Amor

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Se um dia eu te perguntar se você gosta dele e você me responder que ele é doce e gentil, eu vou mandar você se foder.

Porque isso não é suficiente para se engatar um relacionamento.

Isso não é suficiente para ser considerado amor.

Amor é o brilho da brasa de um cigarro fumado a noite enquanto se olha as estrelas.

É esse amor que consome. Consome até o filtro, até não restar gosto de nicotina nos lábios.

Amor é as cinzas que ficam ao chão, e que a chuva da tempestade leva.

É os passos que marcamos na areia da praia e que o mar apaga.

Amor é aquilo que o vento emudece, é aquilo que é deixado para trás deixando no seu lugar lembranças.
As lembranças de um sentimento que a intensidade se fez presente.

Te consumindo de alegria quando te arrancou risos.

Te consumindo de tristeza quando chegou a hora do pesar.

Te consumindo como um asmático consome oxigênio até que não consiga respirar mais.

O amor é aquilo que é arrancado de você, nem sempre de maneira pacífica, e que te deixa buracos.
Buracos que podem ser preenchidos novamente.

Assim como se pode acender outro cigarro.

Assim como se pode fazer o caminho contrário na beira da praia.

Assim como se pode salvar um ataque de asma com uma bombinha.

Por isso que quando eu te perguntar se você gosta dele, eu não vou aceitar menos que um olhar confuso e alguns minutos para se pensar na resposta.

Porque o amor suficiente que necessitamos te consome até você se perder de si mesma.

Até virar você do avesso para você descobrir que aquele era seu lado certo.

É essa confusão momentânea que está presente em todas as perguntas em relação a ele, que você só poderá responder quando estiver face a face com ele.

Porque o que te faz amar é a nitidez com que vê os detalhes dele e a nitidez com que ele faz você enxergar os seus próprios.

É aqueles dias que você se olha no espelho se sentindo linda e aqueles outros dias que você se decepciona ao encarar seu reflexo.

Amor é a variável mais complicada de se encontrar e que mesmo depois que se encontra, continua variável.

Por que o amor é exatamente isso:

Não ter certeza de absolutamente nada e mesmo assim se achar merecedor de tudo.

Contos de uma adolescente problemática Onde histórias criam vida. Descubra agora