Um quarto de hospital, talvez o momento mais tenso de minha vida, qualquer coisa que eu dissesse seria crucial para salvar a vida de Alice ou entregá-la nos braços da morte. Ela se sentou na minha cama, ao meu lado, seus olhos estavam inchados de tanto chorar e ela não parava. Aquilo me destruía por dentro, pois só me mostrava o quanto eu falhei em minha missão. Primeiro, porque não sabia mais qual eram os meus sentimentos em relação a minha protegida e segundo, permitir que ela morresse pelo Kei, decretaria a quebra da minha promessa máxima... Protegê-la a qualquer custo. Mergulhei em minhas lembranças para contar toda a verdade a ela, palavra por palavra, ela me ouvia narrar a situação em silêncio.
DIA DO CASAMENTO
A festa estava linda, exatamente igual a um dos desenhos da Saori, era o sonho da minha noiva se casar em um jardim como aquele, com a decoração feita com rosas brancas e orquídeas lilases. Cadeiras ornamentais brancas, e um altar moldado em galhos finos de flores, a noiva estava linda e ansiosa, sim, falo de Alice. A cada minuto que passava e Kei não chegava a deixava mais impaciente, então me senti na obrigação de abandonar a festa e ligar para o meu amigo, ele atendeu rápido:
- Jin, você está no casamento?
- Sim, sua noiva está linda. Cadê você?
- Estou no seu quarto do hotel. Me encontra aqui.
- Você tem que vir casar, cara!
- A Pei está na cidade, preciso que me encontre rápido.
Desliguei o celular e sai do casamento disfarçadamente, precisava chegar rápido ao hotel. Peguei um táxi e consegui chegar ao meu destino em menos de uma hora, quando entrei no quarto, encontrei um Kei ansioso, com suas malas feitas e uma expressão de pavor. Minha presença ao invés de alívio expôs um Kei afoito:
- Como ela descobriu que o casamento era hoje?
- Não sei – respondi – Não disse a ninguém, mas pode ser que ela tenha mobilizado espiões aqui.
- Se ela mobilizou alguém, nós precisamos descobrir. A questão é como.
- Liga para a Ayana – disse Kei aflito.
- Por quê?
- Ela vai te dizer por que gosta de você.
Liguei a contragosto, odiava falar com Ayana e nem se quer sabia por que ainda tinha o número dela:
- A que devo a honra da sua ligação?
Aquela voz cheia de desdém invadiu minha mente e me fez respirar para evitar ser grosseiro:
- Sabe me dizer se a Pei mobilizou algum espião recentemente.
- Não é isso que quer saber.
- Então apenas diga o que eu quero saber, Ayana. Por favor. Não queremos uma Pei surtada em outro país, seria ruim para os negócios.
- Ela mobilizou uma equipe de executores para procurar o Kei e viajou para o Brasil para ir a um casamento. – Sua voz mudou de desdenhosa para aflita – A Pei vai fazer alguma besteira.
- Estou no Brasil, Ayana. Me diga o que ela vai fazer que eu posso impedir.
- Ela me disse que ia matar a vagabunda que tirou o Kei dela. E que ia trazer o Kei de volta. Estou com medo do Kei encontrar ela e fazer alguma coisa.
- Kei não vai fazer nada. – respondi – Eu vou encontrá-la e vou levar ela de volta a Xangai.
- Jin, por favor – disse aflita – traga minha irmã de volta.
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Akai Ito, o fio vermelho do destino.
General FictionMaria Alice Lenmer foi abandonada por seu noivo, Kei Yamamoto no dia de seu casamento. Desesperada e inconsolável decidiu procurar por respostas, porém encontrou rastros que levam a crer que seu noivo tinha envolvimento com a Yakuza e que talvez uma...