an old friend

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MinJi's POV

Acordei com barulhos de tiro. Levantei assustada de onde eu estava deitada e percebi que eu estava no sofá da casa da vó daquele Taehyung e que o mesmo estava apenas assistindo uma série policial.

- Quase morri - digo pondo a mão no peito e me ajeitando no sofá.

- Ah, bom dia - ele disse com os olhos vidrados na televisão.

Percebi que não faria nada, então me deitei novamente, mas dessa vez para pensar.

O que eu faria?

Eu não posso ficar aqui, eu nem conheço esse menino, muito menos a vó dele.

Pensei em pessoas conhecidas por aqui. Primeiro que eu estava passada que meu pai me expulsou de casa, sem nem esperar uma explicação.

Segundo que eu tava passada em como minha mãe se tornou fria em relação a mim, eu não a vejo a anos e ela se revoltou contra mim.

Terceiro que eu não posso confiar em qualquer um aqui. Tudo bem que eu falei meu nome verdadeiro para umas sete pessoas desde que eu cheguei aqui.

Mas por sorte eu não posso ser pega nesse país e, mesmo se pudesse, estou bem longe da fronteira.

Pensei mais um pouco e me lembrei que um dos meus melhores amigos de infância morava aqui. É claro!

Só tinha que pensar como achá-lo e tentar reatar nossa amizade, que se distanciou pelo tempo e pelo mesmo motivo no qual eu me distanciei de minha mãe, e agora de meu pai.

Sentei no sofá novamente e sai a procura do meu celular pela coberta, mas logo o achei no chão.

Procurei o contato dele. Nada.

Procurei o contato dos familiares dele. Nada.

Procurei ele nas redes sociais. É, achei o Instagram.

Olhei as publicações dele e, por sorte, ele coloca localização em algumas. A última foto foi publicada em uma cafeteria aqui de Pyongyang, ontem pela noite.

- Ei, Taehyung - chamei atenção do menino de cabelos cinza.

- Aish - ele resmungou algo inaudível e pausou a televisão. - Fala.

- Pode me ajudar a achar esse menino? - virei a tela do celular para ele.

- Eu já vi ele em algum lugar. Para que quer achá-lo?

- Te interessa? - levantei a sobrancelha e bloqueei o celular.

- Nossa que grossa. Poderia ser educada já que eu vou te levar até ele.

- Vai é?

- Com uma condição - ele levantou o indicador e eu fiz sinal para que ele prosseguisse. - Seja mais educada comigo, vamos ser amigos.

- Menos, bem menos - estranhei essa condição dele. - Pra que isso agora?

- É isso ou vai achar ele sozinha.

- Aish! Que chato. Okay, vamos logo - levantei e puxei ele pra fora do sofá.

- Agora não, agora não.

Não me importei com os resmungos dele. Aproveitei que nós havíamos dormindo com a roupa de ontem, então o puxei logo para fora de casa.

Ele destravou o carro e nós entramos.

- Quantos anos você tem? - ele me perguntou enquanto olhava para a estrada.

- Por que você quer saber?

- Opa - ele parou o carro no meio da rua. - Você me fez uma promessa.

- Agora não, Taehyung.

- Agora não, Taehyung - ele me imitou com uma voz fina e voltou a dirigir.

Eu o conheço a um dia e ele já me estressa. Aliás eu tenho certas dúvidas de que ele me conhece de algum lugar. Ele anda perguntando demais pra um dia.

Enfim, ele parou o carro e desceu, fiz o mesmo.

Ele me guiou até uma padaria, sério que ele vai comprar pão?

- Aqui - ele apontou assim que entramos no lugar. - Ele trabalha aqui.

- Ah, obrigada - abaixei a cabeça em cumprimento.

Antes que eu pudesse procurar, eu senti alguém me cutucando.

- Youngjae - disse ao me virar e me deparar com ele.

- MinJi.

O abracei forte. Ele pode estar bravo o quanto quiser, mas eu estava com saudades do meu melhor amigo.

- Menos, MinJi. Você sabe que...

- Shiu, aqui não. Taehyung, poderia nos dar licença?

Ele assentiu e saiu da padaria. Youngjae me puxou para uma das mesas vazias e nos sentamos.

- O que quer aqui, MinJi?

- Deu ruim - ele fez uma cara de quem não havia entendido. - Tudo, deu ruim tudo. Você não vê noticiários sul coreanos?

- Não, aqui não passa nada de outro país, Coreia do Norte, né.

Contei tudo a ele, com todos os detalhes possíveis. Enquanto eu contava, chegou um homem todo de preto, literalmente todo. Fiquei meio receosa de terminar de contar para Youngjae, já que esse homem estava nos encarando duas mesas à frente.

- Você é muito burra, MinJi! - Youngjae disse por fim. - Quantas vezes eu te falei que isso só da merda? Que esse mundo só da merda?

Ele fez um sinal para que eu esperasse, pois havia chegado o pedido de algum cliente da padaria.

Youngjae se sentou novamente na minha mesa e retomamos a conversa.

- O que pretende fazer agora?

- Primeiro, eu vou mudar meu nome, claro. Segundo, eu preciso arrumar um lugar para ficar - ele assentiu, eu havia mencionado o acontecido com meu pai e que eu havia passado a noite na casa de Taehyung. - Terceiro, eu vou arrumar um emprego para juntar dinheiro e sair definitivamente das Coréias.

O homem de preto saiu da padaria, parecia nervoso. Eu tinha dúvidas sobre a presença dele ali. Na verdade, eu tenho que me lembrar sempre que eu estou foragida.

- Ugh, MinJi! - Youngjae bateu a mão com força na mesa e passou a outra em seus cabelos.

- O que eu fiz? - levei um susto com a ação dele, afinal eu estava perdida em meus pensamentos.

- Eu não consigo ficar com raiva de você por muito tempo. Você é minha melhor amiga desde sempre. Eu não posso te ver nessa situação e fingir que nada está acontecendo. Eu te ajudo a achar um cartório pra mudar seu nome quando você sair do país. Eu te chamo pra ficar na minha casa caso você não queira ficar na casa daquele Taehyung. Eu te ajudo a arrumar um emprego por aqui.

Ele estava de volta. Eu nem acreditei. Finalmente uma pessoa do meu lado nessa situação toda.

- Obrigada, mil vezes obrigada - passei para o outro lado da mesa e o abracei.

- Qualquer coisa já sabe onde me encontrar, agora se me dá licença, eu preciso trabalhar.

Me despedi de Youngjae e sai da padaria, indo na direção do carro de Taehyung.

Entrei no carro e Taehyung parecia alvoroçado demais.

- Que foi menino?

- Ahn? Aish nada - ele deu partida no carro e dirigiu até a casa da avó dele.

Eu estava pensando se valeria a pena ficar lá. Vou esperar até hoje à noite, aí eu vejo se vale a pena ser amiga dele ou se é melhor eu cair fora.

Ao chegar na casa da avó dele, eu fui para o quarto em que ela me guiou e tomei um banho, afinal eu ainda estava com a roupa de ontem.

Tomei meu banho, me aqueci e fiquei na sala fazendo hora o dia inteiro, pensando na minha humilde vida.

The Scape | Kim TaehyungOnde histórias criam vida. Descubra agora