Revirei os olhos e virei o celular na direção de Jin, ele olhou, colocou os cotovelos sobre a mesa e apoiou o rosto sobre os punhos cerrados, suas expressões faciais me transmitiam um mistério indecifrável. Ele ficou nessa posição, com essa mesma expressão facial por bastante tempo, até que me perguntou:
- Seja lá quem estiver com esse pendrive, sabe se colocou em algum computador?
- Não sei.
Jin deitou seu braço direito sobre a mesa e manteve o cotovelo esquerdo no mesmo lugar, pousou a testa sob a mão esquerda e então começou a rir enquanto acenava negativamente com a cabeça, parecia ter visto algo engraçado, mas sua expressão de descrença enquanto ria era perturbadora, então questionei:
- O que está acontecendo, Jin?
- Este pendrive – apontou para a foto – eu dei de presente para o Kei e não é só um pendrive.
- O que é?
- Os arquivos importantes estão no pendrive e não no seu computador, informações que os Yamagoshe matariam para ter, além do spyware criptografado que rouba informações sempre que alguém tenta decodificá-lo. O computador foi só um blefe.
- E isso quer dizer que...
- Quem estiver com esse pendrive corre perigo.
- Como sabe tanto sobre isso? – questionei – Você estava envolvido, não é?
Jin revirou os olhos e disse:
- Se eu quisesse te matar já teria feito. – me respondeu aflito - Tive semanas de oportunidades. Tive você dormindo indefesa em um quarto de hospital desprotegido.
- Então me diga a verdade!
- Precisamos conversar sobre todas essas coisas e principalmente sobre o quanto você não conhece o cara com quem ia se casar.
- O que?
- Termine de comer, vamos voltar para o hotel e ai vou te levar a festa e você vai entender sobre o que estou falando.
Fiquei apreensiva e perdi a fome imediatamente, a comida travava na minha garganta, meu pai corria perigo e eu precisava impedir que algo ruim acontecesse com ele, então tentei me informar com a Lydia por mensagem.
Alice: Lyd sabe se meu pai usou esse pendrive em algum computador? Sabe onde ele guardou o pendrive?
Lydia: Não sei se ele usou, mas ele guardou na gaveta de cabeceira do quarto dele, foi de lá que eu tirei foto.
Alice: Pode pegar ele de lá e esconder? Manter longe do meu pai!
Lydia: Ele me disse que entregaria para a polícia e concordo com ele.
Alice: Por favor, Lydia, pega isso dele e esconde. Confia em mim.
Lydia: Vou tentar, mas você vai ter que me explicar tudinho!
Respirei fundo e tentei me acalmar, esse pendrive voltaria para as mãos dos donos e ninguém se machucaria.
***
Estava à frente do espelho finalizando meu coque desfiado, já estava vestida com o vestido que tinha comprado naquele dia, calçado o sapato, usava pouca maquiagem, na minha frente tinha duas opções de batom um vermelho vivo e um rosa nude, o vermelho me chamou atenção, mas me lembrei de uma situação com Kei, uma de nossas brigas mais corriqueiras, meu tão amado batom vermelho. Kei odiava a cor e eu adorava usar, este foi um dos aspectos que mais demorei a mudar após começar a me relacionar com Kei. Ainda olhava para o batom até ouvir Jin me chamar, andei até a porta e a abri, Jin olhou logo para o batom na minha mão e então disse:
YOU ARE READING
Akai Ito, o fio vermelho do destino.
General FictionMaria Alice Lenmer foi abandonada por seu noivo, Kei Yamamoto no dia de seu casamento. Desesperada e inconsolável decidiu procurar por respostas, porém encontrou rastros que levam a crer que seu noivo tinha envolvimento com a Yakuza e que talvez uma...