Olha o que você me fez fazer (Parte 2 - Alice)

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Acordei aos poucos ainda zonza, tudo girava ao meu redor e então percebi que não conseguia me mover, meus braços estavam amarrados pelos pulsos nas minhas costas, meus pés também, havia um pano me amordaçando e cordas grossas me prendiam a cadeira que eu estava sentada, um forte cheiro de gasolina dominava o local, levantei a cabeça e vi uma câmera sobre um tripé focada na minha direção, o local era iluminado por algumas luzes penduradas, meu pescoço doía e quando consegui abrir meus olhos Ayana estava sentada em uma cadeira ao meu lado, ela retirou a mordaça da minha boca e antes que eu pudesse ficar lúcida o suficiente para xingá-la, ela disse:

- Me desculpa.

- Me solta que eu não te mato quando sair daqui.

- Não posso te soltar. Preciso de garantias de que o Kei vai vir aqui te resgatar. Não é nada pessoal, mas preciso que ele pense que eu vou te queimar viva.

- O que? – questionei não crendo no que ouvi – Você é maluca Ayana? Você está perdendo o seu tempo, porque ele não vai vir. Ele não me ama o suficiente para se arriscar assim.

- Kei odeia perder, Alice. Ele não vai vir para resgatar a amada indefesa. – ela disse a frase seguinte com um sorriso calmo e compassivo - Ele vai vir punir a vadia que ousou tirar dele o melhor amigo e a garota com quem ele transava.

Depois de ouvir aquilo entendi o que ela quis dizer, eu não era a isca, muito menos Jin, Ayana era a isca, ele viria para se vingar dela.

- Ele vai te matar.

- E se ele fizer isso, perderá a proteção do Sr. Yamada e então meu pai e qualquer outro membro das máfias chinesas vão poder matá-lo.

- Não, Ayana... – as lágrimas caíram dos meus olhos sem que eu mesma percebesse, pela personalidade decidida de Ayana, não havia nada que eu pudesse dizer para mudar sua mente e aquilo apertou no meu peito – Tudo isso é pela Pei?

Ayana me deu um sorriso triste enquanto secava minhas lágrimas dizendo:

- Isso é por todos que ele machucou. A Pei, Jin, Saori, O seu bebê, seu irmão e você. A lista é muito maior.

- Eu não quero te ajudar a se matar.

- Nem se eu puder salvar a vida do seu irmão em São Paulo?

- Você não pode fazer nada para ajudar.

Vi um sorriso compassivo surgir no rosto de Ayana e então ela disse:

- Christian Lenmer, Hospital Santa Clara leito 245. Precisa de um transplante de coração, rins e fígado. Posso fazer aparecer tudo isso lá para ele lá.

- Como?

- Tem uma vertente da família que trabalha com tráfico de órgãos...

Não deixei que ela terminasse dizendo:

- Tráfico de órgãos... Não quero me envolver com esse tipo de coisa. Posso estar desesperada para salvar meu irmão, mas não ao ponto de apoiar uma coisa dessas.

- Por favor, Alice, eu só quero te recompensar por me ajudar com isso.

- E também – disse tentando não parecer emotiva - Ayana, não posso escolher entre vocês dois. Por favor, não me obrigue a isso!

- Mesmo que não queira, eu já mandei alguém lá com os órgãos perfeitos.

- Não, Ayana! Quando ele chegar vou dizer que foi tudo armado – gritei em um lampejo de desespero - Que é esse seu objetivo, vou fazê-lo ir para longe e não te matar.

Akai Ito, o fio vermelho do destino.Where stories live. Discover now