Na tarde do dia seguinte embarcamos para Frankfurt, na Alemanha, Jin teve que trocar a passagem dele porque tivemos problemas na viagem, não é fácil conseguir visto para China em cima da hora e a sorte foi que pelo menos cidadania europeia eu tinha, isso facilitou um pouco a situação. Passamos uma semana na Alemanha e por sorte nesse quesito de viagem, meu pai era muito mais inteligente que eu, já que liberou meus cartões para Europa também.
Sentia um misto de raiva e ansiedade, primeiro porque Jin me culpava pelo atraso da viagem e eu o culpava de volta por resolver me ajudar tão em cima da hora, entramos no avião brigando:
- Não sei onde eu estava com a cabeça quando resolvi te trazer comigo. – suspirou enquanto entrava no avião - Vou chegar ao meu compromisso uma semana atrasado, você tem noção disso?
- Te falei para ir na frente, você que não quis me deixar sozinha em Frankfurt. – respondi – E para de me perguntar se eu tenho noção das coisas, isso faz parecer que...
- Você é uma sem noção? – interrompeu – Que bom que entende as entrelinhas.
Revirei os olhos e suspirei, Jin queria me tirar do sério e estava conseguindo, passei a frente dele o empurrando contra a porta do avião e segui até a minha poltrona, me sentei e coloquei o cinto. Jin se sentou ao meu lado e pegou seu celular, digitava sem parar e aquilo me irritava, então coloquei meus fones de ouvido, liguei uma música tranquila, coloquei minha almofada de viagem no pescoço e fechei os olhos, não vi quando o avião decolou, nem nada do voo, mas tive um sonho estranho, sonhei com meu irmão.
No meu sonho, eu estava no jardim da casa do meu pai e meu irmão estava sentado na grama olhando para a estufa do papai, parecia um dia de verão, o sol brilhava alto sobre nós dois, aquele cenário abrigou uma lembrança da minha infância, mas agora não conseguia sentir o calor, tive certeza que aquilo era mais um dos meus sonhos lúcidos. Então me sentei ao lado do meu irmão e percebi que ele estava aflito:
- O que você está fazendo?
- Lembra quando você tirou o apêndice? – perguntou sem desviar seus olhos verdes da estufa.
- Quase morri de tanta dor, mas você ficou comigo até eu acordar da cirurgia e depois também.
- Não estava sentindo a sua dor, mas queria que fosse em mim. A ideia de te ver sofrer me fazia querer trocar de lugar com você.
- Você me disse isso.
- Então eu queria que você soubesse que eu não quero os seus órgãos. Se eu acordar e saber que seu coração bate no meu peito, vou enlouquecer.
- Não vai poder me matar se eu já estiver morta.
- Escuta Alice. – disse sorrindo – Eu não vou acordar e aceito isso.
- Chris... – minha voz falhou, e senti minha garganta apertar – Esse é um daqueles sonhos?
- Talvez – ele disse finalmente me olhando.
Minhas lágrimas começaram a rolar e então meu irmão segurou minha mão direita dizendo:
- Estou feliz que tenha sido eu e não você.
- Para de falar isso seu idiota.
- Meu tempo está acabando, mas quando eu partir quero te ver uma última vez. Vou te esperar viu, então não demora.
- Não.
Fiquei desesperada, chorava copiosamente e então Chris disse:
- Acorda Alice. – e depois repetiu, porém com a voz do Jin – Acorda Alice!
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Akai Ito, o fio vermelho do destino.
General FictionMaria Alice Lenmer foi abandonada por seu noivo, Kei Yamamoto no dia de seu casamento. Desesperada e inconsolável decidiu procurar por respostas, porém encontrou rastros que levam a crer que seu noivo tinha envolvimento com a Yakuza e que talvez uma...