- Eu não gosto de comer. - Suspirei, olhando para o pedaço de panqueca que estava preso em meu garfo. Ergui o mesmo na frente de meus olhos e fiquei o girando, mesmo sentindo meu estômago já doendo por ter passado muito tempo sem me alimentar. Vi Harry virando seu corpo para mim, mas ainda continuava a misturar a massa.
- Como assim? - Ouvi o tom risonho em sua voz e abaixei o garfo, olhando para o prato.
- Me faz me sentir estranho. - Murmurei, voltando a segurar o garfo. - E se nós conseguimos viver sem comer nada, mas os empresários mentem pra gente para que continuemos comprando as comidas?
Harry soltou uma risada alta com isso e eu sorri um pouco, olhando para o garoto. Era engraçado vê-lo com todas aquelas tatuagens, aquele topete, parecendo um verdadeiro bad boy dos anos setenta, sendo tão doméstico. Então franzi a testa porque voltei a sentir aquilo. Não era engraçado, não parecia ser real.
- Acho que as pessoas na África não pensam do mesmo jeito. - Ouço sua voz e volto meu olhar ao prato, finalmente comendo o pedaço que havia cortado da panqueca.
- Eu não sei explicar. - Dei de ombros, forçando um sorriso para ele quando Harry se virou para me olhar de verdade enquanto despejava a mistura. - As vezes eu me sinto um alienígena. - Falei, observando enquanto Harry girava a massa. - Talvez eu seja. Você acha que eu sou um?
Harry terminou sua panqueca e se virou para mim com um sorriso no rosto enquanto andava até a pequena bancada que havíamos comprado recentemente e sentava-se de frente para mim. - Você certamente é único.
Franzi a testa para aquilo. - Isso é algo bom ou ruim?
Harry ia me responder quando o interfone começou a tocar incessantemente e sua expressão confusa se tornou ainda mais confusa. Por um momento eu não conseguia também me lembrar quem estava ali, mas alguns segundos depois da confusão coletiva, me levantei rapidamente e atendi.
- Seu cuzão, eu tô carregando duas crianças no colo e a Fizzy tá segurando nossas malas... - Ouvi a voz facilmente reconhecível de Lottie do outro lado da linha e sorri. - Venha ajudar a gente logo.
- Calma, princesa, estou indo. - Brinquei, desligando o interfone e colocando meu Converse que estava perto da porta.
- Quem é? - Harry apareceu no pequeno corredor com sua testa franzida.
- Minhas irmãs. - Suspirei, sorrindo para ele do chão e arrumando minha franja. - Acho que você deveria por uma camisa. - Falei, olhando para o tronco tatuado de Harry e me levantando.
- Oh. - Ele riu, deixando um selinho em meus lábios. Aquilo foi levemente desconfortável, parecia tão casual, tão nostálgico. Tão errado, mesmo sendo tão certo.
Eu estava tão confuso. Me sentia completamente falso. Às vezes, o mundo parecia irreal, às vezes, eu me sentia irreal. Eu não queria ser humano, não me sentia bem assim. Era como se tudo o que eu fizesse estivesse errado. Como se o fato de eu comer, de dormir, de sentir... Fosse falso. Como se alguém estivesse controlando o meu corpo e eu, Louis, não existisse.
Mas eu não tinha que fingir que estava feliz ou triste ou qualquer coisa. Eu realmente sentia tudo isso, mas parecia errado. E sempre que eu lembrava, eu desligava. Às vezes por alguns segundos, às vezes por um dia.
Destranquei a porta e a deixei aberta, desci as escadas correndo e abri a porta de entrada, me deparando com um monte de crianças.
- Oi, cabeção. - Phoebe disse com um sorriso travesso e eu franzi a testa enquanto Fizzy jogava as malas dos bebês em meus braços, ou seja, as maiores.
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Bound to Lose • l.s
Fanfic- Eu sempre quis escrever um livro. - Suspirei, jogando minhas costas contra o sofá. - Talvez você devesse. - Harry disse, dando de ombros. - Ah, claro. - Falei sarcasticamente, o que o fez se virar pra mim e vi que ele estava falando sério. - E sob...