgulhosa e deu uma tapinha, quase carinhosa, no notebook.
A polícia sempre foi seu sonho e, assim como o pai, queria proteger as pessoas. No entanto, também tinha outra paixão: Linhas de código. Antes de deixar a polícia, já desenvolvia softwares de segurança em sociedade com um ex-colega de faculdade e o negócio cresceu, quando se dedicou completamente a ele. De certo modo, o Juiz lhe fez um favor ao lhe tirar a farda.
Bianca desejava se livrar dos guarda-costas que a seguiam, dia e noite, há muito tempo. A seu pedido, Silvia desenvolveu um dispositivo de rastreamento que a moça usava o tempo todo, na forma de uma gargantilha. A ideia nunca agradou a ex-policial, mas Bianca insistiu tanto, que não teve como lhe dizer "não". Mesmo assim, ainda tentou dissuadi-la.
— Esses caras te protegem há anos. A ideia de se ter um guarda-costas é que ele poderá agir imediatamente ao primeiro sinal de perigo.
— Passar o dia sentados no carro, não é proteger.
— Muita gente odeia seu pai, Bia. Já tentaram atingi-lo através de você.
— Até você odeia meu pai. Eu o amo e o odeio também! Convenhamos, ele é um bom homem, tem boas intensões, mas, também, é um cretino. Faça o que peço. Me mantenha segura da sua maneira.
Silvia olhou para sua própria sombra, projetada muitos metros à frente pelo farol do carro. A luz se perdia em uma curva na estrada. Fechou o notebook sobre o capô e o guardou na mochila sobre o banco do passageiro. O mostrador do relógio em seu pulso indicava que era quase meia-noite.
Quase doze horas se passaram desde o assalto e o tempo corria contra eles. Deu alguns passos, entrando no mato alto, que chegava até a sua cintura, e ouviu o farfalhar do mesmo a sua passagem. Caminhou devagar por uma dezena de metros; nas mãos, uma lanterna minúscula.
— Venha até aqui — gesticulou para Cobra, que fez uma careta em resposta. Não estava nenhum um pouco feliz por ter de obedecer às ordens daquela mulher novamente, apesar de conhecer sua competência.
Foi até ela com passos lentos e firmes, desprezando os altos e baixos do terreno. Não carregava uma lanterna, a luz dos faróis, que apontavam em outra direção, e do luar, eram suficientes para que enxergasse o caminho. Juntos, andaram por mais alguns metros até que ela parou e apagou a lanterna, enquanto falava. Pronunciava as palavras devagar e baixo, para que os outros homens no carro não ouvissem.
— O meu trabalho é cuidar dos bens das pessoas e sou muito boa no que faço. Trabalhei duro para isso. — Guardou a lanterna no bolso e mirou a lua, enquanto ele a observava, curioso. — A Dra. Bianca é o bem mais valioso do nosso "amigo" e, devo acrescentar, meu também. Crescemos, rimos, choramos, amamos e odiamos juntas. É muito especial para mim e, sob nenhuma circunstância, cometeria um erro que lhe custasse a vida. Você entende isso?
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Reféns do Desejo
ActionUm assalto à banco resulta em um sequestro. Em meio a uma perseguição implacável e uma luta desesperada contra o tempo, sequestradora e refém irão descobrir que a tênue linha que separa o amor do ódio chama-se "desejo".