love, love, love

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Lauren deixava seus olhos verdes caírem sobre a figura frágil encolhida contra a parede, abraçada aos próprios joelhos, em silêncio. Alguns metros de distância era tudo o que tinham; e nada, nunca, pareceu tão longo. Como se um grande muro houvesse sido construído sem que ninguém percebesse, e, agora, era tarde demais. O espaço estava delimitado: uma cá, outra lá.

"O que tá acontecendo com a gente, Camz?" A voz irrompeu o vácuo; já cansada, sem o tom agressivo da discussão fervorosa, sem a expectativa de uma resposta.

Amor. Camila não abriu a boca para falar nada, tampouco Lauren se dispôs a continuar. Mas fora o amor. Antes tivesse sido um erro, uma traição, uma ofensa, uma facada no peito ou o mundo em oposição. Antes fosse ódio, raiva, rancor, mágoa. Antes fosse tudo de ruim que havia no universo, antes fosse o gosto amargo no paladar provocando a ânsia de vômito, a vontade de apagar tudo, de não voltar atrás, de nunca mais se encarar.

Mas era amor; e, por isso, continuavam dividindo o mesmo ambiente, como se, por mais alguns segundos, de forma torta ou não, pudessem se ter. Alimentando de migalhas a esperança de que alguém fosse falar a palavra mágica para acabar com a guerra, salvar os povos, instaurar a paz novamente; a esperança de que nascesse no peito uma vontade que não a de sentar e desistir.

Pois foi amor por muito tempo, e o abandono era dizer adeus para tudo. E nenhuma das duas queria realmente partir... Queria ainda, porém, alguém ficar?

É que, de repente, os músculos cansavam só de pensar no esforço para rearranjar a vida inteira. Dividiam o mesmo roupeiro, o mesmo cardápio, os mesmos amigos. Os quadros de Lauren estavam espalhados por toda a casa e as composições de Camila pairavam no ar. A geladeira era de Lauren, o sofá de Camila, mas a câmera da primeira havia sido um presente da segunda, assim como o teclado da segunda havia sido um presente da primeira. Então o que era de quem, se, até então, Lauren e Camila eram uma da outra? Quando foi que tudo mudou tão rápido?

A mistura homogênea das almas fazia impossível o ato da separação. Sempre iria ficar algo, um pouco de uma em outra e um pouco d'outra em uma. E isso dificultava o ato de se desprender. O nó havia sido dado, uma, duas, três vezes. Um ponto cego.

Era amor demais para que agora fosse esse nada.

Em um gesto, um único e simples, mas decisivo, gesto, o fim foi anunciado. Lauren levantou-se, soltando um último suspiro, e disse uma daquelas frases clichês, como "nós nunca daríamos certo" ou "é melhor esquecermos tudo isso", buscando força dentro de si e quebrando o coração de Camila mais uma vez.

"Tá tudo bem." Ela completou, enquanto os olhos de Camila, dessa vez, escaneavam a menina a sua frente, pedindo por algo mais, pedindo por uma tentativa. Afinal, depois de tudo, apenas isso?

Não, não tá tudo bem, Camila pensou. "É, tá tudo bem." Disse.

E esse foi o grande erro que Camila cometeu, mais uma vez. Ela não disse o que realmente pensava. E Lauren nunca pode saber.

Mas o amor é assim, embora o fim seja triste, e repleto de lágrimas. São dois corações sofrendo separados pela mesma razão, pois o apoio resultaria em recaída e o único remédio é a solidão. Solidões que são vividas de formas diferentes, e podem ser mal interpretadas.

Lauren encontrou a solidão em outros corpos, como tentando matar os pensamentos e ocupar as mãos com outra coisa além dos seus pincéis, que desenhariam o rosto que ainda a inspirava. E, talvez, mas, apenas talvez, tenha encontrado novas inspirações, ou enganado a si mesma, tornando-se alguém que já não vivia mais sem amor, por mais escassos que fossem estes.

Camila encontrou a solidão em si mesma, buscando afogar-se na dor e se deixando inundar pelo sentimento que a sufocava, dia após dia, até que as mãos da tortura pareceram começar a afrouxar e, em breve, já podia respirar novos ares de novas estações.

E é claro que as vidas seguiram, assim como tinha que ser... Memórias, porém, não somem assim.    

***

oieh garfonizers! sei que os abandonei mas estava ~vivendo a vida~ y escrevendo poemas.

porém decidi voltar para o mundo fanficcional entao espero que gostem dessa fic y me perdoem pelas antigas bombas literarias.

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eh homenagialas

smoke in your eyesWhere stories live. Discover now