6- Sinais

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Eu sentia a luz do sol no meu rosto, ao abrir os olhos notei que estava na praia, caminhei por algum tempo até que vi um casal ao longe, eu os reconheci imediatamente, corri desesperada com medo deles sumirem e gritei por eles.

-Mamãe, Papai! -Ao me ouvirem eles viraram-se e sorriram abrindo os braços, me atirei ali naquele confortável abraço, era tão bom ter eles de volta, minha mãe tinha lágrimas nos olhos e papai estava claramente emocionado.

-Sophie minha pequena, você não pode se abater, não pode desistir. -Disse meu pai enquanto acariciava meu rosto e ajeitava meus cabelos.

-Princesa, as batalhas agora são suas, você pode conseguir o que quiser, sabe disso não é? -Perguntou minha mãe, sorrindo orgulhosa para mim.

-Mas eu só quero ficar com vocês, só isso. -Disse pra eles em tom choroso, o que preocupou meu pai.

-Você tem que viver filha, você ainda tem muito o que fazer, não pode ficar conosco agora, um dia vamos nos encontrar de novo mas até lá, vamos te observar, cuidar e guiar, protegendo cada passo seu até não ser mais preciso. -Meu pai me abraçou enquanto minha mãe falava.

-Seu discurso foi lindo aquele dia e sua fibra durante todo esse tempo nos emocionou, mas muito antes disso já nos orgulhava, você sempre foi nosso maior tesouro e orgulho, não esqueça disso nunca. -Ela parecia se despedir e eu já não sentia seu toque direito, estava mais frio e suas imagens ficando indistintas, então chorando eu falei.

-Mamãe, Papai, não me deixem de novo, não, por favor, eu não pude nem...

-Nós amamos você filha. -Eles disseram juntos enquanto eu soluçava chorando fortemente e falava.

-Eu amo vocês.

Eles sumiram sorrindo e onde eu segurava a mão fria da minha mãe agora estava cada vez mais quente e eu me sentia segura, olhei para minha mão e para os lados sem entender o porque daquela sensação, então ainda chorando me deitei na areia e depois de muito chorar adormeci de cansaço.

*********


Não consegui me concentrar em uma reunião sequer e mandei a Srta. Dixon cancelar todas antes que desse nove horas da manhã, falei com a Rebecca pelo celular sabendo que Sophie continuava do mesmo modo, resolvi ir pra lá e mandar Rebecca descansar. Cheguei no hospital em poucos minutos, bati na porta e entrei no quarto logo em seguida, Rebecca estava com uma aparência exausta que me deixou preocupado dela acabar adoecendo também.

-Oi, como ela está? - Perguntei calmo, ou tentando ficar.

-Na mesma, ela chama o Pai e a Mãe, as vezes chora, porém não acorda, eu estou ficando com medo já Will. -Disse ela em um tom choroso.

-Becca vai pra casa, toma um banho e descansa um pouco, eu fico aqui e qualquer novidade te ligo imediatamente. -Ela ponderou um pouco na proposta e vi seu olhar de dúvida, sabia que ela recusaria. -Becca, não precisamos de mais uma pessoa internada, você precisa ficar bem pra quando ela acordar poder ajuda-la. -Isso pareceu convence-la, ela suspirou e levantou.

-Você tem razão, me liga qualquer novidade? -Confirmei com a cabeça e ela se aproximou, me abraçou beijou meu rosto e disse. -Obrigado por tudo que esta fazendo, não terei como agradecer, nunca.

-Estando bem quando ela acordar será a melhor forma de me agradecer. -Disse e ela sorriu de leve acenando pra mim enquanto saia e fechava a porta do quarto.

As horas seguintes foram meio torturantes para mim, eu a via chorar sem abrir os olhos e isso me doía, sabia o que era perder a família, mas eu pelo menos tinha minha irmã, ainda tinha alguém de sangue para chamar de família e nem algo assim sobrou para ela, mesmo com a família que ela conseguiu escolher, eu sabia que não era a mesma coisa, em um momento que eu achei particularmente doloroso não só pra mim ao vê-la daquela forma descontrolada e nem se dar conta como eu também achei que fosse doloroso pra ela eu apertei a mão dela que não tinha largado desde que sentei ao seu lado e falei.

-Você tem que acordar garota, tem muita gente que precisa de você aqui, o que acha que esta fazendo com todos? O que acha que esta fazendo comi... -Parei a frase no meio pois ela estava simplesmente ali, me olhando, hora pra o meu rosto hora pra a sua mão que eu segurava fortemente, como um salva vidas. Fiquei simplesmente sem palavras.

*****

Acordei toda coberta de areia, meu pai estava sentado do meu lado esquerdo segurando minha mão que estava bem quente, minha mãe sentada do meu lado direito alisava meus cabelos e sorria para mim da forma que só ela sabia fazer pra me acalmar.

-Está pronta pra voltar Pequena Polegar? -Perguntou meu pai usando meu apelido de infância carinhosamente.

-Eu vou ver vocês de novo? -Perguntei hesitante.

-Filha é complicado de nos ver, mas nós estaremos sempre no seu coração, você precisa voltar pra o seu bem e o de todos.

-Tem pessoas te esperando Sophie e você tem de fazer a diferença na vida de muita gente ainda. -Disse meu pai me olhando sério.

-Eu não queria deixar vocês eu amo tantos vocês e sinto tantas saudades. -Minha mãe me deu um beijo na testa e me olhando nos olhos sussurrou.

-Nós também te amamos.

Meu pai pegou minha mão mais forte e balançou dizendo.

-Você tem que acordar garota... -De repente não era mais a voz do meu pai que eu ouvia, era uma voz também conhecida, uma voz que ao invés de me acalmar como fazia a do meu pai, essa me perturbava, me deixava confusa ao abrir os olhos vi o rosto de William Black não o do meu pai que estava tão nítido poucos segundos antes, era a mão quente do Will que esquentava a minha e sua voz enérgica que me trazia de volta a realidade, ele parecia tão chocado quanto eu pois parou de falar assim que viu meu olhar para ele, piscou os olhos de boca aberta por alguns segundos e se recuperou.

-Sophie? Você está bem? Está sentindo alguma coisa? Não se meche, espera, eu vou chamar o seu médico agora mesmo, espera.
Olhei assustada pra ele ao mencionar a palavra médico mas ele nem notou pois já se levantava e saia do quarto rapidamente, foi quando tive oportunidade de dar uma olhada em tudo, paredes brancas, cadeiras, tv no suporte, olhei minha mão e tinha algo incomodo, eles tinham me furado, fiz uma careta para isso no momento em que Will voltava e ele presenciou.

-O que foi? Não se sente bem? Calma, o médico já vem. -Ele disse ansioso e eu sorri.

-Não, eu estou bem, é só que... eu estou no soro. Eu odeio ser furada, odeio agulhas, isso é um pesadelo, só pode ser.

Ela Confiou Onde histórias criam vida. Descubra agora