Capítulo 21

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O enterro foi triste. O corpo da Mirela estava coberto por pétalas pois não tinha condições de deixa-lo sem. Sua amiga foi cremada, pois teve várias partes do corpo decapitadas. Patrícia aparecer de bengala e meu namorado passou boa parte do tempo a consolando. Vi um grupo de rapazes e fui saber que eram os amigos do Marcelo. O Clayton foi conhecido rápido, ele tinha a presença que a Mirela dizia e estava bem abalado, quieto, sozinho enquanto os outros conversavam entre sim.

Após ser jogado a última pá de terra, todos foram andando e Marcelo ficou ali, olhando. Eu me aproximei e segurei sua mão. Ele apertou.

- Isso não é justo, sabe? – Falou sem me olhar. – Ela sempre teve tantos planos, tão jovem. – Olhei na mesma direção que ele olhava, aonde o coveiro arrumava o tumulo.

- A vida não é justa. – Ele, enfim se virou para mim e se seus olhos estavam marejados. O abracei e com o rosto em meu ombro, coluna curvada pelo seu tamanho, ele chorou tudo que havia guardado o dia inteiro.

Foram dois dias tristes e corrido. Fomos liberados pelo meu pai de trabalhar, ele queria estar ali pois gostava muito do Marcelo, mas havia ido para Curitiba na manhã de sexta-feira e não conseguiu voltar. Minha mãe estava com ele.

Era madrugada de terça-feira, eu iria trabalhar e Marcelo também. Ele não necessitava, mas foi teimoso em dizer que estaria na Villar, pois seria melhor para ele. Seu celular tocou e ele levantou num pulo, eu me endireite, encostando na cabeceira da cama, enquanto ele atendia o celular.

- Patrícia, eu não vou aí. – Disse sucinto. – Eu estou com a minha namorada, dormindo porque acordamos cedo e não levantarei para atender seus caprichos. – Ele silenciou por alguns segundos até explodir. – Eu perdi minha irmã, porra! Perdi mais do que você, não venha se aproveitar do momento. Respeite meu luto, respeite minha família e se ponha em seu lugar. – Disse bravo e desligou. Ele voltou a deitar e eu o abracei. Seu corpo estava quente. – Desculpe-me por isso. – Pediu me olhando nos olhos.

- Eu confio em você. – Disse sincera.

- É impressionante o sentimento que tenho por você. – Sua voz rouca me arrepiou. – Eu nunca tive tanta certeza de um sentimento quanto tenho por ti, linda. – Beijou sutilmente meus lábios. – Eu amo você! – O puxei para um beijo intenso e cheios de respostas, ele retribuiu.

A semana correu. Senti que Marcelo viveu no automático esses dias. Estava bem cabisbaixo, mas insistia em trabalhar. Após o trabalho na sexta, resolvemos ir ao cinema e jantar no cinema.

- Está cheio. – Ele observou a fila do lugar que comeríamos.

- Sexta. – Dei o ombro e chegou nossa vez.

Fizemos nossos pedidos e deram um quadradinho eletrônico que apitaria assim que ficasse pronto. Marcelo pagou e voltamos para a mesa. Começamos a conversar com as amenidades e logo reparamos na presença de outra pessoa perto de nós. Era o Clayton. Ele estava sério e meu namorado se levantou, assim como eu.

- Eaí, cara. – Marcelo estendeu a mão e o outro apertou.

- Tudo bem? – Perguntou preocupado.

- Tudo indo. – Ele fez uma careta. – Conhece minha namorada? Yasmim, esse é o Clayton. – Apresentou. Nos cumprimentamos.

- Prazer, Yasmim. – Sorri sem mostra os dentes.

- Prazer. – Disse.

- Vou lá pegar nossa comida. – Marcelo disse quando o quadradinho apitou. – Fica aí com ela. – Pediu e o amigo assentiu o olhando.

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