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⚠️Aviso: Pode conter gatilho!⚠️

— Papai… Jimin pode ver TV?? – perguntou o ômega, olhando para seu pai, sentado no sofá.

— Garoto, fique longe de mim.

— Jimin só quer ver desenho.

— Eu to assistindo o jornal. Some daqui. – apenas olhou para o menino, seus feromônios podendo ser sentidos por toda a sala.

Jimin abaixou a cabeça, subiu as escadas e entrou em seu pequeno quarto. Sentado no chão, olhou à sua volta; as paredes sujas e descascando, a pequena cômoda velha sendo ruída pelos cupins, e sua caminha, arrumada apenas porque sua mãe o ensinou.
Era tudo muito simples, nem parecia que sua família já pertencera a alta sociedade. Jimin se sentia mal por estar ali, vivendo daquele jeito, sem sua mamãe. Era triste e ruim para ele.

O pequeno moreno se levantou, levou seus pequenos bracinhos em direção a uma caixa, cheia de brinquedos e livrinhos. Pegou um dos objetos, era um livro; porém, Jimin não sabia ler. Queria tanto pedir a seu papai, sentar-se com ele e escutar a historinha; mas sabia que não podia, seu pai não o amava.
Passou a ponta dos dedos pelas figuras, na cabeça, tentava adivinhar o que significava. Em sua boca, formou-se um sorrisinho, por se lembrar da voz daquela mulher que cuidava dele; a mulher que simplesmente o amava com todas as suas forças.

— Jimin sente falta… – Sussurrou. — Muita falta. – Completou, fechando o livreto e o colocando de volta na caixa.

O ômega abriu a velha janela com certo esforço, já que ela estava quase emperrada. Pôs a cabeça para fora e logo visualizou uma senhora com seu cãozinho.

— Au Au! – disse, dando uma leve risadinha em seguida.

Virou o rosto para o outro lado, lá em baixo estava um tiozinho gordinho. Ele comia uma hambúrguer enorme. O moreninho se perguntou como é que ele aguentava, mas "raciocinou" que, com a barriga daquele tamanho, poderia comer tudo o que quisesse em um dia só. Riu. O pequeno, mesmo sem saber quase nada, tentava buscar desculpas para tudo.
Voltou-se para dentro do quarto. Estava escurecendo e sua barriguinha roncava muito; Jimin não comia a quase dois dias, já que estava de castigo por ter rasgado (sem querer) o jornal que seu pai ia ler. Patético. Não era motivo para tal castigo, mas o alfa buscava todo e qualquer motivo para fazer o ômega sofrer. Ridículo.
O baixinho já não aguentava mais a fome, mas se lembrava muito bem das palavras duras do maior:

"Três dias, ouviu bem? Três dias. Descumpra isso, e ficará uma semana trancado nesse quarto imundo, seu fedelho"

— Jimin quer…

Tudo que ele queria era comida, nem que fosse o resto do prato de seu pai, como de costume; ele só queria comer.
Se jogou na cama, ouvindo ela estalar com o impacto. Pronto, agora sua caminha já era. Suspirou uma, duas, três vezes e depois se encolheu. Deduziu que já era hora de nanar. Tecnicamente certo, se cobriu e fechou os olhos, começando a cantar baixinho.

— Dorme Filhinho, mamãe já vai voltar. Seja um bom menino e o papai vai te amar.

Logo pegou no sono. Sua boca carnuda e rosada estava entreaberta, ajudando na respiração, já que seu nariz não conseguia sozinho devido a gripe.
Na sala, o alfa ajeitava a calça, pegando a chave e saindo da casa em seguida. Iria para o bar mais próximo, encher a cara. Ia a pé mesmo, não tinha carro nem dinheiro para táxi
O dono do bar o viu de longe; só pelo seu jeito, já adivinhava que iria dar dor de cabeça, conhecia seu tipinho.
O homem pediu logo uma garrafa de whisky. Virou de uma vez, fazendo isso até a garrafa se esvaziar. Depois de mais uma, o cara já estava bêbado, falando coisas.

— Nem pra aquela mulher me dar um filho descente. Tinha que ser um ômega passivo. Um gay!

Um rapaz da mesa ao lado, escutando isso, revirou os olhos. Mas parece que não era o pior. O velho resolveu se sentar junto a ele, na mesma mesa.

— Vo… cê não sabe o quão ver… Gonhoso é ter um filho como ele. Irritante. Deveria ter morrido com a desgraçada da mãe.

O moço não suportava gente assim. Se levantou e quando estava prestes a sair, sentiu uma mão segurar seu braço; era o bêbado.

— Aon… De você vai??

— Não lhe devo satisfação.

Puxou seu braço, ignorando totalmente o velho, deixou uma quantia de dinheiro em cima do balcão e foi embora.
O alfa continuou lá, mas dessa vez, cantava, cantava como louco que, certamente, era. Nem o dono, nem os clientes queriam ele alí, enchendo o saco. O responsável pelo bar temia por seu faturamento da noite, e então, como obrigação, foi até o homem e pediu com educação para que se retirasse. O cara riu, debochando do sóbrio, que repetiu o pedido, novamente negado. Impaciente, o senhor chamou dois outros homens, ainda maiores que ele, e pediu para que tirassem o velho bêbado de seu bar.
Mesmo protestando, não conseguiu impedir que o jogasse na rua, como um saco de lixo. Xingamentos e mais xingamentos foram dirigidos ao senhor do bar, que não deu a mínima.

— Eu tenho direito de ficar aqui… vo. Vocês não podem me expulsar!

Notando que suas palavras não tinham efeito, o homem os amaldiçoou com sua vingança:

— Vou voltar. Vocês… Vão se arrepender. Imundos, vermes desgraçados!

Tomado pela raiva, se levantou e, mesmo tonto, começou a andar de volta para sua casa.
Não havia quem não temia por Jimin, ao ver o homem passar, imaginando o mal que ele causaria a qualquer um. Odores fortes; seus feromônios. A maioria dos ômegas que passavam por ele eram olhados com desdém.
Ao chegar em sua casa, custou encaixar a chave na fechadura e ao fazer, quase caiu ao abrir a porta. Fechou-a estrondosamente, fazendo com que o ômega despertasse.
O pequeno correu até sua porta e a trancou. O alfa subia as escadas sorrindo, mas emanando feromônios fortes demais para alguém feliz. Assim que chegou à entrada do quarto, notou o impedimento; bateu forte na madeira e uma só voz, grave e assustadora, foi ouvida:

— Jimin!

I Need U - JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora