Desastre

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Fiquei no hospital por duas semanas e quando sai acompanhada pelo meu pai estava decidida a ir até a casa que eu morava com Kei, eu tinha a chave e procuraria por ele até no inferno se fosse possível, primeiro fui à casa do meu pai, não o avisei sobre os meus planos, apenas fui até o meu quarto, tomei um banho, me vesti e peguei as chaves da casa e do meu carro, levei a carta também.

Fui sozinha até a casa em que morava com o Kei, aquela viagem de carro de São Paulo para Campinas me deixou enjoada, precisava vomitar o mais rápido possível, mas consegui me controlar dirigindo devagar até chegar a casa. O estranho foi que encontrei o portão da casa aberto, entrei cuidadosamente e vi três homens, japoneses e vestidos de terno, tinham tatuagens no pescoço e carregavam o notebook do Kei:

- Quem são vocês?

Os homens me olharam, provavelmente não falavam português, Então eu falei em japonês:

- Quem são vocês?

O homem alto da esquerda colocou a mão para trás e o homem do meio o parou com um gesto e deu dois passos a frente, me olhou como se quisesse me intimidar e disse:

- O que faz aqui?

- É a minha casa, moro aqui! – gritei - Eu é que tenho que perguntar o que vocês fazem aqui!

- Você é muito insolente, mulher!

- Eu? Insolente? Vocês estão na minha casa, roubando minhas coisas e eu não posso questioná-los! Deixe esse notebook onde encontrou, ou eu ligo para a polícia!

Senti uma mão no meu ombro e me virei rapidamente, era Jin, o melhor amigo do Kei e também um dos convidados do casamento:

- Você está com esses homens?

- Sim e...

Antes que pudesse se justificar o questionei novamente:

- Porque está levando o notebook do Kei?

- Ele pediu que eu levasse, porque ele não queria te ver.

Emudeci por alguns segundos e respirei fundo contendo as lágrimas para conseguir questionar Jin:

- Porque ele foi embora?

- Alice – Jin respondeu pacientemente - deixa isso quieto.

- Não posso deixar Jin! Ele não pode ir embora assim sem mais nem menos!

- Alice... Ele não queria casar, deixou a carta falando isso, te deixou com a casa o que mais você quer?

Ouvir aquilo foi um absurdo para mim, deixar uma carta como uma adolescente que foge de casa tudo bem, é tolerável, mas ai ele dizer que o Kei me deixou a casa, para que eu iria precisar de uma casa? Logo eu que não preciso de nada de ninguém, ele me deixou um receptáculo de lembranças que me faria sofrer sempre que eu visitasse. Aquela situação inteira me irritou e em um ímpeto de fúria eu apenas disse:

- Quero o pai do meu filho de volta!

Jin me olhou com uma expressão de espanto, seguida por pesar que surgiu subitamente no rosto do homem. Ele ficou desconsertado, eu percebi, como se tivesse uma notícia ruim para me dar, só que ele sorriu e disse:

- Eu aviso para o Kei, tenho certeza que não vai faltar nada para está criança.

- Claro que não vai. E você não vai levar nada dessa casa para o Kei. - eu disse firme e decidida - Diga a ele que se quiser algo dessa casa ele terá que vir buscar.

Jin me olhou com cara de deboche e disse:

- Alice, pare com isso, não seja infantil.

- Pare com isso você, Jin! Mande que deixem o notebook ou eu chamo a polícia.

Akai Ito, o fio vermelho do destino.Where stories live. Discover now