EPÍLOGO

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Dois anos haviam se passado e estávamos em Cancun, em mais uma viagem de férias. Agora casados. Não tivemos cerimonia na igreja, preferimos assinar os papeis no cartório e uma festa para familiares e amigos. Nossos pais entenderam nosso lado e seis meses após o pedido de casamento, estávamos definitivamente casados. Meu pai nunca esteve tão feliz, inclusive, fez questão de bancar toda festa e dar nossa viagem de Lua de Mel para Paris. Um sonho de qualquer casal. Minha amiga Júlia e Clayton, amigo do meu marido, foram as testemunhas no cartório. Tivemos a presença de Eveline levando nossas alianças no colo da mãe, minha Tia por sua vez estava emocionada, chorosa.

- Bali, Paris, Roma e agora Cancun. – Marcelo disse enquanto estávamos na piscina de hotel que nos hospedávamos. – Ano que vem, nossas férias serão na Espanha para vermos o Real Madrid no estádio, minha doutora. – Disse ele piscando para mim.

Eu passei na minha prova da OAB e decidi me juntar a Júlia e realizarmos nosso sonho de termos nosso próprio escritório. E claro que meu pai surtou, mas no final aceitou. Somos um dos escritórios responsáveis pelos processos da Villar e isso o deixa mais calmo. Já meu marido, se tornou presidente de toda cadeia jurídica da Villar, tendo mais responsabilidade e confiança. Vez ou outra, quase sempre, ele tem que viajar para filiais. Mas isso não interfere no nosso casamento, seguimos felizes.

- Com todo o prazer ver o CR9 em campo. – Brinquei e ele me olhou feio.

- Mulher, não cobice outro homem perto do seu homem. – Advertiu e gargalhei. - Jamais brinque com isso. – Ele tinha um lado só dele engraçado que raro mostrava. Ele sempre está em modo profissional e sério. Isso me fascina.

- Eu te amo! – Disse.

- Eu te amo muito mais, amor de minha vida. – Disse ele.

Eu era irrevogavelmente apaixonada pelo meu marido. Nunca que pensaria em conquistar um homem daquele. Sempre me achei inferior, aceitando aquilo que sempre esteve em minhas mãos, pensando ser o melhor. Mas a vida e mostrou que existia algo sensacional a minha espera, algo que nem em meus sonhos eu puder idealizar. Marcelo era a união de tudo de bom que um homem poderia ter, com seus defeitos, mas que levou meu coração com facilidade.

Fazendo a retrospectiva dos anos de casado, eu encontrei muitos obstáculos. Ex noiva que tentou uma nova chance com meu futuro marido, mesmo estando noiva. Amiga de irmã aparecendo quase nua em apartamento dias antes de casarmos. Sim, a Patrícia teve a cara de pau de aparecer semi nua, mas seus planos foram por agua abaixo ao encarar um Marcelo furioso que chegou a telefonar para policia. Mas foi mais rápida e fugiu, nunca mais apareceu. Após o casamento, teve aquela cobrança de filhos, todos que não fosseM nossos pais e irmãos, com exceção de nossos amigos e Tia Agnes e Conrado, todos batiam na mesma tecla. Decretavam que nosso casamento só seria de verdade quando eu engravidasse. Pois bem, estamos bem.

Marcelo apoiou minha decisão do doutorado. Me ajudou em tudo que precisei. Ele era além de tudo, meu amigo. Júlia sentia ciúmes dele. Ainda não havia dado mais um passo na relação com Léo. Mas estavam bem. Já meu amigo Jonas, casou-se com a Savanah e conseguiu o seu green-card e mora com ela fora do pais. Pelo menos uma vez por ano ele nos visita. Meu ex, Hugo, teve um filho lindo. Vieram poucas vezes no BraSil, mas o Bryan era muito fofo e muito parecido com o pai. Luana disse que a Polyana era uma vaca sanguessuga, mas seu irmão estava loucamente apaixonado e não via. Mas estavam bem casados, também. Minha irmã Eliza terminou seu namoro com Enzo e ficaram separados um bom tempo, voltaram a se relacionar no aniversário de dois anos do Vicenzo. Meu sobrinho era a coisa mais linda, e com o tempo, ficou a cara do meu pai que bajulava seu neto para lá e cá. Minha irmã e Enzo estão morando juntos num apartamento que Tio Conrado os deu. Já meu irmão Saulo resolveu estudar fora. Meu pai apoiou sua decisão, e ele está em Londres. Já Eva está estudando bastante para cursar medicina. Minha prima colocou na cabeça que seria médica e pretende passar em uma ótima faculdade de São Paulo. Meu tio apoiava. Já minha afilhada estava cada dia mais linda e sapeca. Minha Tia permitia que ela ficasse em algumas noites comigo e somos muito apegadas. Ela me chama de dinda, mas as vezes de mãe. A primeira vez que Marcelo viu ela me chamando, ficou estático e emocionado. Eu conhecia sua vontade de ser pai, ele não forçava e entendia meu lado. Meu amigo Caio conseguiu um cargo de presidência na Villar em sua área. Estava feliz e namorando sua décima namorada nesse tempo que passou, era hilário, pois meu marido sempre zombava da sua rapidez.



- Você acha que seu amigo superou a Mirela, e a culpa? – Perguntei ao meu marido ao seu lado no altar. Seu amigo Clayton estava se casando com uma menina que foi filha da empregada da casa de seus pais. Era uma menina linda e meiga. Foi paixão a primeira vista para os dois, em menos de seis meses e estão casando.

- Sei que tem momentos que ele ainda se culpa. Mas não foi culpa dele, não havia como prever. – Marcelo disse ao meu lado. – Eu torço pela sua felicidade. – Disse e assenti. Éramos padrinho do casal que convivemos bastante esses meses.



- Cinco anos de casados. – Marcelo disse me abraçando pela cintura, enquanto eu olhava a bela paisagem de Santorini pela janela de nosso quarto. Se havia algo que amamos fazer era viajar, já conhecíamos bastantes cidades pelo mundo. Nossos passaportes já tinham tantos carimbos. Ouvíamos críticas que deveríamos investir em herdeiros, porem estávamos felizes. – Cada ano fica melhor. – Beija meu pescoço.

- Essa é a melhor viagem. – Digo suspirando e ele ri.

- Amor, você diz isso de todas. – Gargalhei com ele e logo lembrei de nosso última viagem. Fizemos um trabalho comunitário pela África e passamos pelas cidades Etiópia, Quênia, Uganda, Djibuti e Somália.

- Será que conseguiremos a guarda da Urbi? – Perguntei me lembrando da princesa, qual o nome fazia jus ao adjetivo dado agora por mim, que encontramos na Uganda. Urbi tinha sete anos e era sobrevivente de sua família qual todos haviam morrido. A cidade era precária e a miséria ali se estendia. Nossa escolhida era apadrinhada, mas isso não fazia de sua vida melhor. Magra, víamos pela sua aparência a vida que levava. Procuramos as autoridades e estamos em processo de adoção. Nossa garota já passou um mês com a gente no Brasil e conheceu nossas famílias. Todos se apaixonaram.

- Seu pai tem contatos e está nos ajudando. – Disse beijando meu pescoço e choraminguei. – Amor, não faz isso. – Disse ele nervoso e o olhei curiosa. Ele me soltou e foi até a pasta que ele havia trago em viagem. Ele bufava e eu ria. – Pretendia fazer uma surpresa para minha mulher, um presente de casamento, mas ela está tão triste e ansiosa com o crescimento de nossa família. – Me entregou um envelope. – Leia. – Disse e meus olhos correram para as folhas.

Havia estudado sobre processos de adoções, mas agora era tão real. Meus olhos inundaram e eu enxergava tudo embaçado. Pulei no colo do meu marido o beijando.

- Obrigada meu amor! – Eu disse com a voz rouca pelo choro que ainda me acompanhava. – Meu deus do céu, eu não acredito. – Gritei e ele rio.

- Sim, agora a Urbi é nossa. – Meus olhos se iluminaram.

- Estamos tão completos.- Eu disse o olhando.

- A gente se completa. – Ele selou nossos lábios.

Marcelo me ensinou que permanecer num relacionamento sem futuro, por comodidade, era algo que atrasava sua vida. Ambos tivemos essa experiência. Juntos vimos que era possível permanecer com nossa paz interior amando outro sem medo de ser abandonado. Sem medo de ser deixado ou trocado. Nos permitimos ser felizes. Construímos nossos castelos protegido de amor e energia boas. Brigávamos como todos casais, nos entendíamos como alma gêmeas. Encontrei no Miguel meu final feliz


*'*

Enfim, fim!

Espero que gostem.

PERMANEÇAOnde histórias criam vida. Descubra agora