"Foi o tempo que perdeste com tua rosa que fez tua rosa tão importante."
— Antoine de Saint-Exupéry.
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Decidi não esperar pelo café para continuar minha leitura e também, conhecendo Edward, não me deixaria bebê-lo com seu precioso livro perto. Por fim, não enrolei e logo iniciei o primeiro parágrafo.
A iluminação fraca vinha apenas de um lampião há metros de distância da varanda onde Rosa estava. A jovem não se importava com a escuridão, sentia-se tão vazia quanto ela, e sabia o motivo: seu ponto de luz estava longe, escondido em algum canto deserto da cidade.
A distância aumentava sua vontade de procurá-lo a ponto que se comparou com um inseto que facilmente era atraído pela luz. Porém Rosa conhecia as regras e suas consequências, também tinha consciência que já as quebrara diversas vezes e, por sorte, ninguém descobrira, mas sabia que se continuasse agindo daquela maneira, seria apenas uma questão de tempo.
E mesmo assim seu coração continuava a pulsar mais forte quando pensava em Mathias.
Andou de um lado para o outro, o pensamento tão longe que demorou a notar sua prima, que estava diante da porta da varanda com uma vela em mãos.
— Posso entrar? — perguntou movendo apenas os lábios. Rosa assentiu em resposta e Camélia ficou ao seu lado. — Parece preocupada, aconteceu algo?
— Não estou preocupada. — Rosa forçou um sorriso.
— Se é o que diz... — Camélia não acreditou sequer por um instante em sua prima. — Então volte para o salão, todos querem te ver.
— Só me querem por lá pois sou uma das poucas solteiras da família.
— E também a mais concorrida — murmurou.
Camélia tentou ao máximo não sentir inveja, mas era incapaz de não notá-la pulsando em seu peito, corroendo-a como uma praga. Sempre desejou um bom casamento, mas os bons pretendentes só tinham olhos para Rosa.
— Não me interesso por nenhum homem ali presente. — explicou Rosa, em seguida saiu da varanda e entrou em seu quarto. — Deixei claro que nunca me casarei por posses ou títulos. Quero apaixonar-me profundamente, apenas quem conseguir tamanha façanha, terá minha mão. — O olhar que Camélia lhe dera a fez questão de concluir seu pensamento da maneira que a prima temia. — E não me importarei se este homem não tiver nada além de seu orgulho e amor a me oferecer.
— É o que diz agora, Rosa. — Camélia segurou seu braço e a guiou para fora do quarto. — Um dia perceberá que este amor que tanto busca será sua ruína.
— Não tens vontade de viver uma grande paixão, querida prima? — Ambas desceram a escada e seguiram para o salão. — Temos que aproveitar o tempo que nos é dado. E perdoe-me, mas casar não me parece um bom proveito.
— Cuidado com o que fala. — Camélia olhou para as mesas ocupadas. — Não são todos que aceitarão calados sua opinião deveras... incomum.
Caminharam até o centro do salão, o som alegre e contagiante dos instrumentos de corda era mais alto ali, porém rapidamente cessou e a dança terminou com palmas desanimadas.
Os músicos se preparavam para a próxima música enquanto os jovens corriam os olhares à procura de um novo par.
Dois rapazes se aproximaram do lugar onde as primas estavam e as chamaram para a próxima dança. Rosa não teve escolha, sua amiga aceitou o pedido logo de cara e não lhe deu tempo para recusar.
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Mozart Terminou Comigo
RomanceDizem que amores de verão são passageiros, mas e os de outono? Pois foi numa fria tarde outonal que a jovem pianista, Lyra Scherzo, conhece alguém que faria seu mundo dançar em um ritmo completamente diferente. Tudo começou em uma sala de música...