Capítulo 1

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Era 5:09 eu estava cansada. Na parada de ônibus da minha pequena cidade, acho que isso não pode ser bem considerado como um ponto de ônibus, estava na beira da estrada com minha mala aonde. Toda minha vida estava se resumindo a isso... Não queria carregar nada que me lembrasse aonde eu construí minha vida.
Uma leve brisa bateu nos meus cabelos, parei um momento para ajeitar quando levantei a cabeça o ônibus estava na minha vista.
Era dia 12 dejunho. EueoLeandroestávamosfazendotrêsanosdenamoro. Trêsanosporra! Quaseumavida. Tinhatudopreparado, elefaziauniversidadedeMedicinaaquiemCaruaru. EleeraMeusonho. Meuamor. Estavafazendoissoparaagradaraele. Tinhadadoumjeitocomoscompanheirosdeapartamentoqueelesfossempassaranoitefora. Fizumjantar. Cremedegalinha, batatagratinada, arroz. Eumbomsucodemaracujá.
Oquartoestavatodoarrumado, gasteiumapartedomeusaláriopreparandotudoparaoLéo. Compreilençóisnovos. EmcimadacamaestavaumablusadaHollister. Sim... Esquecidemencionarosgostosqueeletinha. Léoapesardevirdefamíliahumilde, eletinhaessamaniadetervergonhadeondeveio. Mascomooamavaeuignoravatudoisso.
Ouviumbarulhonaporta, fechaduraabrindo. Pareiaoladodamesa. Puxeioar. Passeiamãopelovestidovermelhocoladoaocorpo. Coloqueimeucabeloporcimadoombro. Ossaltosmeincomodavam. Maseuqueriaestararrumada. Queriasurpreender. Quandoouviunsgemidos. Levanteiacabeça.
Queporraéessa?
Ana. Léo. Osdoiscomalinguaseenfiandonagargantadooutro. Estavacongelada. Parada. LéotiravaacamisadeAna, eusentiaovômitosendopreparadoesubindonaminhagarganta.
Elesestavamaliseagarrandoenemnotarameuali. Respireifundo. Euiasairporcima. Ia...
Apenasvirei. Olheiparamesa. Puxeiatoalhacomtudo, deixeiosrefratárioscaindocomacomidanochão. Ajarra.
ouviosgritos. Ah... Agoraeutinhaatenção?
Masagora, eunãotinhaforças. Ohomemqueeusempreameimetraíaesabe-seaquantotempo.
EstavanomodoautomáticofuisaindodoapartamentooLéotentousegurarmeubraçoempurreiele. Esaidoapartamentoomaisrápido.
Mas isso estava no meu passado apenas. O ônibus parou na minha frente. A porta abriu.
- Rio de Janeiro? - O motorista perguntou.
- Sim. - Sim... Sim a minha nova vida.
Depois de dois dias dentro de um ônibus eu estava finalmente no Rio de Janeiro. Desci do ônibus, peguei minha mala. Mal tinha conseguido contemplar um pouco a cidade com a preocupação que estava me afligindo. Era tanta coisa, uma cidade grande, tinha que me orientar. Eu iria trabalhar na casa de algumas pessoas ricas onde um cumpade de meu avô já trabalhava fazia uns 15 anos. E quando eu soube que fui aprovada na universidade do Rio, meu avô ao mesmo tempo triste e feliz tratou de correr atrás das coisas para que eu pudesse ter um canto onde ficar no Rio.

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