Capítulo 2
Beep Beep Beep.
6:00.
Hora de acordar, me espreguicei na cama bem devagar e olhei para o jardim pela janela do meu quarto, respirei fundo. Eu estava no Rio de Janeiro, em breve iria começar a minha universidade de letras. Minha paixão sempre foi ler, ensinar. Eu penso até em ser professora de português de uma escola pequena, tradicional. Mas seria um longo caminho até lá. Por enquanto eu devia me preocupar com o agora. E com os deveres de limpar a casa e ajudar nas refeições. Minhas aulas só iriam começar semana que vem. Como hoje ainda era terça eu iria ajudar Luciene nos afazeres da casa.
Tratei de pegar meu uniforme. Era bem simples uma bermuda e blusa de botão rosa claro, mas alinhados e um sapatinho branco. Prendi meu longo cabelo preto em um rabo de cavalo. Escovei os dentes e passei o protetor solar. Dei uma última olhada no espelho. Vamos lá!
- Bom dia menina. Seu café ta aí separadinho, patê de queijo com torradas e um leite. Depois que você terminar, ao lado da dispensa tem uma porta onde guarda todos os materiais de limpeza. Você vai começar pelos quartos de hóspedes. Temos 2. Precisa trocar colchas, limpar os banheiros, passar o aspirador e depois um pano molhado. Vou te deixar hoje pela manhã, pois tenho que ir ao supermercado o Doutor Matheus chega hoje e eu quero preparar algo especial... – Ela sorriu, pegou na minha mão por um breve instante e saiu.
Era isso... Muita coisa a se fazer. Mas era tudo uma boa troca. Oferecia meus serviços, mas em troca eu ganharia um abrigo e poderia realizar meu sonho de cursar letras. Por um breve momento Leandro venho na minha cabeça, fechei os olhos. E me repreendi, não devia pensar no passado, na traição. Ela vem de onde menos esperamos, não é? Mas tudo isso só me mostrou que devemos estar atentos não sabemos quem é quem.
Terminei de comer, lavei as louças que havia sujado e com alguma ( grande) dificuldade consegui achar onde guardar. A cozinha era grande, um exagero. Mas vai entender o que se passa na cabeça desse povo... Tratei de ir pegar os materiais para iniciar a limpeza dos quartos. Tive que dá pelo menos umas três viagens para subir as coisas para o primeiro andar.
Abri a porta do primeiro quarto. Sério? Encostei na porta e fiquei olhando. Era 7:30 e só Deus sabia quando terminaria todos os quartos deste andar. Tratei de arrastar as coisas para dentro e comecei a trabalhar. Coloquei meus fones de ouvido, John Mayer começou a cantar, fazendo companhia e tornando mais fácil a minha tarefa.
Terminei os quartos de hóspedes na hora do almoço, tava com uma leve dor nas costas, mas respirei fundo. Tudo valeria a pena. É de baixo que conseguimos as coisas, e todo esforço só faz valer mais ainda. Fiz alguma coisa para comer bem simples, baseada nos restos de comida que estavam na cozinha. Não queria mexer em nada, não sabia o que poderia usar, então para evitar confusão.
Dona Luciene não tinha chegado ainda. Já tinha arrumado a cozinha depois do almoço. E iria na UFRJ, para saber meu horário e finalizar a matrícula. Tomei um banho demorado, me livrando de qualquer resquício de suor, passei um hidratante. E coloquei uma saia jeans com uma blusa de alcinha preta. E peguei minha bolsa de lado, botei meus documentos e uns dez reais, acho que isso seria o suficiente para pegar ônibus. Não ia dá para ficar andando de táxi. Uma hora teria que aprender.
Eu sabia que a UFRJ era grande, mas não sabia que era tanto assim... Fui na direção do curso de Letras, já com dor de cabeça. Tinha sido um longo caminho.
- Boa tarde, gostaria de saber sobre a questão das matrículas. – Perguntei a uma moça que estava por trás do balcão. Demorou cerca de duas horas para eu finalizar todo o processo como eu estava um pouco atrasada em relação aos demais, expliquei a questão de morar fora e que não poderia ter resolvido isto antes. Ela me ajudou e eu consegui começaria na segunda feira com uma palestra no primeiro horário de boas vindas aos calouros. Onde iríamos ter orientações sobre a universidade, história, pessoas importantes que hoje são excelentes profissionais e passaram pela UFRJ.
Saí em direção ao ponto de ônibus, e quando vi que o meu ônibus tava passando tratei de correr para pegar. Não podia perder, tava passando pelo portão da universidade correndo, quando um carro estava entrando, por pouco não bateu. Só escutei a buzina do carro em protesto pelo meu descuido, e fui logo dando a mão pedindo para parar.
17:30. Que horas eu iria chegar? Me encostei em um dos bastões do ponto de ônibus e apenas fiquei a observar as pessoas... Eu estava no Rio, sozinha. Trabalhando para me sustentar. Quanta coisa mudou. Não sei o que o destino está a me preparar mas eu quero descobrir.
- Milla minha filha, pensei que estivesse perdida. Venha, venha! Entre, o Doutor Matheus está chegando e Luciene está correndo para que o jantar seja servido as 20:00 horas. Ela te espera na cozinha. – Tio Waltinho falava apressado me acompanhando para entrar na casa, até que chegamos a cozinha. – Menina! – Era Luciene... – Onde estava? Vamos! Me ajude, pegue os pratos, arrume a mesa. Depois venha colocar as comidas nos refratários. – Tratei logo de fazer o que ela me disse, antes dei um nó em meu cabelo. Deixei minha sapatilha na porta da área dos empregados e minha bolsa em cima da mesa da cozinha.
- Pronto. Está tudo organizado. – Voltei para cozinha. Meus pés estavam me matando tinha passado quase duas horas em pé no ônibus para voltar. Ficava a imaginar como seria quando as aulas começassem e eu teria que fazer este trajeto todo dia.
- Lu! Chegamos! – Olhei para a porta da cozinha, era Isabelle com uma calça jeans e um casaquinho branco e uma blusa preta, seu cabelo estava em um rabo de cavalo frouxo. – Vem Matheus... – Fiquei curiosa para saber quem era meu chefe.
- Meu menino, como foi a viagem? – Quando Matheus apareceu na porta da cozinha... Eu fiquei sem palavras. Ele tinha o queixo firme, quadrado, seu cabelo era um castanho claro, precisava sentir ele entre os meus dedos. Forte... Ah, isso ele era sim! Usava uma blusa preta colada de mangas e eu não pude deixar de percorrer meus olhos por cada parte superior de seu corpo ele devia trabalhar por horas e horas na academia. Com que facilidade ele poderia me pegar no colo? Uma calça jeans que marcava bem as suas pernas, será que ele tinha coxas firmes? Um sapatênis. Mas tinha algo estranho, ele segurava o braço de Isabelle e seu olhar estava meio perdido. No momento que ele estendeu o braço para frente. Eu imaginei... Matheus era cego?
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Traições
Любовные романыTraição. É tudo que está história está baseada. Eu estava fugindo de tudo que me levava ao fundo do poço. Se eu não fizesse isso por mim quem poderia fazer? Meu nome é Ludimilla, tenho 20 anos. E estou largando essa cidade. Meu namorado me traiu que...