Vidas Entrelaçadas

Que porra essa mulher quis dizer?

Dinah conseguiu sair do evento as três da tarde, correu em casa, tirou aquele vestido e colocou uma roupa mais confortável. Voltou a empresa, resolveu assuntos pendentes e decidiu que era hora de ir ao tal restaurante, como era próximo a empresa ela decidiu esticar um pouco as pernas e ir andando mesmo.
Ela pensava em como iria convencer a chef de cozinha do Brookes a fazer o menu do casamento de Justin e Ariana. E foi aí que aconteceu, um carro businou alto, havia perdido o freio e ia bater de frente na cigana que estava entre o carro e o muro. Dinah não pensou duas vezes, correu e puxou a mulher levando as duas ao chão segundos antes do carro bater no muro de frente. O motorista do carro desceu pedindo desculpas e Dinah levantou a cigana, que logo começou a arrumar os diversos xales que usava.
-A senhora está bem?
-Graças a você minha filha, como posso te recompensar?
-Não precisa, o importante é que esteja bem.
-Eu insisto, me deixe ler sua mão.
Ela puxou a mão de Dinah e passou a analisa-la.
A cigana segurava a mão de Dinah com certa força.
-Você acredita em vidas passadas? Reencarnação?
-Sinceramente não sei. - Respondeu Dinah olhando sua mão presa entre as da cigana. - Porque?
A mulher de xales olha pra de pele caramelo, encarando agora seus olhos ao invés da sua mão.
-Existem coisas que já estão definidas quando nascemos moça.
-E o que isso quer dizer?
-Quer dizer que existem pessoas que estão destinadas. Projetos que estão definidos. Vidas que estão entrelaçadas antes mesmo de abrirmos os olhos.
Dinah fica olhando a cigana que solta sua mão e começa a se afastar.
Que porra que será que essa mulher quis dizer? Não importa, ela precisa ir ao Restaurante Brookes e tentar fechar um casamento.
Mal sabe ela que tudo que a cigana disse lhe aguardava naquele lugar.

**

Lauren limpava o salão do restaurante, era extremamente bom que houvesse esses períodos de algumas horas do dia em que o restaurante ficava fechado. Ela cantarolava baixo quando a porta se abriu. Sem levantar os olhos ela falou pra quem quer que fosse.
-Estamos fechados.
-Desculpa, eu queria falar com o responsável.
-Como eu disse, - Lauren diz levantando a cabeça - estamos fechados.
A moça de pele caramelo, cabelos loiros e olhos castanhos não era estranha a Lauren. Ela estava vestida com uma roupa leve jeans, blusinha e casaco e olhava Lauren com um misto de curiosidade e surpresa.
-Eu não te conheço? - Pergunta Dinah.
-Não sei. - Responde Lauren franzindo a testa.
-Espera aí, - diz Dinah animada - franze a testa de novo.
Lauren repete o gesto e Dinah sorri.
-Jauregui, sua imbecil, isso é um ringue de boxe - Dinah começa e Lauren se junta a ela, terminando juntas - não precisa fazer careta pra dar um soco.
-Não acredito, Dinah?
-Sou eu gata.
Lauren larga o esfregão e abraça a mulher em sua frente.
-Quanto tempo hein? Você sumiu.
-Pois é Hansen, eu quebrei o pulso e nunca voltei.
-Fraturas, arrebentei meu joelho e tive que parar também.
-Mas e a Mani? Ainda estão juntas?
-Terminamos a pouco mais de um ano, mas ainda nos vemos todo dia.
-É mesmo?
-Sim, temos um negócio juntas.
-Espera, não me diga que seguiu com aquele plano de abrir uma boate stripper e arrastou a Mani com você.
-Ha... - Dinah solta um grito - Bem que eu queria, mas ela se recusou. Então abrimos uma empresa de casamento.
-Espera, não me diga que...
-Sim, a Vidas Entrelaçadas é minha, de Mani e Camila.
-Camila? - Pergunta Lauren - Que Camila?
-Não chegou a conhece-la.
As duas se olham por um tempo, lembrando de anos atrás quando faziam boxe juntas.
-Então Dinah, o que te trouxe aqui? Quer almoçar agora?
-Não, na verdade eu gostaria de falar com o responsável.
Lauren a encara e abre os braços.
-Pode falar.
-Você é a gerente?
-Sou uma das sócias.
Dinah se surpreende, mas quando assimila seu coração dá um salto. Se Lauren Jauregui é uma das donas ela com certeza vai ajudar Dinah, pelo tempo de amizade.
-Eu preciso que sua chef de cozinha trabalhe pra minha empresa em um evento muito importante Laur.
-A chef de cozinha?
-Sim. Seria só por um dia.
Uma voz melodiosa vem de trás de Dinah.
-O que seria só por um dia?
Dinah se vira rapidamente e seu mundo parece parar.