Capítulo 8

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Cruel é a noite que encobre seus medos



Chantal


Agacho-me e começo a puxar todas as ervas daninhas que cresceram entre as plantas e vou jogando-as para o lado. Repito o processo por toda a extensão e fico feliz quando termino, pois essa é uma tarefa que não vou precisar repetir por um tempo.

Levanto do chão para continuar com meus afazeres, quando vejo Pierre de pé no centro de sua sala, próximo da vidraça com os olhos fixos em mim, por um momento me sinto acuada, vigiada e um tanto assustada.

Há quanto tempo ele está ali me observando, o que ele pensa que está fazendo?

Eu devo ir até lá e dizer que não gosto disso, não importa se me ajudou antes. Entretanto, não sei que tipo de pessoa ele é, talvez eu deva fingir que não o vi e... isso é ridículo! Estamos nos olhando mutuamente, como posso fingir que não o vi.

Vou até lá.

E no instante em que me decido, vejo-o se curvar para frente com a mão no peito, seu corpo vai baixando até seus joelhos tocarem o chão, seguido por suas mãos.

— O que está havendo?

Isso só pode ser brincadeira! Olho para os lados a procura de mais alguém, não há ninguém. Ele não se levanta e agora posso vê-lo encolhido no chão.

— Isso é sério? — murmuro e caminho até a rua.

Pierre continua no chão e, quando ouço um grito ensurdecedor emanar dele, percebo que alguma coisa está realmente acontecendo e corro em desespero para ajudá-lo. Não me preocupo com cerimônia e pulo o portão da casa que não tem mais de sessenta centímetros de altura e em segundos estou dentro de sua sala.

Ao vê-lo fico sem saber como agir, ele se debate com as mãos agarrando o próprio corpo em meio a gemidos e urros de dor.

— Meu Deus!

— Pierre, o que foi?

Ele não responde e continua a girar de um lado para o outro.

Levo minhas mãos à cabeça, sem saber como agir. Ele deve estar sentindo muita dor, isso só pode ser um ataque cardíaco e eu estou aqui sem meu telefone para ligar ao pronto socorro. De joelhos no chão saio batendo as mãos no chão a procura do telefone dele e o vejo caído próximo de sua cabeça, pego o aparelho rapidamente e ligo a tela, agradecendo por não ter nenhuma senha de bloqueio, começo a discar para o hospital principal.

— Pierre, Pierre, calma, fica calmo... Eu vou chamar ajuda. — Ele não me responde, deixando-me cada vez mais desesperada.

De repente ele para de se debater e fica pálido como uma folha de papel, tenho a impressão de que ele parou de respirar. Ele está desmaiado? Teve uma parada? Encosto minha orelha próxima de suas narinas e não consigo ouvir sua respiração.

Não!

— Hospital principal. — Finalmente, o hospital atende a minha ligação.

  — Preciso de ajuda, pelo amor de Deus! —  falo, desesperada. 

— Senhora, tenha calma, e diga o que está acontecendo.

— Eu acho que meu vizinho está tendo uma parada cardíaca!

SEM CAMINHO (Amazon e Físico no daniassis.com.br)Onde histórias criam vida. Descubra agora