I
"Pior que o que o barulho dos pensamentos é o silêncio do coração, aquele silêncio cortante, que vai liberando a dor para o resto do corpo em milésimo de segundos, até a alma ficar sufocada, até tu perceber que não há saída, apenas sentir, e clamar por misericórdia."
II
"Eu tenho dor em mente, e não me venha com a norma padrão, ou vá em busca das figuras de linguagens e descubra o que é ter dor em mente. Uma profunda e intensa dor, de expectativas frustrantes, de perceber que é uma tola frágil..., bom, dor! Você sabe o que é."
III
"Foram dias felizes, fora da realidade, só que dessa vez foi literalmente.
É bom, ficar em ócio por uns dias. Desliguei minha mente, minha alma, tudo literalmente, só meu corpo ficou ativo.
O silêncio é o meu amor,
Amado silêncio eu te amo,
És a minha preferência,
O meu hoje, o meu ontem
(...)
Apenas o meu amado silêncio."
IV
"A garoa nessa madrugada
Me reduz ao completo nada
Estou sem luz
Nem as estrelas que reluz luz
Querem o meu nada.
Sentir o amanhã sereno
Chegando como um remo
A remar o meu cenário
Quase que hilário
O meu nada.
Queres luz?
Não sou nada."
V
"O pássaro azul perdido está na alma
Nada, nada e não encontra nada
Navega, navega e nunca chegas a
Lugar algum
(...)
Um profundo Nada
Dentro da minha alma.
(...)
Pobre blue bird!"
VI
"Escrever sobre a minha partida é um complexo de dor. Ontem eu partir, anteontem também. Todos os dias tenho que me despedir de mim, a cada manhã um novo eu. Fazem 17 anos em que o eu está em metamorfose e, hoje todos eles vinheram me visitar, confesso que fiquei surpresa com tantas visitas. Particulamente, eu odeio visitas.
O admirável é que apesar de todos eles serem diferentes em certas características são praticamente iguais em outras. Todos amam pastel de frango, todos odeiam pizza.
Sentar comigo em uma mesa Redonda me dar medo, olhar para todos os meus reflexos, é uma confusão constante.
Eu que nunca fui nada, fui eu."
