Acordei no outro dia sem vontade de levantar, rolei na cama, até perceber que levantar seria inevitável. Fui tomar café da manhã de pijama, com o rosto inchado de tanto chorar e os olhos tão pequenos que mal conseguia enxergar direito, todos me olhavam, mas ninguém dizia nada. Nem comi direito, estava enjoada. Estar triste e com raiva sempre me deixava assim, apática após surtos de raiva. Voltei ao meu quarto e deitei na cama de bruços como sempre, sobre um travesseiro, pensei que esse travesseiro poderia ser o Kei, chorei e lembrei que Kei sempre teve essa mania de sumir.
Depois do encontro no karaokê, eu marquei de sair com ele, e depois saímos de novo e de novo e outra vez e assim foi, saíamos quase todos os dias para restaurantes, parques de diversões, karaokês, mas ele nunca me convidou para ir a sua casa e ele não entrou na minha casa, era mais uma amizade do que outra coisa.
O primeiro beijo foi durante um piquenique em um parque. Ele me convidou e achei que era coisa de criança, mas nenhum cara me chamou para fazer algo assim, então aceitei. Levamos comidas, bebidas e aquela toalha quadriculada clássica. O dia estava ensolarado, era primavera e a convivência com mais brasileiros havia melhorado a fluência de Kei na língua portuguesa.
Entre tantos assuntos que poderíamos abordar naquele dia, o escolhido por Kei foi relacionamentos anteriores:
- Alice – ele hesitou antes de perguntar - você já amou alguém?
Não esperava por uma pergunta tão direta como essa e tentei responder da forma mais prática possível e é claro que falhei:
- Eu já namorei um cara...- Não, Alice... – me interrompeu sério enquanto olhava nos meus olhos – Acho que não entendeu minha pergunta, então vou repetir. Você já amou alguém?
Não houve como fugir dessa pergunta, assim como nunca consegui fugir de nada relacionado a Kei, tive que mergulhar no lamaçal que eram meus relacionamentos para responder sem assustá-lo:
- Acho que não. Já fui muito amada, mas eu nunca me prendi, nunca fixei raízes ou pensei em casar. Namorei um cara que me amava muito. Mas... Eu fiz besteira.
- Você se arrepende?
- De ter namorado com ele não, foi bom, é bom ser amada. Mas me joguei por impulso naquele relacionamento e depois percebi que estava fazendo alguém sofrer com toda a minha indiferença. Ele não merecia aquilo, tentei terminar com ele de diversas formas, mas ele não queria. Então o fiz me odiar. – suspirei e percebi que Kei estava tenso, obviamente eu havia falhado em não assustá-lo - E você, Kei?
- Sinceramente, estou com medo Alice.
- Do que?
- De me decepcionar.
- Comigo? – Questionei em sobressalto.
- O que você fez para o seu ex-namorado te odiar?
Gelei com a pergunta, mas pelo rumo da conversa preferi não mentir:
- Eu o traí... Com o melhor amigo dele. – Kei me olhou com repulsa – E... Depois disse ao meu ex que... O amigo dele era melhor.
- Uma decisão do coração. Imprudente. É disso que tenho medo.
- Tem medo de mim?
- Alice...
- Eu faço valer a pena.
Me aproximei devagar olhando em seus olhos e o beijei, segurando bem forte sua nuca com a minha mão direita e a esquerda desceu o ombro dele até suas costas, ele colocou uma mão na minha cintura e a outra no meu rosto, ele fez um carinho tão gostoso no meu rosto, que eu até perdi a concentração, abri os olhos e olhei nos dele e dessa vez foi ele quem me beijou.
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Akai Ito, o fio vermelho do destino.
General FictionMaria Alice Lenmer foi abandonada por seu noivo, Kei Yamamoto no dia de seu casamento. Desesperada e inconsolável decidiu procurar por respostas, porém encontrou rastros que levam a crer que seu noivo tinha envolvimento com a Yakuza e que talvez uma...