Bound to Lose • l.s

Carta da Escritora

E isso foi Bound to Lose!

Agradeço muito a todos que leram até aqui, tanto quem acompanhou quanto quem leu depois.

Se você é alguém que me acompanha, deve já ter percebido como eu, pelo menos na maioria das vezes, trato muito sobre esse tema. Nós, como escritores, escrevemos sobre coisas que conhecemos, e sobre isso eu conheço muito.

Eu nunca escrevi uma fanfic tão grande, e em vários momentos eu parava e pensava "será que devo continuar? Não seria melhor eu terminar agora?", pois todas as minhas outras fanfics são curtinhas, contam um pedaço da história dos personagens apenas. E o objetivo dessa fanfic era totalmente diferente. Eu queria criar uma história não necessariamente longa, mas que contasse sobre a vida. Sobre como quando somos crianças vemos o mundo de um jeito, sobre como de um dia para o outro entramos na adolescência e tudo começa a mudar, toda a alegria se torna romantizada a ponto de não sabermos mais lidar com o mundo, e como quando nos tornamos adultos, as coisas se tornam ainda mais difíceis. Temos que trabalhar, estudar, dar um jeito de viver nossas vidas e não temos mais tempo para realmente pensarmos sobre a nossa existência e o que isso significa, deixando a gente se afundar num poço de escuridão sem sentido até não haver mais o que fazer se não desistir ou procurar ajuda e assumir que há algo errado. Mesmo com o amor do nosso lado, isso não é o suficiente para curar uma pessoa, como na maioria das ficções românticas. Sim, as pessoas podem te ajudar, mas a única pessoa que pode te salvar é você mesmo.

No final dessa fic, Louis é esquizofrênico, mas o ponto de ter acompanhado essa jornada, todo esse turbilhão de sentimentos, é o que importa. Muitas pessoas que leram essa fanfic se identificaram, vieram falar comigo no privado ou algo do tipo, e duvido que todas essas pessoas sejam esquizofrênicas. Eu, por exemplo, não sei se sou. Nunca fui num psicólogo ou psiquiatra por tantos motivos que não vou nem comentar aqui, e apesar de saber que eu tenho que o fazer, eu não posso.

E eu sei que é a mesma coisa com muita gente. Minha vida começou a se tornar um caos de sentimentos desesperadores quando eu tinha 10 anos, minha irmã atualmente tem doze anos e eu fico intrigada com como ela nunca sentiu ou passou (ainda bem) nem metade do que eu sentia. E apesar de eu continuar esse caos mesmo oito anos depois, mesmo depois de ter passado por muita coisa (e que vocês podem ter uma ideia através dessa fanfic, pois ela é um reflexo, mesmo que não idêntico, da minha vida), eu estou aqui. Escrevendo, vendo meus amigos, mesmo que de vez em quando, conversando com meus pais e familiares, jogando The Sims 4 e não sabendo lidar com o final de The End of The Fucking World.

Por que eu sei que eu já estive bem. Apesar de que durante alguns delírios eu não consiga acreditar que eu ao menos sou humana, eu sei que sou. Eu sei que posso sentir o que alguma vez já senti, e eu sei que, depois de ter passado 8 anos sofrendo de quase todas as maneiras, psicologicamente falando, possíveis e não ter me matado todas as vezes que eu pensei nisso, eu posso sobreviver. Mesmo não vendo um porque nisso, mesmo muitas vezes achando que a vida não me aguarda nada, que ela na verdade não faz sentido, eu continuo.

Porque há momentos em que estar vivo é bom, e eles são o suficiente para me manter aqui.

Seja assistindo uma série, ouvindo música, pirando por Larry, jogando um jogo, se divertindo com um amigo, lendo um livro ou fic que você goste...

É cansativo, e é uma luta diária, cada segundo que passa é um aperto, as vezes até uma dor agonizante.

E vai ter um dia que cada segundo que passar vai ser um alívio por não ter desistido. Eu sei porque eu já passei por esse dia, e agora voltei a ter que lutar. Então eu espero por esse dia novamente, pelo momento em que eu estarei tão feliz que toda esse caos que eu passei valerá a pena.

E, do fundo do meu coração, eu espero que essa fic e esse texto final tenha ajudado pelo menos um pouco. Além de criar um universo e uma história para os entreter (mesmo que seja sofrendo um monte hahaha), eu também quis criar um ambiente acolhedor. Claro que se você desistiu no meio, você não conseguiu chegar ao resultado final onde Louis e Harry finalmente conseguiram seguir com suas vidas. Sim, haverão momentos difíceis, mas também haverá paz. Haverá pelo o que lutar. Há trevas e há luz, e acreditem em mim quando eu digo: vale a pena. Clichê, eu sei. E talvez amanhã eu nem pense mais desse jeito, e no dia seguinte eu concorde novamente com tudo o que eu falei, mas nesse exato momento em que eu estou, exausta com a faculdade, trabalhando pra caralho e tendo que economizar dinheiro, eu posso afirmar que é bom estar vivo. Sim, poderia ser melhor. Poderíamos viver num mundo onde as coisas são lindas e utópicas (ala as pessoas vindo me chamar de comunista), mas não vivemos. Então temos que nos agarrar aos momentos bons e os usar de escudo contra os ruins, aprender com eles e seguir em frente até o momento em que haverá mais uma batalha que você, assim como eu e como Louis, pode vence-la.

Dito isso, espero que tenham gostado dessa fanfic e os convido a ler outras minhas, ou até mesmo a me chamar no chat para conversarmos sobre qualquer coisa. Não posso prometer que vou ajudar, mas às vezes saber que tem alguém te ouvindo faz bem, mesmo que não pareça.

Com muito amor, Jane.