12- Explicações

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#Kaike

Aquilo era um sinal, se não fosse porque ele teria me beijado ? Será que ele sentia algo por mim ? Ou de repente ele só quer brincar comigo. Me livrei de todos esses pensamentos e fui me arrumar pra escola. Último dia de aula por um tempo. Era bom não ter que fazer nada durante duas semanas, sem obrigação de acordar cedo. Isso é um alívio.

Depois de arrumado, desci e o meu pai estava tomando café e vendo algum jornal na televisão.

-Bom dia. –Soei o mais educado possível, mas eu não queria falar com ele. Falei por obrigação.

-Bom ? Só se for pra você !- Ele paticamente cuspiu as palavras e fui em direção a cozinha beber algo, estava chegando nela quando sinto uma mão segurar a parte de trás da minha cabeça e jogá-la contra a parede. Tudo oque eu senti foi dor, a sala agora girava e eu viu meu pai na minha frente.

-Eu acho muito bom você parar de usar aquela porra de computador ouviu ? Olhe a conta de luz como esta ! Não sou piranha que nem você que ganho dinheiro na zona. Se a conta vier desse jeito novamente eu mato você. Vai ser menos um encosto na minha vida ! – E então ele saiu de perto de mim, pegou sua bolsa e bateu a porta com força.

Tudo oque senti na hora foi dor, a dor de minha cabeça que sangrava nesse exato momento e a dor que eu sempre sentia toda a vez que isso acontecia. Meu próprio pai me espancava e me chamava de "puta" unicamente pela minha condição sexual. Aquilo me matava por dentro. Sentei no chão, me encostei na parede e fiquei ali, chorando, deixando que a dor tomasse conta de vez pra que talvez depois ela fosse embora.

Não que ele fosse obrigado a me aceitar, mas eu queria carinho, queria afeto, queria que ele fosse um pai de vez em quando. Me levasse pra sair, ir num cinema ou simplesmente conversar. Não vou por um short curto, um salto e dar pro primeiro que passar, esse ainda sou eu. O Kaike de sempre, queria que ele percebesse isso.

Quando olhei a hora, percebi que havia ficado tempo demais ali, eram exatamente sete e cinquenta da manhã. Eu tinha perdido até o segundo tempo de aula. Fui ao banheiro, fiz o melhor curativo que pude e parti para escola, ao chegar fui encaminhado para direção e expliquei o motivo de atraso a diretora Márcia, uma senhora muito simpática e gentil de longos cabelos negros e olhos de mesma cor.

-Meu filho, quer que eu faça algo a respeito ? Você não pode continuar nessas condições. – Ela soava preocupada e gentil. Tentei amenizar a situação, até porque, se ela fizesse algo, eu levaria surra pior ao chegar em casa.

-Não está tudo bem, ele só esta em um dia ruim. Ele vai se desculpar quando chegar em casa mais tarde. – Meu pai se desculpando ? Só se fosse pedir desculpas por não me xingar.

-Ok querido, mas estou de olho. – ela afirmou séria e me levou até a sala.

Quando entrei, todos os olhares estava em mim, nossa como isso é irritante.

Um: Eu havia chegado atrasado, oque realmente faria como se todo mundo olhasse pra mim, tipo a Beyoncé quando chega nos shows, só faltaram os fogos e o elevador.

Dois: Havia uma gaze enorme – repito – enorme na minha cabeça. Era como um neon dizendo "Ei olha pra minha testa". Aquilo realmente era insuportável pra alguém que não gosta de chamar atenção assim como eu. Porém a reação de uma pessoa na sala me surpreendeu.

Miguel estava com os olhos arregalados em puro espanto. Mesmo me sentindo tão bem com ele não ia contar isso pra ele, não agora. Seu rosto de assustado foi a raivoso e sua pele de morena ficou completamente vermelha, e depois roxa. Ele olhava para o Gabriel como se o próprio tivesse matado a sua mãe. Pronto, agora eu teria que explicar oque houve, se não era possível o Miguel bater no Gabriel (Oque não seria má ideia, porém depois, sobraria pra mim ).

Forget ForeverOnde histórias criam vida. Descubra agora