Talking to the Moon

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Música: Talking to The Moon (Bruno Mars)

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Eu não vi Harry depois disso por um bom tempo, e ele definitivamente me superou depois disso. Afinal, o que mais ele podia fazer? Foi basicamente o que eu disse para ele fazer.

Provavelmente nós estávamos vivendo alguma versão de Simplesmente Acontece, mas sem a parte da gravidez, porque... Bom, porque somos dois garotos. Se um de nós engravidasse seria no mínimo estranho.

Nós continuamos sendo melhores amigos, entretanto. Isso é algo que não mudou entre nós, mesmo depois de tudo. É fácil transformar amizade em amor, difícil é fazer o processo reverso, e a explicação para o porque de nós não termos passado por isso é que eu o amava e ele só gostava de mim, e o fato de eu o amar é o motivo de não nos termos nos afastado: eu o queria por perto, mesmo que fosse apenas como amigos.

Apesar de tudo, eu conseguia esquece-lo por algumas horas por dia, justamente quando eu estava com Stan e Calvin, na escola. Era nosso último ano juntos, depois seríamos designados para colégios de ensino médio na região onde cada um morava, e nós morávamos bem longe uns dos outros.

O verão já estava mostrando sua cara e, bem, nós estávamos nos divertindo.

- Eu não aguento mais essa aula. - Grunhi, vendo o professor de artes semi-surdo falando algo sobre algum cara que já morreu a muito tempo e eu não dava a mínima. - Odeio artes.

- Pelo menos você não tem que estar nas carteiras da frente como o Calvin. - Stan riu, se apoiando contra a parede. Nós nos sentavámos no fundão e juntavámos nossas mesas. Calvin geralmente também sentava com a gente, mas como estava quase reprovando os professores implicavam. - Ele deve ter uma visão completa do Black Power dentro do ouvido do professor.

- Ugh, que nojo, Stan. - Eu ri, o empurrando de leve. - Certeza que ele e a Regina se pegam.

- Deus me livre daquela mulher, como que uma professora de inglês não sabe ler? - Stan gargalhou.

- Muito legal ver vocês se divertindo sem mim. - Calvin gritou do outro lado da sala.

- A culpa é sua de ser burro! - Stan respondeu. Ninguém ouvia pois cada grupo estava ocupado fazendo sua própria bagunça. Nossa sala de aula era um caos.

- Quer saber, cansei. - Bufei e me levantei, pegando minha garrafinha vazia.

- Onde você vai? - Stan me segurou.

- Encher. - Levantei a mesma no ar, dando um sorriso cínico. - E provavelmente não voltar mais. Foda-se a escola.

- Ok, daqui uns minutos eu vou atrás de você. Nosso lugar?

- Pode ser. - Falei me levantando da mesa e saindo da sala, sem nem me importar em dar uma satisfação para o professor.

Eu sempre gostei de ir para escola, mas não a parte de ter aula em si, então, sempre que uma oportunidade para matar aula aparecia, eu não perdia tempo. E, convenhamos, toda aula de artes era uma oportunidade para faltar aula.

Chega até a ser irônico o fato de que, se tinha uma matéria que eu não suportava, era artes, e, bem... Eu estou no meu último ano de artes plásticas da faculdade.

De qualquer forma, eu enchi minha garrafinha e me apressei para o "nosso lugar", que na verdade era um buraco na cerca do colégio, cujo qual ficava escondido perto da caixa d'água. Passei pelo buraco e entrei na trilha que levava para um armazém abandonado do lado da escola.

Reza a lenda que um serial killer adolescente levava sua vítimas para lá através de uma entrada secreta na escola, e já que nós realmente encontramos essa entrada... Bom, acho que já dá um ar mais verídico para a história.

Bound to Lose • l.s Onde histórias criam vida. Descubra agora