2- Surpresas e Divergências.

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-Eu poderia perguntar a mesma coisa já que moro aqui a alguns anos. - O elevador chegou e ele entrou. - Você vem?

Eu entrei no elevador para responder sua pergunta, ele me olhou curioso e falou.

-Foi visitar alguém? Pensei que a cobertura 2 estava desocupada.

Ele falou intrigado e eu criei coragem e falei mesmo que baixo.

-Estava. Eu a comprei hoje.

William me avaliou em silêncio, esperando algo mais que eu não diria, com certeza não, ele era um estranho, cortês, mas ainda sim um estranho, o elevador então chegou a garagem e eu respirei aliviada por assim de um espaço tão pequeno com ele, pois parecia menor ainda e seu perfume impregnava todo o ambiente.

-Até logo então vizinha.

Ele falou e parecia alegre, eu não conseguir responder, fui direto para o meu carro e dirigi pra empresa do meu pai que não era longe dali, eu não precisei de crachá de visitas, não precisei de anúncio, subi diretamente pra sala do meu pai no último andar, era grande, com janelas do chão ao teto quase uma parede inteira de vidro, era bonito e até aconchegante, não esperava menos do meu pai ele era de um bom gosto excelente, enquanto eu admirava tudo alguém entrou no escritório gritando de raiva.

-EU JÁ AVISEI QUE TODOS ESTÃO TERMINANTEMENTES PROIBIDOS DE ENTRAR NESTA SALA.

Eu reconheci a voz antes mesmo de virar e olhar o seu dono, ele parecia chocado ao me ver e bem, eu estava realmente chocada de vê-lo e como estava.

-Desculpe, não sabia que era você, os funcionários estão proibidos de entrar aqui, mas essa sala é sua por direito, desculpe a grosseria Srta. Castlle.

-O que faz aqui? O que faz no escritório do meu pai? E dando ordens assim com essa autoridade toda? Quem é você de verdade? -Eu estava nervosa, ele me deixava assim e eu não entendia o porquê, o encarei como se exigisse uma resposta e ele prontamente a deu.

-Já disse meu nome e que trabalhei com seu pai no dia que me apresentei, sou vice-presidente desta empresa, era o braço direito do seu pai, grande homem, admirável, como já falei, só não entendo o que faz aqui Srta, esta tentando matar saudades?

-Não Sr. Black, como você mesmo falou, essa sala é minha por direito e eu vim ocupá-la, assim como meu lugar nessa empresa. - Sorri meio amargurada meio vitoriosa, ele parecia totalmente perplexo com minhas palavras, totalmente fora do seu eixo, parecia ter sido virado de pernas pro ar e eu apenas me sentei na grande cadeira que pertenceu ao meu pai, cruzando as pernas deliberadamente lenta e olhei aquela cena de reações dele, de certa forma apreciando a mesma.

*****

Ela estava se divertindo, por trás de todo o sofrimento, aquilo que via nos olhos dela por acaso era brilho de divertimento? E as minhas custas? Respira fundo William, pensei comigo mesmo enquanto a olhava desafiador e perguntava.

-Então você está ciente do mercado de ações? Dos últimos contratos que estamos para fechar? Está ciente que estamos sem Designer de Market? Sabe que tenho 35% dessa empresa? Aposto também que sabe os números que precisa para a próxima reunião que acontecerá em 5 minutos.

O Pânico e raiva que o seu rosto demonstrava naquele momento foi ótimo pra o meu orgulho, ela tentou e falhou miseravelmente em zombar de mim. "Essa eu venci Baby." Pensei a encarando, então vi as lágrimas no cantos dos seus olhos. "Droga!"

-Desculpa Sophie, não quis ser rude. - Me aproximei da mesma e me abaixei em frente a grande cadeira que antes seu pai ocupara, tentando a encarar nos olhos.

-Ah sim! Você quis! E eu posso não saber de nada do que me perguntou. Porém eu sei que sou boa o bastante pra aprender tudo e muito mais do que citou.

Fechei os olhos e respirei fundo, olhar ela tão perto estava me deixando confuso, coisa que fiquei nos últimos 20 dias desde o velório até hoje, ela simplesmente ocupara minha mente com maestria e lindamente, como fez com a cadeira e lugar que era seu nessa empresa, parecia que por direito minha mente também tinha se tornado sua e ela nem percebera.

