♪Caprichos Melódicos

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"A imaginação cria a realidade."
— Richard Wagner

♪♪♪

Edgar esboçou um sorriso triste e continuamos a conversar, não tocamos mais no assunto de Elisa. Era melhor assim, não acho que meu professor queria se expor ainda mais. Já deve ter sido difícil colocar um pouco de seu orgulho de lado para desabafar sobre a situação de sua "amiga", não iria forçá-lo a dizer mais, e ele provavelmente se sentiria mais confortável desabafando com alguém que o conhecesse melhor, como James ou Edward.

Um cheiro agradável vinha da cozinha e fiquei curiosa, imaginando o que o escritor estaria preparando para este almoço tardio.

— Você está bem interessada nele... — comentou Edgar leviano. O encarei, um pouco confusa. — Seu olhar denuncia. — Deu de ombros e o sorriso presunçoso voltou a aparecer.

O velho e rude professor estava de volta.

— Não estou... — Comecei a frase, mas ela se perdeu.

— Se está em dúvida quanto a isso, a resposta é positiva, Lyra.

— E o que você sabe sobre esse tipo de coisa, Edgar? — Arqueei a sobrancelha.

— Mais do que você imagina — disse. — Mas você está mudando o foco da conversa, Lyra. — Seu sorriso aumentou.

— Não estou mudando de assunto. — Dei de ombros.

— Você me conhece há anos, Lyra. Sabe que sou de confiança.

— Ainda tenho minhas dúvidas quanto à isso.

— Vamos, Lyra, sua vez de ser a paciente.

Edgar tentou tirar o óculos do meu rosto, mas uma voz o interrompeu:

— Parem de brincar com o meu óculos, por favor. — Edward nos lançou um olhar de repreensão.

— Sim, senhor. — Edgar riu e ergueu as mãos em sinal de redenção.

— Lyra...? — O escritor me encarou e cruzou os braços.

O óculos estava caído na ponta do meu nariz e, invés de tirá-lo, o arrumei no rosto.

— Caiu bem nela — comentou o pianista, achando graça, mas seu colega apenas revirou os olhos e suspirou.

— O almoço está pronto — disse antes de entrar na cozinha.

— Acho melhor tirar isto... — falei e deixei o óculos na mesinha onde estava antes. — Começou a me dar dor de cabeça.

Entrei na cozinha e meu olhar foi direto para a mesa, que estava milimetricamente organizada, parecia que Edward tinha usado uma régua para medir a distância de cada coisa para que ficasse simétrico, mas minha atenção estava na comida, não me importava tanto com a ordem correta de colocar os talheres à mesa naquele momento. Havia batatas tostadas de um lado e carne bovina do outro, acompanhada de dois molhos que não sabia identificar do que eram.

— Inspiração estava forte hoje, Edwen — comentou Edgar se sentando, em seguida abriu um sorriso malicioso. — Tentando impressionar alguém...?

O escritor não respondeu e foi olhar algo que estava no forno.

— O que está no forno? — perguntei.

Apfelstrudel. Já está pronto, mas vou deixar lá dentro durante o almoço para não esfriar.

— Como você conseguiu fazer tudo isso em tão pouco tempo? — exclamei.

Mozart Terminou ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora