Ela Confiou

1-Reviravoltas da Vida.

Sentada na janela Sophie observava a praia que se estendia logo abaixo, era verão. Novamente ela e sua família tinham fugido da cidade, do barulho e da poluição, mas aquela casa enorme era muito solitária, suas amigas estavam em lugares diversos, em outro continente até, viajaram sem pensar duas vezes, algumas até sozinhas, pois os pais ocupados demais não se importavam, era assim no seu meio de vida social, o dinheiro era grande assim como as responsabilidades e o desejo por mais dele de muitos gananciosos.

A Noite já se instalara, a praia estava escura com a lua e as estrelas como suas únicas luzes, Sophie não quis ir á Orlando como uma de suas amigas fora, nem mesmo a paris como outra delas foi, quis ficar em casa com a família, era praticamente uma tradição, desde sua época de colégio, o ano todo o pai trabalhava demais e a mãe tinha uma vida social agitada, mas as férias eram de Sophie, sempre fora, tudo girava em torno dela e de vê-la feliz de recuperarem o tempo perdido durante todo o ano e todas as atividades, quase 3 meses de extrema felicidade. Não me interprete erroneamente, Kaitthye e Thomás os pais de Sophie eram maravilhosos para sua filha o ano todo, mas suas vidas de viagens de negócios e de eventos de caridade aqui e ali obrigavam-nos de certa forma a negligenciar a atenção dada a filha e eles amavam tanto ela que tiravam aqueles meses para demonstrar isso plenamente e ela tinha total ciência disso e aproveitava cada momento.

Pensando nisso Sophie já tinha levantado da bancada da janela e vestida com um casaco descia as escadas para um passeio á beira da praia, faria 20 anos em poucos meses e era tão estranho, ela e suas 3 amigas sonhavam com a faculdade. Sophie faria Direito, queria mudar o quanto conseguisse do mundo através da justiça. Rebecca sua melhor amiga, a irmã que nunca tivera, queria fazer Medicina, ela era tão sensível aos outros que cuidar era um talento nato, fazia parte dela. Emma era meio prática demais, tinha um ótimo coração, mas seu dom era o exterior, ela transformaria qualquer gata borralheira em cinderela em um piscar de olhos, por isso ia fazer moda. Gabrielly era a mais inteligente da turma, juro á vocês que se eu fui aprovada com louvor em matemática e em todas as outras matérias que possuíam cálculos e números eu devia isso a ela, por isso queria e iria fazer Administração.

Agora elas estavam distribuídas pelo mundo e eu aqui, sentia saudades, mas estaríamos juntas logo, assim que as férias acabassem porque a faculdade agora era nosso foco, depois de terminarmos o colegial, nossos pais nos deixaram tirar um ano de folga para viajarmos e decidirmos o que queríamos de nossas vidas, não que isso já não estivesse decidido, sabíamos exatamente o que faríamos, mas um ano nosso era pra marcar. No ano seguinte entramos num cursinho preparatório para o vestibular, nossos pais podiam pagar a melhor faculdade do estado ou do Brasil, mas em que isso nos faria crescer? Queríamos conquistar o nosso espaço assim como eles e uma semana antes delas viajarem e antes que eu e meus pais viessemos para a casa de praia o resultado de nossos exames saíram e todas tínhamos passado, segundos e terceiros lugares, entraríamos para a Faculdade Federal mesmo, idaí? Era tudo que queríamos, estudar normalmente e sabíamos que a faculdade era muito boa, estávamos mais do que prontas. Pensando em tudo isso um arrepio me passou pelo corpo, abracei a mim mesma e notei o quanto estava frio e o quanto tinha caminhado pela praia perdida em pensamentos, meus pais já deveriam estar chegando e eu tinha que estar em casa, não queria preocupa-los, me aproximando da casa e notei as luzes, meu coração pareceu pular uma batida, não eram luzes do jardim ou da casa, eram faróis e sirenes de carros de policia que se destacavam pelas suas cores azul e vermelho e não por seus sons que nesse momento estavam desativados. Corri até o local, não foi nada demais, repeti para mim mesma milhares de vezes até que um senhor fardado de mais idade se aproximou de mim e disse:

- Srta. Castlle? Eu sou o Tenente Santos, poderia falar com a senhorita alguns minutos por favor? - Eu assenti sem falar nada, algo estava errado, destranquei a porta e ele entrou com mais dois policiais, me mandou sentar e eu obedeci, ao olhar para ele atentamente, notei seu olhar de compaixão.