As luzes de neon daquela balada me deixavam tonta enquanto eu esbarrava nas pessoas, o grave do som fazia o chão tremer e não importava o quão rápido eu andasse, parecia que chegar à saída era impossível, o ar parecia rarefeito, estava sufocando naquele lugar. Quando finalmente cheguei à porta de saída senti uma mão segurar meu braço com firmeza, puxei sem olhar para trás e saí do prédio.
Respirar novamente em um ambiente aberto nunca foi tão aliviador, me encostei em uma parede ainda chorando quando Jin saiu pela mesma porta dizendo:
- O que a Ayana te disse?
- Chega de jogos, Jin – disse olhando para o nada – Me fala logo tudo o que sabe.
Jin andou na minha direção e parou na minha frente, eu não o olhava, mas ele tentava manter algum tipo de contato visual que eu recusava desviando o olhar. Estava destroçada depois do que vi e Jin se mantinha paciente.
O silêncio se manteve enquanto eu olhava o nada e ele tentava chamar minha atenção até que Jin rompeu o silêncio:
- Sente que precisa afogar as mágoas?
O olhei sem esboçar nenhuma reação e disse:
- Sinto que preciso saber de toda a verdade.
- Se eu disser talvez você não acredite. Você precisa ver.
- Então me mostre!
- Precisamos ir até o Japão e falar com a família que Kei pertence.
- Pensei que pertencessem a família Yamagoshe.
- Eu sim, mas Kei não.
- Isso está confuso.
- É mais complexo do que parece.
- Me explica que eu vou entender.
- Você ama muito o Kei, então a verdade para você vai ser como o pior dos venenos. Se você tomar de uma vez pode ser que sucumba ao veneno.
- Porque você se importa tanto?
- Posso te responder essa pergunta contando o porquê o anel é tão importante e para fazer isso – me entregou o lenço que trazia no bolso do paletó - eu preciso afogar as minhas mágoas.
***
Duas da madrugada, meu batom vermelho já estava completamente borrado manchando a minha quinta taça de vinho, isso se tivesse feito a conta direito e Jin tomava uísque, não sabia quantas doses ele já havia bebido, estava preocupada com outra coisa, queria saber a verdade e ele estava me enrolando. O lugar para onde ele me levou era um bar luxuoso no centro de Xangai, cheio de objetos vermelhos e dourados em toda a decoração do lugar, tentei ao máximo olhar e observar minuciosamente aquele ambiente, manter meu cérebro focado de certa forma controlava minha embriaguez e me ajudava a não permitir que meu acompanhante me enganasse.
Bebíamos em uma mesa privativa isolada do som e de outras pessoas do bar, ele estava apreensivo e eu muito mais calma do que quando saímos da festa da família Yamagoshe. O clima por mais que parecesse descontraído, era tenso, Jin parecia perceber que não havia mais como fugir dos meus questionamentos, então antes que eu o indagasse, ele resolveu abrir a boca:
- O anel que você está usando era da minha noiva. Ela trabalhava com design de joias e quando eu pretendia pedir ela em casamento, pedi que ela desenhasse um anel dos sonhos e ela desenhou esse anel, descreveu cada detalhe. – Jin começou a encarar o copo vazio em suas mãos - Então o encomendei, mas ela nunca chegou a usar.
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Akai Ito, o fio vermelho do destino.
General FictionMaria Alice Lenmer foi abandonada por seu noivo, Kei Yamamoto no dia de seu casamento. Desesperada e inconsolável decidiu procurar por respostas, porém encontrou rastros que levam a crer que seu noivo tinha envolvimento com a Yakuza e que talvez uma...