1 - Homens de Preto
Correr era complicado, eu a todo momento mudava de fumaça para meu corpo sólido. Não tinha nenhum tipo de controle sobre o que estava fazendo e eu só pensava em fugir e fugir até sem querer bater de cara com tudo numa árvore gigante.
Doeu, realmente doeu muito aquele choque. Eu estava numa velocidade incrível, nenhuma moto me alcançaria nem a mais potente. Se parar para pensar eu deveria ter morrido ali mesmo com o choque mas eu simplesmente senti uma enorme dor de cabeça - uma dor aguda. - e tontura, uma pessoa normal teria explodido o crânio virando chiclete no meio daquela árvore velha. A mesma estava com um buraco razoável onde meu rosto e minhas mãos colidiram, fiquei ali um tempo pensando que estava seguro, recuperando-me da dor de cabeça que insistia em ficar.
Algo estava ali, eu vi luzes piscarem para todos os lados e se aproximavam rápido de mais. Me levantei e pensei naquele estalo mas ele não veio, tentei mais uma vez e nada. Com desgosto eu balanço a cabeça e ponho-me a correr para longe deles mas não sou tão rápido normalmente, eles logo iriam me alcançar se não resolvesse isso.
- Ah, colabora comigo! - dizia para mim mesmo tentando fazer seja lá o que sei fazer acontecer mas nada mais do que umas neblinas saiam dos meus dedos. - Por quê não funciona? Por quê??
Um tiro, passou de raspão entre minhas pernas fazendo o local que colidiu com o projétil ficar todo gosmento, senti o tecido da roupa de hospital rasgar e ficar gosmenta também, fedia a borracha queimada com mais alguma coisa que não me recordo. Pulei por cima da gosma e continuei correndo tentando me esquivar do que podia mas eu estava fraco, exausto e começando a ficar mais lento a cada projétil que grudava em mim.
Eram como balas de borracha, doíam com o impacto mas não perfuravam a carne, elas explodiam em uma pasta gosmenta que grudava tudo o que tocava. Meu cabelo todo estava colado na minha nuca e minha mão direita colou no meio da coxa, estava difícil de correr. Eu não via quem estava atrás de mim, não tinha tempo, só ouvia vozes com o mesmo comando o tempo todo:
- Disparar! Disparar!!
Mais a frente eu via a estrada, estava escuro mas via o movimento dos carros, deveria ser a saída da cidade em que estava, apertei o passo mas o atirador foi mais rápido do que eu, uma sequência dessas coisas gosmentas havia grudado na minha perna esquerda me fazendo cair de cara no chão e dessa vez eu senti de verdade o impacto. Conseguia sentir o sangue do meu nariz escorrer enquanto mais e mais coisas da cor de cera me envolviam por completo. Não sentia meus braço e nem sentia as minhas pernas, enfim eu vi os meus perseguidores, um deles me virou com o pé e eu vi o céu estrelado me contemplando junto de uma pessoa mascarada, algo como uma máscara de gaz que brilhava vermelho na noite, uma farda preta e cinza com um colete que trazia uma sigla: C.M.E.P. em branco, no braço dele uma braçadeira com quatro riscos semelhantes a um V de cabeça para baixo.
- Senhor? Peculiar capturado. Positivo, ao norte do ponto de partida... Positivo, no aguardo... Sim senhor. - o homem falava com alguém sem tirar os olhos de mim, como se eu pudesse escapar a qualquer momento dessa gosma. Ele se comunicava com um botão na máscara perto do ouvido, uma... Escuta? É assim que se fala?
Tentei falar mas a gosma cobria toda a minha boca, eu estava com medo, muito medo do que poderia acontecer. E-eu não quero morrer, eu não tenho culpa do que fiz, eu nem sei como fiz tudo aquilo. Eles precisam entender isso!
- Cala a boca monstro, posso te deixar sem ar se preferir. - ele apontou a arma no meu nariz e fechei os olhos chorando. - Isso mesmo. - ele disse guardando a arma nas costas e pegando uma faca retrátil e ficou brincando com ela até outros como ele chegar no local.
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O Dom
Novela JuvenilAiden faz parte de 2% da população mundial. Essa pequena porcentagem por algum motivo desenvolveu ao longo de suas vidas habilidades, dons que a ciência não consegue explicar ainda, e, é o C.M.E.P. que está encarregado de estudar esses seres humanos...