♪Delicadeza de Schubert

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"Não consigo escrever poesia: não sou poeta. Não consigo dispor as palavras com tal arte que elas reflitam as sombras e a luz, não sou pintor... Mas consigo fazer tudo isso com a música..."
    — Wolfgang A. Mozart    

  ♪♪♪  


 Adormeci no sofá pouco depois de conversar com Edward, ouvindo jazz e esperando meu irmão voltar.

Quando acordei não estava mais na sala, e sim no quarto de hóspedes, na confortável cama de casal com um cobertor em cima de mim.

Levantei e abri a cortina, uma chuva serena caia lá fora e obrigava as pessoas a andar de guarda-chuva, o que deixava a rua cheia de cores neste dia cinzento.

Olhei-me no espelho, estava com a camisa toda amassada e a saia torta. Nunca passaria em uma entrevista de emprego com a roupa neste estado.

O apartamento estava silencioso, James provavelmente dormia em seu quarto como um bebê.

Peguei meu celular e vi o número de Edward assim que o desbloqueei, não havia salvado-o ainda. Decidi salvá-lo como Senhor Capriccioso invés de "Escritor Contraditório Edward Siwen".

Entrei na cozinha e encontrei James encostado no balcão, lendo um jornal. Pelo visto, não estava em seu décimo sono.

— Bom dia — falei.

— Bom dia, Lyra. Dormiu bem?

— Sim. Por que levantou cedo? Pensei que ficaria mais um pouco na cama já que voltou tarde da noite.

— Preciso trabalhar — disse, tomando um pouco de café. — Vi que fez o jantar para mim, obrigado. Estava ótimo. — Sorriu e bagunçou meu cabelo. — Se quiser, posso levá-la para casa antes de ir para o consultório.

— Obrigada James, mas preciso resolver algumas coisas aqui perto.

— Que tipo de coisas?

— A competição, irei me inscrever. — Dei de ombros. — Também quero passar na livraria e comprar algum livro.

— Falando em compras, este fim de semana vou comprar seu presente de Natal e preciso que me acompanhe. Ou seja, desmarque todos os seus planos sem graça, porque sábado e domingo você é minha acompanhante.

— Farei um esforço para encaixá-lo em meus horários, senhor Hersenen.

— Você não passa nenhuma credibilidade com essa roupa amassada. — Abriu um sorriso. — Parece até que você deu uns amassos na sala do chefe. — Riu.

Revirei os olhos e me servi com uma quantidade generosa de café.

— Vou terminar de me arrumar, faça isso também.

James terminou sua bebida e a pôs na pia, virou para minha direção e beijou o topo da minha cabeça. Em seguida foi para o corredor.

Bebi meu café rapidamente e fui para o quarto de hóspedes, procurar se havia mais alguma roupa que esqueci por lá. Por sorte, encontrei um vestido rodado cor caramelo com mangas longas e um decote canoa com o comprimento que ia até os joelhos. Infelizmente, não achei nenhum casaco.

Voltei para a sala e James já me esperava, usava um sobretudo preto com uma blusa social por baixo, um cachecol estava enrolado em seu pescoço, protegendo-o do frio.

— Lyra, desse jeito você morrerá de hipotermia. — perguntou e olhou para o cabide ao lado da porta. — Onde está seu casaco?

— Esqueci na casa de Edward. — Dei de ombros.

Mozart Terminou ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora