9 - O Sol

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9- O Sol


Tive de respirar bem fundo para não deixar aquela sensação tomar conta de mim. É como um arrepio percorrendo pelo corpo, quente e frio ao mesmo tempo e muita raiva. Podia sentir que se eu quisesse ela poderia se partir ao meio ao meu comando, eu queria, mas eu não sou assim...

- Aiden?  O que é que foi isso? - Ana perguntou pondo a mão na sua testa. Um fino corte havia se formado ali e em sua bochecha também, não chegou a sangrar os cortes mas ficou vermelho e pareceu doer bem mais do que ela queria aparentar para mim.

Eu não sabia o que responder, eu não sabia porque essa sensação de machucar ela era mais forte do que a de querer resistir a essa tentação. Eu tenho certeza que eu não sou uma pessoa ruim, então porque eu tenho isso dentro de mim?

- Aiden? - Roberto veio se pondo entre mim e ela. Ana solta um sorrisinho feliz pelo gesto, reviro meus olhos - Que merda é essa?

- Você me cortou! - ela me acusou batendo o pé no chão. - Olha o meu rosto!

- Eu não quis fazer isso... - disse me sentindo envergonhado. Encostei na pedra e busquei por perdão a ela mas acho que ela queria causar esta intriga, e conseguiu.

- É mesmo? Pois não era o que a sua cara dizia agora pouco! - suas mãos pequenas estavam segurando o braço de Roberto que me olhava um pouco assustado.

- Você não é assim Aiden...

- Mas eu já falei que eu não...

- Calem a boca! - Yan disse apertando o passo. - Olhem lá! - ele apontou para a entrada da praia. Nos viramos na hora mas já não havia mais nada lá, apenas uma fumaça densa que sumiu tão rápido como quem estava ali.

- Olhar o que? - Roberto disse preocupado puxando meu braço e me colocando atras dele ao lado de Ana. Nossos olhares de ódio um pelo outro não vacilarem nem neste momento tenso..

- Tinha um cara de preto bem ali. - Zé falou. - Melhor irem avisar a Amanda, eu vou tentar achar ele. - Zé abriu a boca e sua língua balançou no ar por um instante e no outro ele saiu correndo em uma velocidade fora do normal, levantando areia no meio do caminho.

- Melhor a gente correr.  - Yan disse indo em direção a trilha que viemos.

Fomos todos os três juntos o mais rápido que conseguimos  e chegando no terreno da casa Amanda já estava na porta e parecia sentir o que estava por vir, a sua feição tensa estava fixada em direção à praia.

- O que aconteceu? - ela largou o café que estava em suas mãos no degrau e veio até nós.

- Achamos que é um espião. - Yan disse.

- Da Harumi? - Ela perguntou tensa.

- Acho que sim, nenhum humano some daquele jeito, o Zé esta caçando ele. Por segurança é melhor nos prepararmos para sair como você sempre diz. - Ana tomou a frente.

- Certo. Ana, vá chamar os outros, preciso da ajuda dos meninos na cozinha. - Amanda correu para dentro e começou a juntar todo o suprimento armazenado com a nossa ajuda. Derrubamos a mesa e colocamos a comida ali no centro, pouco tempo depois os gêmeos vieram e partiram para a parte de cima da casa, pegando os sacos de dormir e as roupas. 

Todos estavam tensos, eu estava mais ainda. O que poderia vir acontecer agora? Não temos para onde ir! 

- O que vai acontecer? - Roberto perguntou pondo o último saco de arroz sobre a pilha.

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