Chantal
Assim que escancaro a porta dou de cara com Henri com um sorriso imenso nos lábios e alívio toma conta de mim.
— Você me assustou — falo, levando uma mão ao peito.
— Por que, o que aconteceu? — Henri pergunta, entrando na minha casa e toca meu ombro.
— Nada, é que sempre assusto quando o telefone toca ou alguém chama. — Fecho a porta, já que ele entrou.
Ele acena concordando comigo, e sei que entende o que eu quero dizer.
— Eu passei para saber como está, e para pedir um favor — fala, animado.
— Favor? — Cruzo meus braços e inclino minha cabeça imaginando que tipo de favor ele poderia me pedir.
— Sim, quero que vá comigo escolher a decoração da festa na fazenda. Eu poderia ir sozinho, mas não é a mesma coisa, prefiro fazer isso com você.
Eu tinha até me esquecido da bendita festa?
— Mas essa hora? Não tem nada aberto em Lores agora?
Henri vai até o sofá e se senta confortavelmente.
— Não vamos a uma loja, vamos até a casa da Margot.
Margot é a decoradora oficial da cidade, a maioria das pessoas faz sua própria decoração caseira quando se trata de um aniversário ou uma inauguração, mas os mais endinheirados sempre a contratam quando querem algo mais sofisticado e diferenciado, ela vai todo mês para a capital e volta com uma infinidade de ideias e artigos diferentes. Sei que seus clientes se estendem para no mínimo mais três cidades ao redor de Lores.
E mesmo sendo noite, tenho certeza que ela encontra um horário para receber Henri, atualmente ele é o herdeiro mais bem cotado da cidade. Para mim, ele é só Henri, o garoto que conheço desde criança.
— Tem que ser hoje? — pergunto, com um tom desanimado.
Lembro também que Pierre está na cozinha e não é nada educado mandá-lo embora de supetão, além do que, estou cansada do dia no hospital e da faxina na casa dele.
— Ela me ligou pouco tempo atrás e disse que tinha reservado um horário só para mim agora à noite.
— Sério? Um horário só para você? — indago, rindo. As mulheres dessa cidade dariam um braço para ter meu amigo, ele na maioria das vezes nem nota como todas caem pelos cantos quando passa.
— Para com isso, ela está com a agenda cheia e a festa na fazenda será boa para o portfólio dela. E não custa você me ajudar nessa, não tenho muita ideia do que fazer para deixar essa festa de arromba.
Fecho um dos olhos e faço uma careta, pronta para negar seu pedido e pedir para ele reagendar a visita à Margot para outro dia, e assim que vou começar a falar Pierre aparece na sala.
Henri se põe de pé no mesmo instante e encara Pierre como se estivesse vendo um fantasma.
— Eu já vou, obrigado pela refeição.
Pierre desvia seu olhar para Henri e lhe oferece um aceno de cabeça não retribuído por Henri, que continua a encará-lo como se uma assombração houvesse se materializado dentro da minha casa.
— Henri, esse é Pierre ele está vivendo na casa da frente.
— Pierre — murmura, como se estivesse memorizando algo importante em sua mente. — Como vai? — diz, depois de um tempo e se aproxima estendendo uma mão para Pierre.
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SEM CAMINHO (Amazon e Físico no daniassis.com.br)
Chick-LitCompleto na Amazon e Livro físico no site www.daniassis.com.br Pierre sofre um grave acidente de carro que resulta em marcas profundas que ultrapassam as visíveis em sua pele. Desde então, coberto por cicatrizes, Pierre esconde seu corpo e, sobretud...