-Eu sei que pode Sophie, desculpe, pra me redimir faço questão de ensinar tudo a você, venha!

-Pra onde? -Ela quis saber surpresa e curiosa.

-A Reunião será um bom meio de começar, vou apresentá-la ao conselho e não deixarei que passe vergonha por ainda não saber o que anda acontecendo na empresa, você não precisará fazer nada hoje, só estar lá. Vamos? -Chamei mais uma vez ao lhe estender a mão. Seu olhar de inerteza e dúvida me deixou mal, ela tinha que confiar em mim, pensei a olhando enquanto ficava de pé ainda de mão estendida para a mesma. "Vamos, segure, confie." Finalmente ela cedeu e segurou minha mão e eu a levei até a sala de reuniões, indicando que ela sentasse onde antes era o lugar ocupado por seu pai, ela olhou para o conselho para o conselho como se tivesse sido criada a vida toda para estar ali e soubesse exatamente o que estava fazendo, sorri discretamente e comecei a reunião com sua apresentação.

-Bom dia senhores e senhorita. -Curvei - me de leve para ela que sorriu em resposta. - Todos estamos ainda abalados com a morte do nosso grande amigo, ele se foi, porém nos deixou sua experiência, hoje, mesmo com toda a dor de sua perda Sophie Castlle, sua única filha, ocupa seu lugar de direito e pelo seu sangue devemos saber que sendo filha de quem é, nasceu para ocupar tal lugar e sabemos que por ser jovem e ter pensamentos modernos podemos esperar dela coisas ainda maiores que as do seu pai, que foi o melhor no que já fez.

*****

Ouvir ele falar do meu pai e demonstrar para o conselho da empresa que me achava uma pessoa capa de assumir tudo me deixou comovida, me senti segura e prestei atenção em toda a reunião, pensando que eu realmente tinha muito o que aprender ao notar a complexibilidade dos assuntos que ali foram abordados, meu pai ao que parecia tinha construído um verdadeiro império da hotelaria, ele e William uma incontável fortuna desde hotéis 5 estrelas à pousadas pequenas simples e aconchegantes com serviços de ótima qualidade, foi um pouco do que entendi naquela reunião. Quando a reunião terminou e os membros do conselho vieram me cumprimentar, logo depois de todos saírem ele se aproximou com um sorriso no rosto. "Droga!" Porque ele tinha que sorrir daquela forma? Eu não conseguiria aprender nada com ele sorrindo daquela maneira.

-Eu tenho o resto da manhã livre, normalmente usa pra revisar os dados mais uma vez antes da próxima reunião, depois do almoço, mas se quiser pode repassar os dados comigo e ir aprendendo um pouco enquanto isso.

-Isso seria ótimo Sr. Black, eu realmente desejo aprender tudo o mais rápido possível, notei que meu pai e o senhor fizeram um ótimo trabalho nesses anos todos.

-Primeiro me chame de Will, eu tenho 29 anos Sophie, e se me chamar de Sr. Black outra vez eu vou me sentir com 90, já basta minha secretário que acha um absurdo me que eu exija que ela se dirija a mim pelo nome achando isso totalmente ofensivo ela insiste em me tratar como um idoso. -Ele sorriu e eu não pude evitar sorrir também enquanto ele me guiava até a sala dele, passamos algumas horas lá dentro entre balanços, orçamentos, contratos de todos os tipo, notei que 4 horas já tinha discorrido quando seu telefone tocou e ao atender no viva voz já que era o da mesa.

-Sim Srta. Dixon?

-Desculpe incomodar Sr. Black, sei que está ocupado mas é que sua próxima reunião é dentro de 20 minutos e a Srta. Petterson está na linha dois, eu mandei - lhe esperar para ver se o Sr. Poderia atender.

-Obrigado por me lembrar da reunião Srta. Dixon e pode passar a ligação eu a atenderei.

-Sim Sr. Black.

Ele pegou o telefone do gancho e me fez um sinal para esperar e eu fiquei curiosa para saber quem era a Srta. Petterson.

*****

Ela Confiou Onde histórias criam vida. Descubra agora