Capítulo 11

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O desalento de sua alma chama meu coração

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O desalento de sua alma chama meu coração.

Chantal


Depois que Pierre concorda em receber minha ajuda, sigo com ele para a parte de cima da casa e olho para o quarto que dá última vez ele limpava, reparo que o lugar continua sujo, que o único cômodo limpo, é o que eu já havia limpado.

Relembro da expressão de pânico em seu rosto naquele momento em que eu vi as marcas em seus braços, minha língua martela dentro da boca para perguntar o que aconteceu com ele, mas visto seu desespero na sala quando passava mal e depois ao esconder os braços nesse mesmo quarto, apreendo que não é um assunto que ele queira falar. Imagino que por sua reação extremada, as marcas em seu rosto e braços não devam ser as únicas.

Pierre está em silêncio ao meu lado, à espera de mim.

— Qual deles vai deixar as flores? — pergunto, indicando os três quartos.

— Esse — diz, mostrando o cômodo que fica de frente para a rua, e que é o quarto que mais recebe a luz do dia.

— Hum! Então, acho melhor você começar pelo fundo, enquanto eu pego esse. — Aponto para o quarto sujo à minha frente.

Ele assente e segue para o último quarto no fim do corredor, carregando uma vassoura, panos e um balde com água e sabão e começamos a limpeza.

E assim as quatro horas seguintes passam conosco sem trocar qualquer palavra. O silêncio só não é maior porque ficamos ao som dos esfregões no chão e pouco a pouco a casa começa a ser habitável novamente. O cheiro de mofo e poeira no ar, é substituído por um suave odor de lavanda. Pierre acaba por fazer todo o trabalho pesado, sem que eu precise dizer nada, ele sabe exatamente como e onde limpar, e por um momento, penso em qual a razão de ele não ter feito isso assim que entrou na casa.

Eu sinceramente achei que ele era daqueles homens que não sabem fazer nada, ao menos foi essa a impressão que tive da primeira vez que o vi segurando a vassoura.

— Você fez um bom trabalho. Achei que não sabia como limpar — profiro.

— Isso é algo que todo mundo nasce sabendo — justifica. Ele agacha diante do balde com água e começa a torcer entre as mãos o pano que acabou de passar numa das paredes.

— Não é não. Henri, por exemplo, não tem a menor ideia de como fazer. Da última vez que se propôs a me auxiliar em casa, acabou por atrapalhar mais que ajudar.

Pierre interrompe o movimento que estava fazendo com o pano e se mantém agachado olhando para a água dentro do balde.

— Henri? O homem com quem estava no Grains?

— Sim, ele. Logo que Henri voltou para a cidade e ainda não tinha assumido os negócios do seu pai, ele tinha mais tempo sobrando e tentou me ajudar em casa algumas vezes, mas ele é um completo desastre na arrumação — explico —, talvez seja porque sempre tem quem faça tudo para ele — penso, por um instante. — E você, sempre ajudava sua mãe na limpeza? Por isso aprendeu como fazer? — pergunto.

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