Pei era um monstro, mas o Kei não ficava muito atrás. Não sabia o que pensar depois de ouvir tudo aquilo. Fiquei em silêncio ao lado de Jin, com o computador a nossa frente e o celular na minha mão. Minha próxima decisão seria falar ou não falar com Kei. Suspirei e então Jin disse:
- Não precisa ir se não quiser.
- Tem algo nessa história que eu não entendi.
- O que?
- Porque Ayana não entregou o Kei para o pai dela?
- Ayana estava pensando na guerra que isso ia causar. Porque Hideo não abriria mão de cumprir sua palavra e proteger Kei e Hiroshi não aceitaria isso bem. Conflitos entre as famílias são evitados há anos, mas isso... Esse ato do Kei iniciaria uma guerra.
Fiquei em silêncio avaliando a situação, não havia o que fazer e discutir sobre aquilo estava me tomando um tempo que eu não tinha, então decidir sair para ir encontrar Kei:
- Então... Vou encontrar o Kei. Ele tem algo para me dizer.
- Sabe que Kei traçou seu próprio destino. Então você não pode fazer nada para mudar.
Jin parecia preocupado comigo, com o fato de que eu poderia fazer alguma besteira, mas eu não queria mais salvar o Kei, queria voltar e ver meu irmão novamente.
- Você esta certo, Jin. Kei tem que pagar pelos erros dele. – sorri para esconder minha tristeza e continuei - E você estava certo em tantas coisas.
- Que tantas coisas?
Encarei Jin com os olhos mergulhados em lágrimas e respondi:
- Talvez Kei não esteja do outro lado do meu fio vermelho do destino. E talvez ele tenha sido só o meu casulo. E talvez – as lágrimas começaram a cair pelo meu rosto – eu termine essa história como uma borboleta, não é?
- Eu torço por isso. – ele disse secando meu rosto enquanto pousava sua mão na minha bochecha – Ninguém mais do que você merece ser feliz.
- Você também merece. – eu o encarei sorrindo enquanto sentia mais lágrimas molharem a mão de Jin – Tanto quanto eu.
Jin retirou a mão de meu rosto suavemente e disse:
- Quanto mais rápido você for, mais rápido você se libertará disso.
- Ok.
***
Liguei para o telefone no cartão que o senhor Yamagoshe havia me dado e depois de alguns minutos um carro me levou até um galpão afastado do centro de Xangai.
Encontrei o Kei em uma sala pouco arejada, amarrado a uma cadeira e sendo vigiado por três homens, não parecia triste ou ansioso, estava calmo, me viu e então sorriu, sorriu como o Kei de antigamente e me disse:
- Então você veio. Estava tão preocupada com Jin e Ayana que eu realmente achei que você gostasse mais deles do que de mim.
Suspirei para me acalmar, mas não consegui evitar o sarcasmo:
- Você injetou tetrodotoxina nela e Jin estava queimando vivo. Não pude evitar.
Kei sorriu surpreso com a minha resposta e então eu completei o meu sarcasmo com um pensamento positivo sobre Ayana e Jin:
- Jin foi meu único amigo nos últimos meses e a Ayana foi uma parceira excelente. Quero a presença deles na minha vida no futuro.
- Eu sabia que você ia gostar do Jin – ele disse sério – mas da Ayana... Você mudou bastante.
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Akai Ito, o fio vermelho do destino.
General FictionMaria Alice Lenmer foi abandonada por seu noivo, Kei Yamamoto no dia de seu casamento. Desesperada e inconsolável decidiu procurar por respostas, porém encontrou rastros que levam a crer que seu noivo tinha envolvimento com a Yakuza e que talvez uma...